...não precisarei de nada disso...

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Porto Real.

 Madson Schneider

  Nada, nada havia mudado, as pessoas que eu amava, nenhuma delas estava de volta, mas a dor e vazio continuavam.

  Eu não conseguia desviar o olhar do corpo na minha frente, nada havia mudado. Matá-lo não mudou nada, matá-lo não deixou as coisas mais fáceis, matá-lo não me fez sentir melhor e talvez seja porque eu saiba que eu também sou culpada pela morte de todas aquelas pessoas, não consegui me impedir de cair de joelhos, ainda doía, doía de mais, e a culpa também era minha.

  Escutei passos e percebi que os líderes que estavam presentes haviam começado a se mover, e então notei o lobo do Mathew ao meu lado, também encarando o corpo, seus pelos eram pretos e eu tive que conter minha vontade de acariciá-los, também podia ver seus olhos extremamente vermelhos e inexpressivos.

  Ele deve ter percebido que eu o encarava pois seus olhos se encontraram com os meus, senti uma onda de arrepios percorrer meu corpo, ele me encarava como se pudesse ver minha alma, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele virou de costas e começou a caminhar em direção a floresta.

  Voltei meus olhos para o corpo novamente, o Avignon não seria capaz de tirar mais ninguém da minha vida, isso havia mudado.

  Senti uma mão no meu ombro e eu quase não havia percebido a presença da pessoa ao meu lado, desviei o olhar do corpo apenas para ver Tom, ele não disse nada, apenas ficou ali, com a mão no meu ombro encarando o Avignon.

  Depois de vários minutos, Tom se afastou de mim, e eu não havia percebido o quanto sua presença havia trago um certo conforto para mim até que eu a perdesse.

  -Eu não sei oque ele te fez, mas por todas as divindades desse mundo, eu espero nunca ser considerado seu inimigo.

  Ele disse com um sorriso no rosto, mas eu podia ver preocupação nos seus olhos.

  -Ele não teria se transformado se não tivesse certeza de que não iria matar todas as pessoas da cidade.

  Eu disse e o sorriso do Tom desapareceu.

  -Eu sei, é que já faz tanto tempo, e ele parecia genuinamente furioso com o Avignon. Você deveria ir atrás dele, já que você é a única que ele não ousaria estraçalhar no momento.

  Os olhos do Tom aparentavam cada vez mais preocupação enquanto ele falava.

  -Eu não irei atrás dele, não agora, o lobo dele ficou preso por duas décadas, ele precisa de um momento sozinho para aproveitar a liberdade. Não se preocupe, ele não vai machucar ninguém.

  -Você tem razão.

  Ele disse por fim, e a preocupação nos seus olhos desapareceu completamente quando ele olhou para outra direção, não por alívio por conta da certeza em minhas palavras, mas sim porque foram totalmente preenchidos por algo que eu nunca havia visto, segui seu olhar e desejei saber mais do que nunca oque ele estava sentindo, pois seu olhar estava totalmente direcionado para a Safira.

  Ela estava andando em direção aos filhos do Avignon, observei os dois adolescentes e eles pareciam perdidos, aliviados e tristes, eu podia entender um pouco oque eles estavam sentindo, mas eu precisava fazer aquilo, eu precisava ter certeza de que o Avignon jamais interferiria na minha vida novamente, eu precisava vingar minha família.

  Safira apoiou uma mão nas costas de cada um dos adolescentes e os tirou dali, ao menos eles não teriam que ver o corpo do pai por mais tempo, eu me levantei e olhei ao redor, alguns líderes estavam aos poucos mandando os humanos para casa, enquanto os outros seguravam alguns vampiros que tentavam vir para o palco, provavelmente querendo vingar a morte do seu querido líder.

Um Demônio para um SupremoWhere stories live. Discover now