28. A Honra da Obediência [Ryota]

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O barulho do cotidiano se restabelecendo na praça serviu como um refúgio a Ryota

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O barulho do cotidiano se restabelecendo na praça serviu como um refúgio a Ryota. O Kerai cruzava a sala de um lado ao outro sem quebrar o silêncio desde que voltara da longa conversa que tivera com o prisioneiro de preto.

Os dois aguardavam notícias de Yuro, que liderava os soldados numa busca por pistas sobre o paradeiro do viajante desaparecido na emboscada. Para Ryota, era bem provável que ele tivesse fugido durante o ataque e procurado algum lugar seguro para se esconder. A guilda ter se desestabilizado após o grave ferimento de seu líder era a única forma de justificar a perda do alvo e o fato deles terem ficado tanto tempo expostos na região do ataque.

Mais intrigante era a presença da senhora e sua caixa de roupas. Assim como a boa qualidade dos equipamentos dos guardas que acompanhavam a viagem, as vestes carregadas pela possível criada, em sua maioria peças para uma jovem mulher, também eram de um raro requinte, e contribuíam para a óbvia conclusão de que o viajante descendia de uma das famílias mais destacadas de Shiba. Isso tornava o caso ainda mais delicado e trazia a Ryota a preocupação de quanto Uruma ainda sofreria por conta dele.

– O que você descobriu? – o Kerai enfim voltou a falar. Sua voz saiu embargada. Estava sem forças e aparentava fragilidade sem seus cuidados diários e suas vestes de luxo. As rugas, ainda mais acentuadas, emolduravam as olheiras de cansaço.

– Se trata de uma guilda bem preparada. Eram guerreiros caros. Imagino que tenha sido bastante dispendioso para o empregador. – Sua suposição fez o Kerai encará-lo com curiosidade. – Fracassaram por uma fatalidade.

O Kerai voltou a ficar em silêncio. Não seria fisgado por sua isca, entregando o jogo político que envolvia a emboscada. Estava claro que havia interesses diplomáticos que extrapolavam os limites ordinários do governo de Uruma e que o Kerai não estava disposto a revelá-los a um mero samurai.

– Ordenei que Yuro organizasse um grupo de busca para varrer a floresta de ponta a ponta – prosseguiu Ryota. – Acredito que seja possível que o nosso hóspede tenha fugido durante a emboscada.

O Kerai pareceu não concordar. Caminhou até a porta, esticou o pescoço para fora da sala e conferiu se alguém estava por perto.

– Quero que descubra o quanto seus soldados sabem sobre o ocorrido. – Voltou, enfim sentando-se à mesa. – Essa situação não pode sair daqui. De maneira alguma. E espero que você tome as medidas necessárias para que ela não saia daqui. Faça o que for preciso – concluiu, encarando Ryota.

– Senhor, alguns soldados que participaram da captura dos criminosos foram determinantes para o nosso sucesso – tentou ponderar, sendo interrompido pelo espalmar da mesa do Kerai.

– Não me interessa! Se alguém pensar em falar sobre o ocorrido, eu quero que o mate!

O samurai foi pego de surpresa. Não esperava tal reação. Mas continuou firme, com olhos frisados nos do kerai, sem fraquejar.

O Dragão de UrumaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora