90° Capítulo

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Na manhã seguinte, corro pelo quarto do Harry para pegar as minhas coisas para tomar um banho.

"Eu vou com você." ele resmunga e eu riu.

"Não, não vai. Sabe que são só seis da manhã, certo? O que aconteceu com a sua regra das sete e meia?" brinco com ele e pego a minha bolsa.

"Vou te levar lá." ele se levanta da cama. Adoro a voz rouca dele de manhã.

"Me levar aonde?Ao banheiro?" zombo. "Sou uma menina grande, posso andar sozinha pelo corredor."

"Você está fazendo um ótimo trabalho me ouvindo até agora." ele rola os olhos mas vejo o divertimento neles.

"Está bem papai, me leve ao banheiro." choramingo na brincadeira.

O Harry levanta a sua sobrancelha e se desfaz em sorrisos.

"Não me chame disso outra vez ou vou te levar de novo para a cama." ele pisca o olho e eu corro do quarto para fora, estou muito tentada para ficar lá.

Ele me segue e se senta no vaso sanitário enquanto tomo banho.

"Tem que me levar no seu carro, devia ter vindo com o meu." não pensei nisto ontem à noite.

"Pode levar o meu carro, pego uma carona até o campus para buscar o seu."

"Vai me deixar dirigir o seu carro?" fico de boca aberta.

"Sim. No entanto, se você destruir ele não precisa voltar." ele diz. Parte de mim sabe que ele em parte está falando sério.

"Devia estar preocupada em você destruir o meu!" riu e ele tenta abrir a cortina, mas eu puxo para a fechar e ouço ele rindo.

"Apenas pensa bebê, depois de hoje vai estar no seu banho todas as manhãs." a voz dele é mais alta que a água enquanto tiro do shampoo do meu cabelo.

"Acho que não vou acreditar até estarmos mesmo lá."

"Espera até ver, vai adorar." ele se gaba.

"Alguém sabe que vai para um apartamento?" pergunto. Já sei a resposta.

"Não, porque que eles precisam saber?"

"Não precisam, estava só perguntando." a torneia guincha enquanto desligo a água. 

O Harry segura uma toalha aberta para mim quanto saio e envolve em volta do meu corpo molhado.

"Eu te conheço bem o suficiente para saber que está pensando que estou escondendo o fato que vamos viver juntos dos meus amigos." ele diz e está certo.

"Apenas parece uma pouco estranho estar se mudando daqui e ninguém sabe."

"Isso não é por causa de você, é porque não quero ouvir a merda deles sobre deixar a fraternidade. Eu vou contar, até mesmo para a Molly depois de nos mudarmos." ele sorri e envolve os seus braços em volta dos meus ombros.

"Quero ser eu a contar à Molly." riu e abraço-o de volta.

"Combinado."

Depois de múltiplas tentativas de manter as mãos do Harry longe de mim enquanto me arrumo, ele me dá as chaves do carro dele e vou embora. No momento que chego no carro, o meu telefone vibra.

*Seja cuidadosa. Eu te amo.* a mensagem diz.

*Vou ser. Seja cuidadoso com o meu carro :) Eu te amo. xo*

*Mal posso esperar para te ver outra vez. Me encontre às cinco. A porcaria do seu carro vai ficar bem.*

*Devia ver bem o que está dizendo ou posso talvez, acidentalmente, bater num bloco de estacionamento com o seu* sorriu para mim mesma enquanto envio a minha resposta.

*Para de me importunar e vai trabalhar, antes que eu vá aí e te tire esse vestido.*

Mesmo que aquilo seja apelativo, coloco o meu telefone de novo no lugar do passageiro e ligo o carro. O motor facilmente vem à vida, ao contrário do meu. Para um carro clássico a condução é muito mais suave que a do meu, ele realmente cuida dele. Quando viro para a auto-estrada o meu telefone toca.

"Jesus, não consegue aguentar vinte minutos sem mim?" riu pelo telefone.

"Tessa?" uma voz masculina diz. Noah. Afasto o telefone da minha orelha e olho para o ecrã para confirmar o meu horror.

"Uhm... desculpa, eu pensei..." gaguejo.

"Pensou que era ele.. eu sei." ele diz. A voz dele é triste e não odiosa.

"Desculpa." não nego.

"Está tudo bem." ele diz.

"Então.." não sei bem o que dizer.

"Vi a sua mãe ontem."

"Oh." a dor da voz triste do Noah e a lembrança do ódio da minha mãe me bate no peito.

"Sim.. ela está bem chateada contigo."

"Eu sei.. ela ameaçou deixar de me ajudar com a faculdade."

"Ela vai ultrapassar isto, eu sei que sim. Ela está apenas magoada." ele diz.

"Ela está magoada? Está brincando comigo certo?" zombo. Ele não pode estar defendendo ela.

"Não, eu sei que ela está fazendo a coisa errada, mas ela está apenas zangada que você está... você sabe... com ele." o desgosto na voz dele é evidente.

"Bem, o lugar dela não é me dizer com quem eu deva estar. É por isso que me ligou? Para me dizer que não devia estar com ele?"

"Não, não Tessa não foi. Só queria ter certeza que estava bem. Este foi o maior tempo que passamos sem nos falar desde que tínhamos dez anos." ele diz. Consigo imaginar o olhar carregado na cara dele.

"Oh... desculpa por te atirar as coisas. Só tenho muitas coisas acontecendo agora e pensei que estava ligando para.."

"Só porque não estamos mais juntos, não quer dizer que não estarei aqui por você." ele diz e o meu coração doí. Eu sinto a falta dele, não da minha relação com ele, mas ele tem sido uma grande parte da minha vida desde que eu era criança. Ele esteve lá para mim em tudo e eu magoei ele e nem liguei para lhe explicar ou pedir desculpa.

"Desculpa, por tudo." suspiro.

"Não faz mal, então ouvi que conseguiu um estágio?" ele diz e a nossa conversa continua até eu chegar a Vance.

Quando desligamos o telefone ele promete ligar para minha mãe, para falar sobre o comportamento devido a mim e sinto que um enorme peso foi tirado de mim. O meu dia corre sem problemas, passo o dia inteiro acabando o meu primeiro manuscrito e fazendo notas para o Sr. Vance. O Harry e eu nos falamos por mensagens sobre os detalhes sobre onde vamos nos encontrar e antes que eu saiba, o dia acaba.

Quando chego ao lugar que o Harry me mandou, sou surpreendida que é meia distância entre o campus e a Vance Publishing. A minha viagem seria apenas de vinte minutos se eu vivesse aqui, quando viver aqui. Ainda parece uma ideia abstrata, o Harry e eu vivendo juntos.

Não vejo o meu carro quando entro no estacionamento e quando tento ligar para o Harry vai para o voice mail. E se ele mudou de ideia? Ele me diria, não diria? Assim que a minha cabeça começa a entrar em pânico, ele entra no estacionamento e para ao meu lado. Ele está no meu carro, mas parece diferente. A pintura cinzenta não está riscada, está brilhante e parece novo.

"O que fez com meu carro?" digo quando saiu do carro dele.

"Também é bom te ver." ele ri e beija a minha bochecha.

"Sério, o que é que fez?" cruzo os braços.

"Mandei pintá-lo, jesus. Podia me agradecer." ele rola os olhos.

Trinco a minha língua apenas por causa de onde estamos e pelo que estamos quase fazendo. Além disso, a pintura ficou muito bem. Apenas não gosto da ideia do Harry gastar dinheiro comigo e pinturas não são baratas.

"Obrigada." sorriu e entrelaço os meus dedos nos dele.

"De nada. Agora vamos para dentro." ele me guia pelo parque.

"Fica bem dirigindo o meu carro, especialmente nesse vestido. Não conseguia parar de pensar nisso o dia todo. Gostaria que tivesse obedecido ao meu pedido de me mandar fotografias de você nua." ele diz e eu lhe dou uma cotovelada.

"Estou só dizendo. Teria feito as aulas muito mais interessantes." ele encolhe os ombros e eu riu.

"Aqui estamos nós." ele diz e abre a porta para mim. Sorriu pelo gesto dele e entro.

A entrada do edifício não é o que eu esperava. É todo branco, chão branco, paredes limpas brancas, cadeiras brancas, sofás brancos, tapetes brancos, lâmpadas brancas em mesas claras. É elegante mas muito intimidante. Um homem baixo careca num terno nos cumprimenta e aperta mão do Harry. Ele parece nervoso perto de nós, ou talvez apenas do Harry.

