Ninguém mais que nós dois

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— Obrigada — digo, limpando a boca ao terminar o hambúrguer, então levanto da cadeira, puxando a camiseta para baixo.

Pedro morde o lábio quando ri, os olhos passeando pelas minhas coxas expostas de um jeito que meu corpo fica muito aceso.

— Acho melhor eu... — faço um gesto, indicando a porta.

— Posso te levar pra casa, se quiser. — Ele levanta, amassando o cigarro no cinzeiro. — Mas, eu tinha outros planos em mente.

Claro que seu tom é sugestivo, e a metade de mim gosta disso, mas a outra metade ainda está tentando entender o que mudou. Por que ele me atacou na frente de 70 mil pessoas ontem e agora está aqui, sugerindo sexo como se fosse cigarro. Como se eu pudesse aceitar, fumar um trago dessa sensação que ele causa, e depois simplesmente esquecer.

Eu não posso.

— Tenho que escrever um artigo essa tarde — justifico.

Ele coça o cabelo e assente.

— Tá sabendo que vai rolar o VMA essa noite?

— Acho que a Sarah chegou a comentar. — Ergo os ombros. Não sei porque ele está falando disso, mas resolvo que é um assunto conveniente. Podemos não falar de nós, dos seus planos maliciosos, e do fato de que eu até quero ir pra cama com ele de novo, mas não devo. — Você vai?

Pedro assente.

— O plano original era aparecer com a Lily Adams, agora eu tô meio que sem acompanhante. — Sua frase vem seguida de um silêncio longo. — Sei lá... pensei...

Pedro não termina a frase, só desvia o olhar para o horizonte e isso me deixa angustiada. Tenho certeza de que ele estava prestes a me chamar pra sair, mas as coisas entre nós nunca são assim, preto no branco.

— Deixa pra lá — desiste, seguindo para dentro do apartamento.

Só que não tem chance alguma de eu deixar, então o sigo, alguns passos atrás.

— É minha impressão ou tá me chamando pra desfilar com você no tapete vermelho? — Falo com se fosse uma piada, mas um sorriso involuntário brota nos meus lábios e meu coração fica ansiando a resposta.

Ele para no topo da escada e me encara de frente.

— Depende...

— Do quê?

— De você querer.

Escondo o sorriso com a mão, não quero parecer animada demais.

Não que seja muito inteligente a ideia de estender ainda mais esse circo midiático que se tornou o nosso envolvimento, mas soa bastante como um "cessar fogo", o que pra mim é o suficiente,  já que eu não sei quanto tempo mais sobrevivo com essa guerra rolando entre a gente.

— Eu nem tenho o que vestir pro evento, Pedro.

Ele ri e umedece o lábio, não sustenta o olhar, então eu percebo que está inseguro com o convite que acabou de fazer.

— Se o problema for esse, eu providencio com uma ligação. — Pedro puxa o celular do bolso, e já está digitando alguma coisa. — E eu tenho uma equipe que vem fazer meu cabelo e maquiagem. Eles podem cuidar de você também.

Aperto os lábios, sentindo ficar mais difícil conter esse sentimento que se parece muito com... felicidade? Deus, eu não pensei que depois de todo o tiro trocado um convite pra sair do Pedro ainda me deixaria com tamanho frio na barriga.

Mas não é só um "encontro". É um evento com transmissão ao vivo em rede mundial. Parece justo que, se a nossa briga foi tão midiática, as nossas pazes sejam tanto quanto.