Marcas III

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Dois meses depois

Corre!

Corre estou atrasada novamente, esse estágio no hospital com certeza irá tirar todo o resto de sanidade que ainda existe em mim.

— Bom dia menina, Café? — a Sienna como sempre continua tão gentil comigo e nesses dois meses me sinto até mais próxima dela e digamos, que ela representa quase uma figura materna. Ela me protege do Andrew.

— Só quero esse pão aqui. — falo tentando equilibrar o meu notebook em um lado do braço, enquanto pego o pão.

— E como vai o neurocirurgião? Deixa me lembrar o nome dele, é Henry. — ela perguntou com um sorrisinho de lado, nada discreta.

— Dois meses e nada, cara esse neurocirurgião pode saber operar um cérebro, mas não sabe como chamar uma mulher para sair. — fala o Nathan de deboche, o Andrew está ao lado, mas não fala nada. Tão habitual.

Nesses dois meses, acabei encontrando o Henry, ele me dá um certo apoio no hospital e me ensina tudo o que preciso saber, mas notei um certo interesse dele em mim e como sei que com o meu malvado favorito, sou apenas o objeto sexual dele, resolvi ceder às investidas lentas do Henry.

Ele é do tipo "fofo" e 'lerdo" palavras da Evelyn. Sempre trocamos mensagens e ele tem um bom assunto, mas ... Devo concordar, é lerdo. Eu não posso ficar presa a sentimentos não correspondidos, eu tenho que viver a minha vida de algum modo.

— Acho que ele não está tão na minha sabe. — faço uma careta e vou mastigando o pão.

— Um homem que lhe traz em casa todos os dias e lhe deu aquela bela rosa semana passada, se ele não está na sua, menina...— ela diz sarcasticamente.

— Bem, eu vou indo, tchau amores. — falo e vou em direção a porta, preciso correr para não me atrasar. O tempo em Londres resolveu colaborar, a primavera está chegando e devo dizer que o frio vai se dissipando aos poucos e os jardins aos poucos vão ganhando uma tonalidade florida e logo os agasalhos de invernos vão perdendo o espaço para roupas despojadas com estampas das mais variadas. Chego no hospital, um pouco atrasada. Como sempre.

— O que andou fazendo de madrugada? Chegou atrasada novamente. — Henry se aproxima, ele sempre mantém esse sorriso espontâneo no rosto, é muito contagiante a essa hora da manhã.

— Que nada, apenas dormi mal. — eu não vou dizer que o meu colega de quarto quase que me deixou desacordada.

— Pronta para mais um dia? Ah, viu a mensagem que te mandei?

— Nem vi, nem ativei os dados móveis do celular ainda. Muito cedo para estar conectada. — sorrio.

— Bem, então eu te digo, — ele ficou embaraçado e um pouco corado. — Hoje á noite, poderíamos sair? Sabe um local bacana. — ele coloca a mão no bolso do jaleco e olha para os lados tentando disfarçar o sorriso.

— Podemos sim. — ele colocou a mão ao peito, parece aliviado. — Alguém andou assistindo muito o Chaplin — sorrio.

— Sou fã, peguei os trejeitos dele. Admito. — Te espero hoje às oito horas na sua casa. Irei te buscar, problemas? — nego com a cabeça. — Vai ser divertido, agora eu tenho que ir, tem uma aneurisma me esperando.

—Tchau. — mais um dia no University Hospital e não sinto a menor vontade de começar. Eu não nasci para ser médica.

[...]

Meu dia horrendo termina, perdi o meu segundo paciente em dois meses. Tinha vontade de ser médica, mas desde que entrei aqui, sinto que tudo mudou, não me vejo mais salvando vidas e tudo se tornou tão apático como um domingo de feriado chuvoso. Estou farta desse lugar.

Love in the Dark (Concluída)Where stories live. Discover now