Um Demônio para um Supremo

...a partir de agora...

Grã-Bretanha,

 Madson Schneider

  Sentada sobre as sombras de uma árvore, observei a movimentação da alcateia. Já haviam se passado meses desde o casamento de Safira, e as coisas finalmente haviam voltado ao normal.

  Os guardas não haviam parado com as rotinas de patrulhamento, e não imaginei que parariam. Connor e seus seguidores só conseguiram ir tão longe porque todos nós estávamos com a guarda baixa.

  Depois do casamento, as coisas ficaram bastante corridas, mas nós conseguimos resolver todos os problemas bem rápido. Tom havia ensinado todos os líderes, que podiam usar magia, como desfazer os símbolos, e não demorou para que todas aquelas pessoas voltassem ao normal.

  E eu não sei oque foi feito de Connor, mas Mathew me contou que Tom havia se voluntariado para lidar com ele, imagino que ele tenha colocado em prática oque escreveu na carta. Já Arthur, ele havia sido levado em cativeiro até o país de Tom, ele também disse que cuidaria dele, e como o rei dos humanos havia quebrado o Tratado, a coroa foi tirada de suas mãos, ele não tinha filhos, por isso o conselho dos humanos estava discutindo quem seria o novo rei.

  Safira havia conversado com seus pais, e eles haviam chegado a conclusão de que ele poderia ser coroada sem o casamento. Imagino que a decisão tenha sido mais fácil para os pais de Safira, já que eles haviam criado aquela lei idiota de apenas ser coroada após o casamento, porque já estavam sobre os efeitos do símbolo de Connor.

  Tom e Safira estavam bem. Assim que nos juntamos para aprender a desfazer o símbolo, foi quase impossível não notar seus sorrisos e toques constantes, eu estava contente por eles. Mathew havia me dito que Safira sempre fora apaixonada por Tom e eu havia percebido que Tom sentia algo por ela assim que ele me chamou para conversar sobre a relação dos dois.

  Mathew estava bem também, mesmo depois de ser repreendido por mim por longos minutos por ter sido tão descuidado e ter tomado veneno, ele me disse que não sentia mais nada e que estava bem como nunca, acreditei nele, por mais que ele tenha ficado fora por muito tempo, deixando seu lobo tomar conta de seu corpo.

  E o lobo de Mathew era...ele era alguma coisa. Enquanto estávamos no casamento, eu pude observá-lo, seu corpo parado como a morte e seu rosto representava uma calma mortal. Sua voz era gutural e causou arrepios por toda minha pele. E quando as coisas se acalmaram, quando tudo já havia acabado e Mathew ainda estava em algum lugar dentro de sua própria mente, eu recebi toda a atenção do lobo, e tentei não me sentir intimidada quando aqueles olhos vermelhos se encontraram com os meus. Mas para o meu eterno choque, o lobo de Mathew não poderia ter sido mais gentil e atencioso comigo.

  Suas mãos permaneceram em mim todo o tempo, e ele me perguntava de cinco em cinco minutos se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa, ele respondia as perguntas que eu fazia mas o seu vocabulário não se estendia a mais que isso, percebi que ele não gostava de falar. Percebi também que toda sua gentiliza era direcionada apenas a mim, pois assim que alguém se aproximava sua expressão se tornava mais séria e ele sequer abria a boca.

  Notei também que ele não havia se transformado nesta batalha, fiz uma nota mental de perguntar o porquê a ele depois. John havia se transformado e havia sido ferido na perna direita, o corte era enorme em sua forma de lobo, mas quando ele voltou a ser humano o corte diminuiu consideravelmente, tornando mais fácil de tratar, e agora ele mal se lembrava de que havia sido ferido.

  Mas as coisas nem sempre podiam dar certo. Logo depois do batalha, enquanto John e Tom eram tratados, Safira me chamou para conversar e pelas suas expressões sérias eu já imaginava oque podia ser. Ela me disse que havia, novamente, sentido aquela mesma presença destruidora que sentiu no primeiro ataque a Porto Real, e eu entendi oque ela quis dizer antes mesmo dela terminar de falar, pois eu também havia sentido. Aquele mesma presença que parecia prestes a roubar todo o ar do mundo, que crescia nas sombras, preparada para usurpar nossas vidas em um estalo.