⍟ thirty five

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O interior da casa fagulhava com a luz da chaminé palpitando entre a lacuna de tijolos. Ao redor, a escuridão velava quaisquer móveis que estivessem a mais de dois metros de distância. O som sombrio da tempestade estava presente desde longas horas e, provavelmente, duraria o resto da madrugada.

Jungkook estava com seu notebook acima das pernas. Ele se concentrava melhor quando escutava as gotas da chuva se agitando sobre a grama e a estrada. Uma xícara de café posicionava-se na pequena mesa de centro — alimentando sua terrível insônia — e um cobertor espesso estava embrulhando da sua cintura para baixo, juntamente com o ninho de travesseiros em suas costas.

Jimin tinha ido dormir depois de muita insistência de Jungkook para que descansasse, mesmo que no fundo estivesse tremendamente receoso. Seokjin tinha feito o mesmo, na verdade, fora o primeiro a ir se deitar no seu luxuoso aposento. E lá estava Jungkook, de mãos atadas com o silêncio e sozinho naquele enorme espaço friamente pacato.

Na tela do seu aparelho refletia a imagem de Seokjin e todas as informações que diziam respeito ao mesmo. Sob o murmúrio das lascas se derretendo pelo fogo, o detetive as estudou com muita cautela, recolhendo cada dado atenciosamente. Já havia um tempo que desconfiava de Seokjin e ele reconhecia que tinha falhado em não colocar as mãos na massa e investigar por conta própria sobre a verdadeira face de seu chefe.

Rose o havia intrigado, deixando-o atiçado por uma curiosidade absurda quando afirmou que o líder sabia muito sobre Seokjin. Jungkook guardava seu nome, mas não tinha sequer parado para averiguar a relação entre os dois. Entretanto, o momento não o favorecia, ele precisava de privacidade para investigar a respeito e essa, com certeza, não estava dentro da residência de seu chefe.

No entanto, aparentemente, estava decidido a trabalhar nisto, visto que se encontrava suficientemente desperto para encarar as notas com moderação. A garganta de Jungkook se fechou de repente. Havia milhares de informações sobre seu chefe, mas nada fora do comum. Não passava apenas de conjecturas sem fundamento.

Ele olhou as horas em seu celular. Já passava das duas da manhã e nenhum resultado positivo deu-se em sua busca. Havia algumas ligações perdidas de Yoongi, as quais fizeram Jungkook, rapidamente, suspirar e desligar a tela do aparelho. Ele arremessou-o para o canto e procurou seus fones por baixo dos lençóis, logo localizando-os nos ouvidos.

Muito lentamente, Jungkook massageou sua nuca e esticou os músculos do pescoço para cada lado, sentindo a exaustão pouco a pouco se espalhar por seu corpo. Um áudio estava pausado na tela do computador e ele acabou olhando para todas as direções antes de apertar o play.

Como dormiu, detetive? – A voz tenebrosa rangeu em seus fones.

Ele já tinha repetido o áudio pela terceira vez, sua audição se apressando em absorver cada palavra sob o ruído metálico.

– Melhor do que esperava. E você?

De um jeito relaxado. – A voz robótica chiou, rosnando de desprezo. – Embora os gritos horripilantes da menina estivessem aos pés dos meus ouvidos o tempo todo. Mas nada que uma música lenta e um vinho branco não resolvesse.

Vinho branco. Essas duas palavras deixaram Jungkook imensamente intrigado, roendo seus neurônios, a fim de uma definição. Isso tinha um esclarecimento, cuja resposta ainda permanecia mascarada.

Ele esfregou os olhos e rebobinou o áudio mais uma vez, iniciando-o novamente. O sono pesava suas pálpebras e o fazia bocejar por vezes, mas nada barrava sua determinação em encontrar respostas.

Como esperado, nada chamava mais sua atenção do que o vinho branco. Eles eram espertos, o suficiente para provocar cogitações e levantar uma parede de insinuações. Jungkook precisava ser mais consulente se quisesse achar o que procurava.

dangerous || 1ª TEMPORADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora