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Ouço Ian dizer para Giovana que está com a cabeça estourando, então vai embora sem olhar na minha cara. Começo a achar meio escroto que ele esteja culpando a mim pelo drama e não o Pedro. Tipo, não fui eu quem assinou um contrato de namoro midiático. Nunca pedi pra fazer parte disso.

— Devo me considerar demitida? — Pergunto à Giovana com sinceridade.

— Ele ainda está brigado com a Lana — diz. — E a Lily espremeu as bolas do cara como limões pra arrancar o suco, metaforicamente, claro. Essa mulher é uma...

— Força da natureza — completo.

— Eu ia dizer uma vaca. — Giovana ri. — Mas a sua também serve. De qualquer jeito, acho que ele vai voltar ao normal com você quando esfriar a cabeça.

— Assim espero.

— Você vai descer? — A ruiva pergunta, chamando o elevador.

Checo o relógio. Já deu a hora de ir embora, e eu devia aproveitar a chance para fugir, mas não quero mesmo encarar o transporte público de Los Angeles.

— Estou só finalizando uns e-mails — minto. Giovana não precisa saber que eu vou ficar aqui e esperar pelo Pedro. A nossa cota de drama por um dia está mais do que paga.

— Tudo bem, então... Até amanhã. — Ela aperta os lábios e ergue a mão.

No instante em que a porta de aço abre, Giovana dá de cara com o Pedro Loth. Seu olhar para mim diz que ela sabe de tudo, o rubor sobe esquentando meu rosto.

— Ah merda... — ela solta. — Só tentem não ser pegos pelos Paparazzi dessa vez. Eu não aguento outro dia mandando notas oficiais como hoje.

Pedro ri.

— Relaxa, Gigi. Não vamos. — Então olha para mim com o sorriso mais insinuante do planeta. — Está pronta?

Viro os olhos e baixo a tela do computador. Que outra escolha eu tenho?

— Que se dane. — Puxo a bolsa da cadeira e penduro no ombro. — Vamos logo.

Assim que chegamos à garagem subterrânea, eu sigo Pedro por entre os carros de luxo. Uma Land Rover destrava com o pressionar do alarme. Não é o mesmo carro que ele usou para a nossa fuga cinematográfica ontem.

— Credo! Quantos carros de luxo você tem, Pedro?

Ele abre a porta do carona, oferecendo a mão como apoio para subir. O carro é alto demais, então eu aceito, mas o toque entre as nossas mãos parece acender algo em mim.

— Mais do que eu preciso. — Pedro bate a porta e dá a volta para entrar pelo outro lado. — Por quê?

— Nada. — Chacoalho os ombros, assistindo-o manobrar, concentrado. Adoro a sua expressão de concentração — Só estou tentando calcular mentalmente a sua fortuna mesmo.

— É melhor desistir. — Dá risada. — Eu já desisti. E também, eu não estou nessa indústria tóxica pelo dinheiro.

— Está pelo quê então? A fama? O respeito? As tietes? — provoco.

— Eu já te disse que só tenho uma tiete — rebate, puxando a minha mão para segurá-la no console central. Deveria, mas não reajo, porque quero segurar a mão dele também. — Mas é... para um garoto rejeitado, essa aceitação pode ser um pouco deslumbrante, sim. Admito.

— Rejeitado? — Rio, apertando a mão dele. — Pois eu me lembro dessa história de outro jeito. As garotas da escola toda ficavam caidinhas quando você pegava um violão.

Ninguém mais que nós doisWo Geschichten leben. Entdecke jetzt