...é tudo para mim...

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Cidade Branca.

 Madson Schneider

  Em um lugar muito distante, eu podia ouvir meu nome ser chamado, mas estava tão longe e o escuro era tão acolhedor, e antes que eu pudesse me afundar nessa escuridão, algo frio tocou minhas bochechas, algo muito frio.

  Abri meus olhos quando a sensação fria começou a percorrer o restante do meu rosto, levantei-me abruptamente apenas para me deparar com uma cabeleira ruiva na minha frente cobrindo o rosto com a mão.

  -Emma, o que diabos você está fazendo?

  Perguntei para a garota na minha frente, ela retirou as mãos do rosto e tentou conter o riso enquanto me olhava.

  -Espalhando neve pelo seu rosto para te acordar?

  Não contive uma careta, e sem querer continuar a conversa, peguei meus lençóis e cobri todo o meu corpo, inclusive a cabeça, em uma tentativa de voltar a dormir.

  -Madson, acorde ou a próxima coisa que eu jogarei em você será um balde cheio de água.

  Grunhi em baixo dos lençóis, por que diabos ela queria tanto que eu levantasse? Era final de semana e eu não tinha nenhuma tarefa pendente para hoje de manhã.

  -Vai mesmo passar a manhã do seu aniversário embaixo destas cobertas?

  -Aniversário?

  Não podia ser, meu aniversário era só na próxima semana, mas essas foram as mesmas palavras que eu disse na semana anterior...droga.

  -Levante-se, está finalmente nevando, nós poderíamos construir um forte, ou montar um boneco de neve. Tive uma ideia, poderíamos pedir o carrinho do Sam emprestado e escorregar na neve com ele.

  Emma começou a falar, mas eu não deixaria o conforto da minha cama para ir para o lado de fora, no frio.

  -Madson, você acaba de fazer dezesseis anos, não é possível que você já não tenha animação para brincar na neve.

  -Eu tenho animação Emma, mas quem sabe no período da tarde, deixe-me dormir mais um pouco.

  Ouvi Emma suspirar e sair do quarto, finalmente eu poderia voltar a dormir, alguns minutos depois escutei passos vindo na direção do quarto, escutei algo ser apoiado no chão com certa força e depois ser erguido novamente, não podia ser, ela não teria coragem de fazer algo assim comi...

  Antes que eu pudesse terminar meus próprios pensamentos, senti todo o meu corpo congelar, em um pulo eu sai da cama. Olhei para baixo e encontrei meu corpo encharcado, pingos de água caiam e manchavam o piso de madeira do quarto, ergui meu olhar para Emma, e a garota estava com um olhar de desafio e satisfação e um balde totalmente vazio nas mãos.

  -Você perdeu a cabeça? Emma eu estou congelando, você percebeu que está nevando lá fora e que a lareira está apagada?

  A garota apenas concordou e me olhou com um olhar que dizia exatamente "eu lhe avisei".

  -O senhor Santiago está te esperando na cozinha, vista suas roupas quentes, nós vamos sair para brincar na neve.

  Emma disse e não fiz questão de responder, eu a adoro, mas ela perturbou meu sono e ninguém perturba meu sono. Eu retirei os lençóis molhados da cama exclamando um xingamento, com o clima dos últimos dias os lençóis demorariam muito para secar. Sem muito escolha eu retirei as roupas molhadas, com certa dificuldade já que todo meu corpo tremia, e coloquei minhas roupas de inverno.

  Desci as escadas o mais rápido que consegui sem precisar correr, tudo oque eu queria era esquentar água e beber um bom chá para me esquentar. Quando eu alcancei a cozinha, meus passos travaram em surpresa, o senhor Santiago, a Emma, e as outras crianças estavam de um lado da mesa, um pequeno bolo com uma vela estava sendo segurado por Emma, que se aproximava sorridente de mim, percebi que lágrimas ameaçaram cair dos meus olhos enquanto eu olhava para cada um naquela cozinha, minha família.

Um Demônio para um SupremoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora