Capítulo 4 - Gaara

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Último capítulo de introdução dos personagens ;)


Acordar cedo no domingo era um castigo, só podia ser. Gaara resmungou, apertou o travesseiro e colocou-o sobre a cabeça enquanto ouvia o estridente toque do celular. De olhos abertos, permaneceu no escuro até que a vista se acostumasse, e ele se convencesse de que tinha que se levantar.

Afastou sem muita vontade o travesseiro e jogou o lençol longe. Sentou-se. Os pés sentiram o gelado do piso, as mãos apoiaram-se na cama, ao lado do corpo inclinado para frente. O ombro direito doía, ossos do ofício, o médico já o havia alertado para melhorar a postura e a forma como segurava a câmera. Girou o ombro e suspirou grato pela dor não estar como no dia anterior.

Era fotógrafo, formado há dois anos já, contudo, o que antes era hobbie havia começado há dez ou onze anos. O excesso de trabalho que havia assumido desde o estágio obrigatório na faculdade e os free lancers haviam sobrecarregado o ombro direito, uma bursite o incomodava pelo menos uma vez na semana ou sempre que trabalhava mais que devia. Era o preço a se pagar pelo que queria, tinha se desdobrado para juntar dinheiro naqueles anos para comprar o apartamento onde vivia e ainda nem tinha terminado de pagar por ele.

Felizmente, a empresa onde trabalhava atualmente pagava bem, muito bem, o único lado ruim era lidar com a agenda maluca que eles tinham, como, por exemplo, ensaio fotográfico logo no domingo, marcado em cima da hora.

O celular tocou de novo, um alarme para acabar com seu tempo de procrastinação. Levantou-se, bagunçou os cabelos ruivos enquanto bocejava e desfrutou do silêncio do apartamento. Há quatro meses, nada daquilo existia, morava com os irmãos, a irmã mais velha, Temari, estaria gritando com Kankurou, que apenas fingiria não ouvir enquanto desligava os despertadores e voltava para a cama. Ele estaria atrasado, e Temari o lembraria disso com um olhar acusatório, devidamente já vestida para esperar o parceiro com a viatura para irem ao trabalho.

Amava os irmãos mais velhos, era grato por Temari ter pago sua faculdade, nossa, só Deus sabia o quanto era grato por aquilo, mas três adultos num apartamento minúsculo, gritando toda manhã, brigando por cada pequena coisa... não, não dava mais.

Seu apartamento era pequeno, simples, um único quarto, numa localização nem tão boa, mas era seu, suas regras, seus horários. Paz, finalmente paz.

Colocou água para ferver, recostou-se na pia enquanto esperava e apertou os olhos. Xícara, sachê de chá matte, açúcar. Tomou o chá e só, odiava comer pela manhã. Quando terminou, olhou o celular, ignorou todas as redes sociais, apenas verificou as mensagens de Temari e então os e-mails.

Franziu o cenho quando o celular anunciou uma nova mensagem, Konan. Assustador saber que ela já até sabia a que horas devia mandar mensagens para não ser ignorada.

"Pain disse que tem uma surpresa para você hoje".

Revirou os olhos. Pain era um ótimo chefe, mas, às vezes, excêntrico demais, e isso fazia Gaara ficar um pouco apreensivo quando Konan lhe mandava aquele tipo de mensagem.

Caminhou até a pequena e quase inexistente varanda e regou as flores que Temari havia lhe dado quando se mudara. Removeu as pétalas secas e as enterrou na própria terra, mudou a posição dos vasos, o sol estava muito forte naqueles dias, as flores morreriam daquela forma.

Limpou as mãos e finalmente começou a se arrumar para o trabalho. Não possuía uniforme, mas lidar com modelos o obrigava a se vestir bem. Estranhou o sorriso de Konan quando chegou à agência, o barulho clássico do salto dela indicava que o seguia e não demorou até que ela entrasse consigo no camarim reservado para a equipe fotográfica. Espiou pelo o espelho o sorriso suave que ela ostentava e terminou de guardar sua carteira e as chaves do carro. Pendurou a câmera no pescoço e conferiu o horário no relógio caro de pulso, presente de uma das modelos, a mesma que tinha lhe recomendado a Pain para trabalhar ali.

Não pare a MúsicaWhere stories live. Discover now