Capítulo 36 - Suporte

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Quem abriu a porta foi Hashirama, com uma expressão preocupada e uma curiosidade palpável ao ver Neji ali. Sabia que, por mais que tivesse limpado o rosto e esperado alguns minutos antes de tocar a campainha, Hashirama via as provas do choro e se sentiu extremamente aliviado por ele não lhe perguntar nada e apenas lhe dar passagem.

Mito estava na sala, e o barulho de talheres e utensílios indicava que Madara na cozinha.

— Boa noite — falou, e Madara se apoiou no pequeno balcão que dividia a cozinha da sala de jantar para encará-lo.

— Você me ligou apavorado e me pediu para ir com urgência buscar o Sasuke. Eu devo ou não me preocupar com isso? — Madara perguntou, direto, e Neji sabia que pelo tom de voz ele devia ter discutido com Sasuke no caminho pra casa.

O que responderia? Era óbvio que Madara precisava saber, mas não era ele quem tinha que contar, não era seu direito. Além disso, não sabia o que Madara seria capaz de fazer ao saber daquilo... sua mente apontava diversas hipóteses, nenhuma delas com um resultado muito bom... Madara era uma bomba destrutiva, cujo detonador era e sempre seria o sofrimento de Sasuke. A discussão dele com Orochimaru após assistir uma única aula ainda estava gravada em sua mente, Madara tinha gritado com o professor, defendido Sasuke por achar que a companhia cobrava muito além dos limites de um aluno. Sua família nunca tinha feito isso, aliás, sua família concordava que uma disciplina rígida e uma rotina pesada eram a receita para ser um bailarino de sucesso. Nunca que eles enfrentariam um professor como Madara havia feito por Sasuke. Contar o que Orochimaru havia feito a Sasuke seria puxar o detonador da granada sem saber quão grande seria seu raio de destruição nem quem seria atingido.

— Não — mentiu, firme, mas o suspiro de Mito ao se levantar e então tocar o seu ombro deixava claro que os três sabiam que ele estava mentindo.

— Ele está no quarto. Sinta-se em casa, querido.

— Vou preparar um suco para vocês — Hashirama disse e entrou na cozinha. — Laranja sem açúcar e gelo?

— Obrigado — respondeu e não conseguiu sustentar o olhar de Madara. Aquela era sua família também, sentia-se mal por mentir sobre algo tão importante, e era grato por Mito e Hashirama tentarem ajudá-lo. — Não se preocupe agora — falou ao desistir de ir até o quarto de Sasuke e parar no meio do caminho. Se não podia falar tudo, pelo menos acalmaria um pouco Madara — Foi um mal entendido...

— Com o pianista? — Madara estreitou o olhar.

— Sim... — assentiu e não estava mentindo, Sasuke acreditar que Naruto estava no mesmo barco que Orochimaru era um mal entendido que Neji tentaria esclarecer. — Eu vou resolver isso... não se preocupe.

Madara soltou o ar e massageou as têmporas.

— Ele está de péssimo humor — Madara avisou, e Mito riu atrás.

— Olha quem fala...

— Eu estou de mal humor porque aquele pirralho me deixou de mal humor — Madara se defendeu. — Tava tudo bem até ele entrar no carro e começar a discutir comigo não sei até agora o motivo. Eu só perguntei o que tinha acontecido, e ele surtou, não entendi uma palavra do que ele falou! E ainda bateu a porta do quarto! Aquele pirralho bateu a porta do quarto, Mito! Na minha cara!

Neji sorriu de leve com a risada de Mito enquanto Hashimara abraçava Madara. Seguiu pelo corredor até a porta do quarto de Sasuke e respirou fundo. Por um momento, percebeu que sua mente estava em branco, que não conseguia dizer ao certo o que pensava ou sentia, mas que, ainda assim, sua mão tremia ao tocar a maçaneta. Odiou-se por isso, por deixar visível o quanto estava abalado quando não tinha também esse direito, não quando Sasuke estava do outro lado da porta, quando era o amigo que precisava de suporte, o mesmo suporte que ele não tinha conseguido lhe dar por ter sido cego demais naqueles anos todos.

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