– Existem muitas maneiras de estar perto, não acha? – perguntou, seu semblante possuindo um ar sugestivo. Jimin encarou a lateral do rosto dele, observando sua bochecha levemente esticada num sorriso frouxo.

– Muitas maneiras? – O menino balbuciou incerto.

– Sim. – seu olhar se fixou no alheio e uma ponta de faísca se acendeu nas bochechas de Jimin, as esquentando. – Como um telefonema, por exemplo.

Por um motivo não aparente, uma respiração aliviada se partiu nos lábios de Jimin. Às vezes, acidentalmente, alguns pensamentos cruzavam sua mente nos mais estranhos momentos. Ele não entendia o porquê, mas toda vez que se sentia observado por aquele par de olhos negros, sua pele se arrepiava agradavelmente.

Uma poderosa força o fez esquivar-se das vistas para as próprias mãos e sua cabeça sacudiu para cima e para baixo. Ele não estava errado, existiam formas diferentes de se sentir perto de alguém, mas nenhuma delas se assemelhavam a estar presencialmente próximo.

– O que o senhor faz para se sentir mais perto de alguém quando não está com ela? – ele perguntou, sem ao menos perceber que aquela simples interrogação provocou uma sequência de recordações no detetive.

Ele tossiu para disfarçar a sua própria lembrança e afundou o pé no acelerador. Houve uma resistência da sua parte para não soltar um: "eu penso em você". Diante disso, ele projetou uma resposta mais direta e menos particular.

– Eu costumo pensar nela.

Jimin levantou suas sobrancelhas e espremeu os lábios. Ele fazia o mesmo com Hannah e Taehyung, mas quase nunca deu certo. Sua dor parecia se alargar conforme continuava a reviver todos os momentos com eles.

– Não falta muito tempo agora, estamos quase chegando. – anunciou Jungkook quando verificou o GPS, mudando o assunto a seu favor.

Jimin se contorceu no banco, as batidas do seu coração ficaram erráticas. Ele sabia que estava protegido com Jungkook, mas o medo em seu peito não murchava de modo algum. Ter esse lembrete em mente não o confortou muito bem, visto que o tempo lá fora estava sinistro.

– O senhor acha que vai demorar? – Seu queixo tremeu levemente, então ele preferiu acreditar que era pelo frio.

– Acredito que será rápido. – O detetive observou de esguelha as mãos dele esfregando a calça, nervoso. Então, subitamente ele buscou confortá-lo. – Estou feliz que tenha decidido voltar para o prédio. É melhor para nós dois.

– Seu chefe não vai brigar? – Jungkook sorriu para ele e girou o volante para a esquerda, penetrando o SUV numa esquina com arranha-céus.

– Ele não pode ser contra a sua decisão.

O tráfego estava vazio, densas neves se acumulavam no acostamento e estradas. As luzes de alguns lugares estavam apagadas por conta do temporal que parecia enviar alertas de que estava se aproximando.

Uma nuvem de recordações ondulou entre as beiradas da memória do menino, trazendo à superfície os acontecimentos recentes que envolveram ele, Jungkook e a biblioteca. Não havia parado para pensar o que tudo aquilo significava, talvez não existisse uma acepção concreta, mas, parando para ponderar, ele só desejava que tudo se repetisse novamente.

De repente, uma lembrança mergulhou em sua cabeça. Jimin recapitulou o momento que saiu da biblioteca e seguiu para o quarto, onde percebeu, em meio ao seu trajeto, que havia alguém diferente no prédio. Uma mulher.

Ele não a conhecia, nunca a viu na vida, entretanto, o que havia prendido sua atenção estava ligado à aparência dela. A moça estava ferida, com hematomas no rosto e braços, como se tivesse passado por uma briga de bar. Durante a sua curiosidade indiscreta, ele sentiu que ela também foi vítima da máfia, embora nunca a tivesse visto nos corredores das celas.

dangerous || 1ª TEMPORADAحيث تعيش القصص. اكتشف الآن