"Deve ser a Theresa." ele sorri. Os dentes dele são brancos como as paredes.

"Tessa." sorriu para o corrigir. O Harry morde o lábio para não sorrir.

"Prazer em te conhecer. Devemos ir assinar?" ele pergunta.

"Não, ela quer vê-lo primeiro. Porque iriamos assinar se ela nem o viu." o Harry diz num tom plano.

O pobre homem engole e assente com a cabeça. "Claro, vamos subir." ele diz.

"Seja simpático." sussurro ao Harry enquanto andamos pelo corredor para o elevador.

"Não." ele se desfaz em sorrisos para mim e aperta o meu traseiro levemente.

Olho para ele e o seu sorriso com covinhas cresce. O homem me diz o quão a vista é fantástica e que este é um dos melhores e mais diverso edifício de apartamentos no espaço de cem milhas. Sorriu e o Harry fica calado enquanto saímos do elevador. Sou apanhada de surpresa pelo contraste entre a entrada e o corredor. Parece que entramos num edifício completamente diferente.. até mesmo num período de tempo diferente.

"Aqui está." o homem diz e abre a primeira porta que passamos.

"Há apenas cinco apartamentos neste piso, por isso vão ter muita privacidade." ele diz e desvia o olhar do olhar fixo do Harry. Ele está definitivamente com medo do Harry. Não o posso culpar mas é um pouco divertido de ver.

Ouço o meu próprio engasgo quando vejo a vista à minha frente. O chão é de cimento velho manchado exceto uma parte de madeira dura no lugar que eu assumo ser a sala de estar. As paredes são de tijolo e lindas. Danificado mas perfeito. As janelas são grandes e a mobília é antiga mas clara. Se pudesse fazer o lugar perfeito, era assim. O Harry me observa intensamente enquanto olho em volta, eu me levo para as outras divisões e deixo o Harry e o homem me seguirem. O banheiro é pequeno, mas grande o suficiente para nós, e o quarto é tão perfeito como o resto da casa. Três paredes são de tijolo vermelho velho e a quarta é coberta por uma prateleira de livros do teto ao chão. Tem uma escada anexada e não consigo evitar em rir porque sempre me imaginei tendo exatamente este apartamento depois de terminar a faculdade. Só não pensava que seria tão cedo.

"Podemos encher as prateleiras, tenho muitos livros." o Harry murmura nervosamente.

"Eu.. só.." começo.

"Não gostou, não é? Pensei que fosse gostar, parecia perfeito para você. Porra." ele fica com um olhar carregado e passa os dedos pelo cabelo.

"Não.. eu.."

"Vamos então, nos mostre outro." o Harry estala para o homem.

"Harry! Se me deixar terminar, eu ia dizer que adoro." digo. O homem parece tão aliviado como o Harry.

"Sério?" o olhar dele se torna num grande sorriso.

"Sim, tinha medo que fosse ser um apartamento extravagante, frio, mas isto é perfeito." digo sinceramente.

A cozinha é pequena e tem azulejos multicolores a cima do lava-louça e contrasta dando um estilo indie e divertido. Amo absolutamente tudo neste pequeno apartamento.

A entrada lá em baixo me assustou e estava a espera de odiar o apartamento, mas isso não é verdade agora. Pensei que seria um apartamento super caro, cheio de coisas e fico feliz que não é.

"Eu sabia! Bem, estava ficando nervoso à uns segundos, mas assim que vi este lugar pensei em você. Te imaginei ali.." ele aponta para o banco na janela. "Apenas sentada ali lendo livros. Foi quando soube que queria você aqui morando comigo." ele diz.

Sorriu e a minha barriga treme por ele dizer isto em frente a outra pessoa, mesmo que seja um agente de vendas qualquer.

"Assinamos então?" o homem se mexe desconfortável.

O Harry olha para mim e eu aceno com a cabeça. Não acredito que estamos mesmo fazendo isso, ignoro a pequena voz a me relembrar que é cedo demais e que sou muito nova enquanto sigo o Harry para a cozinha.

AFTER (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora