Enunciado III

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 Uma semana se passou desde os últimos acontecimentos com "O grande farsante", apelido que a imprensa deu ao Olivier, foi descoberto que ele era esquizofrênico e tinha delírios, segundo ele uma voz falava que ele tinha poderes e que seu dever era exterminar o mal que se estabeleceu por aqui. — Não acreditei muito nessa história. É fácil depois de tudo alegar insanidade mental.

O meu saldo dessa aventura foi ficar de cama por duas semanas, passei três dias no hospital e não é nada agradável.

Ainda estou na primeira semana ainda, graças ao meu ombro deslocado e uma pequena cirurgia para retirar estilhaços da arma que ainda estava no meu ombro. Odeio ficar sem nada para fazer e parado dessa maneira. Sienna disse que é bom para colocar a cabeça em ordem, alinhar os pensamentos. Como eu precisasse. Certo que pensei bem e a culpa disso foi de Michaella, eu e a minha terrível mania de lhe conceder desejos.

Ainda tenho lembranças de Michaella voando pela janela e aquilo me assustou. Pela primeira vez em minha vida eu tive medo de perder alguém. Não sei como eu estaria se ela estivesse morta. Não consigo me imaginar sem ela.

Sienna disse que foi um milagre e organizou uma missa para Michaella em agradecimento, não pude ir, mas Michaella me contou os detalhes.

Não nego, foi um milagre ela estar viva.

Não imagino um mundo sem Michaella e dói a pensar.

Afundei a minha cabeça no travesseiro. Estou entediado.

— Acordou. — Michaella chegou no quarto, ela virou uma espécie de enfermeira esses dias e contra a minha vontade. — Entediado? — ela me perguntou.

— O que acha?

— Que tal vermos algum filme ou uma série na Netflix?

— Não. — digo.

— Seu chato. — ela aproximou-se de mim para ajeitar o meu travesseiro que está um pouco torto. — A Monica chegou hoje do hospital, ela está bem.

— Se eu fosse ela ficaria um pouco mais.

— Por quê?

— Para fugir de suas aulas. São tediosas, como o francês. Afinal, por que aprender francês?

— É uma língua bonita e falada em vários países da Europa. — ela fala.

Ver Michaella voando para fora do prédio me fez pensar em várias coisas, Sienna estava certa, até que ficar nessa situação não é tão ruim, é bom para refletir. E eu fiz. Nossas vidas são muito curtas para continuar negando motivos e atrações. Ver Michaella indo embora daquela maneira me fez pensar se ela tivesse ido eu iria viver arrependido pelas coisas que não disse e não fiz com ela. Pelas oportunidades perdidas, mas ela não se foi e está na minha frente.

Michaella é dolorosamente bonita e isso me envergonha, já que eu não consigo olhar para outro lugar além de seus belos olhos verdes. Eu sempre vivi do modo que quis e alheio a sentimentos, tentei ignorar os sentimentos dela, tentei fugir dessas loucuras, mas elas me encontraram. Paixão é uma loucura, um sentimento desenfreado.

Não tenho porque negar minhas vontades, já que a vida é curta.

— Hn, Michaella... — seus olhos fitam os meus. — Eu não sei o que quero dizer. — pauso. Tento achar as palavras.

— O que quer dizer? — ela me pergunta.

É complicado para mim falar dos meus sentimentos. Foi complicado para mim descobrir que eu tenho esses sentimentos.

— Eu não sei como dizer, honestamente não sei. — ela me olha preocupada. — Mas, eu sei o que eu quero fazer.

— O que você fazer? — ela ergueu sua sobrancelha como uma interrogação.

Love in the Dark (Concluída)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant