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Mesmo depois que Pedro se recupera do tombo, a tensão ainda parece deixar a atmosfera desse apartamento mais densa. Sei que a minha intenção nunca foi beijá-lo, mas é difícil ignorar o fato de que estávamos a apenas um centímetro de fazê-lo.

— Eu vou dizer pro Ian que você está interessada na vaga e passar seu contato. — Pedro alisa o cabelo, já fugindo em direção à porta. A postura tensa deixa claro que ele ficou mexido com a minha investida.

—E posso saber da onde você tirou meu contato? — Indago e vou atrás dele, apressando o passo. — Talvez no mesmo lugar que arrumou o meu endereço?

— Tem que parar de presumir que eu sou um psicopata perseguindo você, tiete. — Ele ri, relaxando os ombros. — Eu liguei na administração e a moça, que por sinal era uma grande fã, fez a gentileza de dizer qual era o seu apartamento. E você nunca mudou de telefone.

— Nunca precisei. — Meu tom é ácido. — Meu ex-namorado não costumava ser do tipo que ficava me stalkenado ou ligando de madrugada para tentar reatar.

— Acho que seu ex era bem legal. — Pedro sorri pretencioso.

Ele está de brincadeira? Ele não pode falar de si mesmo como se fosse outra pessoa, isso é ridículo. O Pedro é ridículo, e eu sou ainda mais ridícula, porque caio direitinho na provocação.

— Eu já te contei que ele me traiu?

— Tá! — Ele revira os olhos. — Nem tão legal, mas todo mundo erra, né? Aposto que ele se importava pra valer com você.

— Bom, eu duvido. Se ele se importasse, ao menos teria ligado bêbado no meio da noite, chorando, pedindo pra voltar. Não estou dizendo que eu teria voltado, porque traição é uma coisa bem grave, mas ele nunca fez isso, então acho que ele simplesmente não se importava.

As palavras escorrem da minha língua sem que eu reflita muito sobre elas. Somente quando encaro os olhos verdes de Pedro, completamente surpreso, é que eu percebo que falei mais do que devia.

— Talvez ele se importasse demais para fazer uma coisa dessas, ele não queria que você sofresse. — O sorriso fechado em seus lábios parece pesaroso.

Droga! Agora o Pedro acha que eu estou toda magoada por nunca ter recebido uma ligação embriagada. Eu não estou magoada! Caramba! Eu não dou à mínima. Eu nem sei porque disse isso, não é como se eu houvesse ficado acordada por muitas noites esperando essa ligação. Foram só nas primeiras, antes de eu superar, antes de Thomas e eu ficarmos juntos.

Merda! Thomas! Lembrar do meu namorado — mesmo estando muito brava com ele — é um estalo de que eu não deveria estar envolvida nesse jogo de provocação com o Pedro.

— Nós não estamos discutindo se meu ex era ou não idiota. — Torço para que meu sarcasmo seja o suficiente pra aliviar a tensão que se instalou no ar. Só preciso acabar com isso logo. — Ele era. E agora que você já falou tudo o que queria... a porta é a serventia da casa.

Eu abro. Sarah disfarça rápido, fazendo de conta que não estava com o ouvido colado, escutando tudo. Ela se afasta pelo corredor. Pedro tira um papelzinho preto do bolso e me estende.

— Tem uma festa da gravadora amanhã à noite. O Ian vai estar lá, procura por ele. Pelo que eu ouvi, está precisando de uma secretária.

Ele não pode estar falando sério.

— Você está delirando se acha que eu vou a uma festa com você, Pedro.

Meu ex solta um riso breve.

— Relaxa. São dois convites. — Ele deixa os papéis sobre a mesa quando eu me recuso a pegar. — Leva a Sarah. Eu vou estar um pouco ocupado amanhã pra dar a atenção que você esperaria de um acompanhante.

Ele pressiona os lábios e então caminha para fora.

— Até a próxima, tiete.

Sinto uma chama fazer meu corpo queimar. Mordo a língua, tentando conter as palavras que insistem em serem ditas. Eu juro que estou me esforçando, mesmo assim elas escapam na forma de um grito:

— EU JÁ DISSE QUE NÃO SOU SUA TIETE!

Pedro já está na metade do caminho das escadas, mas vira e me encara.

Eu deveria parar por aí, mas não funcionou da última vez, então quero deixar bem claro que eu não estou disponível pra ele:

— Eu só sou a tiete do Thomas. O meu namorado, Thomas.

— O touro, né? Eu sei. — Ele parece frustrado. — Deduzi pelo anel idiota.

Aponta para minha mão direita, onde o anel do infinito decora o dedo anelar. O descaso com que ele trata o símbolo do meu relacionamento com Thomas acende em mim um instinto de defesa.

— Não. O anel não é idiota, você é idiota!

— Talvez, mas o que eu posso fazer? — Ele sacode os ombros. — Se eu fosse te dar um anel, ao menos daria um de ouro, com uma pedra bem grande de diamante no topo.

Reviro os olhos, bufando. Eu não me importo se ele saiu de um buraco, ou se morou na rua aos 17. Pedro é todas as definições de um riquinho de Hollywood insuportável.

— Por que é que você não vai esfregar sua fama e seu dinheiro na cara de alguém que se importe, hein?

— Acho que eu poderia, mas é mais legal fazer isso com você. — Ele ri.

Antes que essa conversa cause ainda mais danos, eu bato a porta com força, me atirono sofá e deixo um grito esganiçado me rasgar a garganta. Esse dia não para de piorar.

Hey, pra quem ta lendo esse livro pela primeira vezzz, comenta aqui o que estão achando plmdds

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Pra quem tá relendo: o próximo capítulo é inédito 👀

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Ninguém mais que nós doisWhere stories live. Discover now