Capítulo 2 - Naruto

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Cinco horas da manhã, Naruto apenas abriu preguiçosamente os olhos ao sentir o colchão mexer e viu Hinata caminhar até o banheiro de sua suíte. Voltou a dormir, sabia que Hinata iria tomar banho e deixar sua casa em seguida para então ir direto ao hospital onde trabalhava. A médica era uma amiga antiga, da época de quando ele tivera que internar a mãe, e o relacionamento deles havia terminado há cerca de quatro anos, de forma amigável, de modo que ainda preferiram manter certos encontros casuais, mesmo que já não houvesse amor entre os dois.

Sentiu a mão em seu cabelo e o beijo em seu rosto, não ouviu com precisão, mas provavelmente Hinata havia lhe desejado um bom dia ou o alertado para que não se atrasasse.

Voltou a dormir. O relógio só tocou às sete, e ele só se levantou sete e meia quando sentiu um peso a mais em suas costas e um latido ardido próximo ao ouvido. Sentou-se, puxando o cachorro e acariciando-lhe a barriga de forma energética.

— Bom dia para você, monstrinho — resmungou risonho antes de se levantar e se espreguiçar animado.

Abriu as cortinas do quarto e soltou um pequeno som de descontentamento ao ver a chuva fina do lado de fora. O estômago roncando alto o fez ir direto à cozinha, seguido pelos passos apressados do cachorro.

Kurama era um vira lata de cinco anos já, porte médio, pelos alaranjados, um pouco mais gordo do que deveria e agitado como se ainda fosse um filhote. O cachorro não o deixava dormir além das oito horas da manhã, era pontual com sua comida a ponto de destruir algum móvel da casa se Naruto não levantasse e enchesse seu pote de ração. Por isso, antes mesmo de ligar a cafeteira, Naruto serviu uma porção generosa de ração para Kurama e trocou-lhe a água.

Depois, como todos os dias, fez seu café e encostou na pia enquanto tomava uma xícara bem cheia do líquido. Normalmente, não gostava do silêncio, gostava de apreciar o modo como os sons faziam parte do seu dia a dia, um plano de fundo perfeito para sua vida. Contudo, pela manhã, era agradável apreciar o silêncio que antecederia seu dia, como se fosse uma grande pausa antes de uma sequência alucinante de notas em sua partitura.

Às nove da manhã, colocou uma regata branca folgada e uma bermuda, a academia que frequentava era duas ruas acima da sua, então apenas colocava os fones de ouvido e fazia uma pequena caminhada até ela. Admitia que não gostava tanto do local, não era uma prática que o agradava, mas, por ora, bastava para mantê-lo ocupado por mais duas horas de sua manhã. Verdade fosse dita, a única parte boa era a esteira, correr e sentir o corpo chegar à exaustão era revigorante, e a esteira era a única coisa atualmente em sua vida que lhe trazia essa sensação.

Quando o relógio marcava onze horas, despedia-se da gentil recepcionista e caminhava de volta para a casa. A garoa fina o incomodava, ainda mais porque não havia levado o guarda-chuva. Chegou em casa e correu ao chuveiro, precisava de um banho quente, não podia correr o risco de adoecer logo no começo do ano.

Vestiu-se já para o trabalho, calça social escura, preta dessa vez, e uma camisa social branca dobrada até os cotovelos. Fez a barba e ajeitou o cabelo loiro na frente do espelho, os olhos azuis conferiram o resultado com certa satisfação antes de ele se dirigir à cozinha.

Almoço. Por pura preguiça, retirou o que tinha sobrado da janta do dia anterior e esquentou, comeu sem pressa, não conseguindo ignorar o olhar pedinte de Kurama e aceitando jogar a ele alguns pedaços de carne.

Organizou a louça suja na pia e acariciou as orelhas de Kurama, pegou sua pasta maleta e trancou a casa. De carro, levaria quinze minutos até seu trabalho, chegaria novamente com antecedência, e isso o deixava mais aliviado, odiava ter de lidar com sua chefe ou o sócio dela quando se atrasava um ou dois minutos.

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