70° Capítulo

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Enquanto conduzo para longe do apartamento do Zayn, levo um segundo para pensar no que estou fazendo. Sei que deixei o Zayn para ir procurar o Harry, mas preciso mesmo de pensar no que vai acontecer a seguir. O Harry ou vai dizer coisas horríveis, me arruinar e me fazer ir embora, ou vai admitir que tem sentimentos por mim e que todos estes jogos que ele tem jogado são apenas porque ele não é capaz de lidar com os seus sentimentos e de expressá-los de uma forma normal. Se a primeira situação acontecer, que é que eu mais espero, vou estar num estado pior do que estou agora. Mas se a segunda acontecer, estou pronta para perdoá-lo por todas as coisas terríveis que ele disse e me fez? Se ambos admitirmos a forma como nos sentimos sobre o outro as coisas vão mudar? Ele vai mudar? Ele é capaz de se preocupar comigo da forma que preciso que ele preocupe e se sim, sou capaz de pôr para trás as mudanças de humor dele?

O problema é que não consigo responder a nenhuma destas perguntas, a nenhuma. Odeio a forma como ele obscurece os meus pensamentos e me faz sentir incerta sobre eu mesmo. Odeio não saber o que ele vai fazer ou dizer. Chego na casa dele, a porra desta casa de fraternidade, em que eu passei tempo demais. Odeio esta casa. Odeio muitas coisas agora e a minha raiva pelo Harry está quase no seu ponto de ebulição. Estaciono o meu carro na rua e corro para as escadas e entro na casa cheia de gente. Vou logo para o velho sofá onde o Harry costuma estar, mas não vejo o seu tufão de cabelo, me coloco atrás de um rapaz antes que a Steph ou alguém me veja e corro a subir as escadas até ao quarto dele.

Bato com a minha mão contra a porta, irritada que ele tenha a porta trancada outra vez.

"Harry sou eu! Abre a porta!" grito e continuo a esmurrar a porta. Sem resposta. Onde é que raio ele está? Não quero ligar para descobrir, mesmo que seja obviamente mais fácil do que tentar encontrá-lo, mas estou zangada e quero continuar zangada assim posso dizer aquilo que quero e não me sentir mal sobre isso.

Ligo para o Liam para saber se o Harry está na casa do seu pai, mas não está. O único lugar que sei onde procurar é na fogueira, mas duvido que ele ainda esteja lá. Não tenho mais nenhuma opção agora por isso conduzo de volta ao estádio e estaciono o carro. Repito as palavras zangadas que tenho guardado para o Harry, uma e outra vez para ter a certeza que não me esqueço de nenhuma no caso de ele estar lá. Quase todos foram embora, o campo está quase vazio e o fogo está quase apagado. Quando decido parar de procurar, o vejo encostado contra a rede perto da trave do gol. Ele está sozinho e não parece notar em mim enquanto me aproximo, ele se senta na grama e limpa a mão com a sua mão, e quando a remove, está vermelha. Ele está sagrando? A cabeça dele se levanta como se ele pudesse sentir a minha presença, o canto da boca dele está sangrando e uma sombra de uma mancha negra já está se formando na sua bochecha.

"Que raio?" digo e me ajoelho na frente dele.

"Que é que te aconteceu?" pergunto. Ele olha para mim e os olhos dele estão tão assombrados, a minha raiva se dissolve como açúcar na minha língua.

"Porque é que se importa? Onde é que está o teu par?" ele rosna. Rolo os olhos e movo a mão dele da sua boca, examinando os lábio golpeado. Ele me empurra para longe dele e eu trinco a língua.

"Me diz o que aconteceu." mando. Ele suspira e passa a sua mão pelo cabelo. As suas articulações estão com golpes e com sangue. O corte no seu dedo indicador parece profundo e muito doloroso.

"Entrou numa luta?" pergunto.

"O que é que te deu essa ideia?" ele estala.

"Com quem? Está bem?"

"Sim, estou bem, agora me deixa em paz."

"Vim aqui para te procurar." digo e me levanto, limpando a grama morta das minhas calças.

"Ok, me encontraste, agora vai embora."

"Não tem que ser um imbecil, acho que devia ir para casa e se limpar. Pode precisar de levar pontos nas articulações dos dedos."

Ele não me responde mas se levanta e passa por mim. Vim aqui para gritar com ele por ele ser um idiota e dizer como me sinto e ele está sendo muito difícil, eu sabia que ele iria ser

"Onde vai?" pergunto e o sigo como um cachorro perdido.

"Para casa, bem, eu vou ligar pra Emma e ver se ela pode voltar e me buscar. Ela conduziu para cá."

"Ela te deixou aqui?" não gosto muito dela.

"Não, bem, tecnicamente eu disse para ela ir."

"Me deixa te levar pra casa." digo e pego no casaco dele. Ele encolhe os ombros e eu quero bater nele. A minha raiva está voltando e estou mais chateada do que antes. As posições mudaram, a nossa... lá isto o que é mudou. Normalmente sou eu a fugir dele.

"Pára de fugir de mim!" grito e ele se vira. Os olhos dele em chamas.

"Eu disse me deixa te levar pra casa!" grito. Ele quase sorri mas ele faz um olhar carregado em vez disso e suspira.

"Ok. Onde está o teu carro?" ele pergunta.

Ele me segue até ao meu carro e entra no lugar do passageiro enquanto ligo o carro. Ligo o calor e esfrego os meus braços para aquecer. O cheiro dele imediatamente enche o carro, mas agora há uma pitada de cheiro de metal misturado. Ainda é o meu cheiro favorito no mundo inteiro.

"Porque é que veio aqui?" ele diz quando saiu do parque.

"Para te encontrar." tento me lembrar de tudo o que planejei dizer, mas a minha cabeça está em branco e só consigo pensar em beijar a boca golpeada dele.

"Porque razão?" ele pergunta calmamente.

"Para falar contigo, temos tanto para conversar." digo, me sinto como se estivesse chorando e não faço ideia porquê.

"Pensei que tinha dito que não tínhamos nada para conversar." porque é que ele está fazendo isto tão difícil?

"Você me ama?" as palavras saem apressadas e estranguladas, não planejava dizê-las.

Ele vira a cabeça para olhar para mim. "O quê?" o tom dele está chocado.

"Ama?" repito, o meu coração pode sair do meu peito.

"Você não está mesmo me perguntando isso enquanto estamos indo para a cidade." os olhos dele estão focados em mim.

"O que é que importa onde ou quando estou perguntando, me diz." praticamente imploro.

"Eu... Eu não sei... Não, não amo. Não pode apenas perguntar a alguém se te amam quando estão presos num carro contigo. O que raio se passa contigo?" ele diz alto. Ouch.

"Ok." é tudo o que consigo dizer.

"Porque é que sequer quer saber?"

"Não interessa." digo.

"Me diz porque é que me perguntou isso, agora." ele manda.

"Não me diga o que fazer!" berro de volta. Paro na casa dele e ele olha pela multidão.

"Me leva para casa do meu pai." ele diz.

"Porquê? Não sou a porra de um táxi."

"Apenas me leva lá, venho buscar o meu carro de manhã." o carro dele está aqui então porque é que ele não vai com o seu?

Não quero que a nossa conversa acabe ainda por isso rolo os olhos, mas conduzo em direção à casa do pai dele.

"Pensei que odiasse aquilo lá." digo.

"Odeio. Mas não quero estar perto de muita gente agora." ele diz calmamente.

"Vai me dizer porque é que perguntou aqui? Tem alguma coisa haver com o Zayn? Ele te disse alguma coisa?" ele parece nervoso. Porque é que ele pergunta sempre se o Zayn me disse alguma coisa?

"Não... não tem nada haver com o Zayn. Só queria saber." minto. Não tem haver com o Zayn, tem haver com o fato de que eu o amo e pensei por um segundo que talvez ele me amasse. Quando mais tempo estou perto dele, mais ridiculo isso parece.

"Onde é que você e o Zayn foram depois de sairem da fogueira?" ele pergunta quando entro na rua da casa do pai dele.

"Para o apartamento dele." admito. O corpo do Harry fica tenso e os punhos sangrentos dele cerram, rasgando mais a pele das junções.

"Dormiu com ele?" ele pergunta e a minha boca se abre.

"O quê? Porque raio pensou isso? Já devia me conhecer melhor! E quem é que pensa que é para sequer perguntar uma pergunta tão pessoal? Fica cada vez mais claro que não quer saber de mim, e daí se dormi?" grito.

"Então não dormiu?" ele pergunta novamente.

"Jesus Harry! Não! Ele me beijou, mas eu não ia fazer sexo com alguém que mal conheço!"

Ele se inclina e desliga o carro, cerrando a sua mão sangrenta nas chaves e tirando-as da ignição.

"Beijou ele de volta?" os olhos dele estão encapuzados quando ele parece olhar através de mim.

"Sim... bem, não sei, acho que sim." não me lembro de nada exceto da cara do Harry na minha mente.

"Como é que não sabe? Andou bebendo?" a voz dele está mais alta agora.

"Não, eu só..."

"Você o quê!" ele grita e vira o seu corpo para me encarar.

"Eu... Eu estava pensando em você." finalmente admito. O rosto duro dele suaviza tremendamente e ele traz os seus olhos aos meus.

"Vamos para dentro." ele diz e abre a porta do passageiro. O quê? "Vamos logo." ele diz novamente, saiu do carro e sigo ele até a calçada.

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AFTER (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora