Todos já estavam dormindo, mas Déboras simplesmente não conseguia. Quando fechava os olhos, se lembrava da conversa com Alessandra, logo no período da manhã:
— E então?
Dentro da lanchonete, Alessandra olhou para a morena, ainda pouco desconfiada. Já vira garotas serem denunciadas e entregues a Conselhos Tutelares e toda aquela bagunça jurídica. Não queria se arriscar em ser a próxima.
— Você não veio aqui para ouvir. Veio para falar.
Dessa vez quem ficou pouco preocupada foi Déboras. E fitou a loira de cima abaixo como se tentasse esquadrinha-la, coisa que não parecia ser tão fácil.
— Mas o que eu teria a dizer?
— Bom, aí é contigo. Me conte sobre você.
E Alessandra saiu do seu lugar e sentou-se frente à frente com a garota, mantendo o seu olhar fixo no olhar da recém chegada.
— Bem. Estou no país tem pouquíssimo tempo, e...
— Daonde você veio? — Cortou a fala da garota.
— Viemos da américa do sul de um país chamad...
— Viemos? Você e quem?
— Meu irmão, a esposa dele e eu.
— Eles interferem muito na sua vida. Tipo: te controlam?
— Não muito. Acho que se preocupam o suficiente.
A garçonete chegou para anotar os pedidos:
— Dois sucos de carambola. Obrigada!
— É sério isso? Suco? Não poderia ser um milk-shake ou coisa parecida?
— Como você quer estar quando for velha? Vai por mim, o suco não fará mal.
— Certo. E o que mais quer saber?
— Qual o tempo que você tem disponível?
— Por enquanto manhã. Em breve, manhã e tarde.
— Porque?
— O pessoal lá de casa deve arrumar trabalho em breve e, pelo que comentam, precisam fechar o dia todo. Estamos com uma grande dívida.
— Coiote, né?
— Sim. Como sabe?
— Você não é a única clandestina que eu conheço. — Sorriu, Alessandra.
Agora que encontrara um ponto fraco em Déboras, ela foi até o balcão e pediu para que os sucos fossem embalados para viagem.
— O que foi?
— Vamos para uma praça aqui perto.
Ela pegou os copos, pagou e saíram. A cada momento, Alessandra observava Déboras, de cima abaixo. A postura, o movimento dos ombros e quadris, o cabelo, o balançar dos braços. Até mesmo a forma como ela se sentou no banco da praça, e como sorveu o suco pelo canudo.
Alessandra se sentou bem perto dela e, quase num sussurro, a indagou:
— É sexo por dinheiro. Topa?
Não era somente a pergunta que martelava na mente da garota naquela hora da madrugada. Ela precisava dar a resposta dentro de alguns dias.
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BOIN - Amor das Profundezas
RomanceMissões, missões, missões. Boin se entediava, tanto com o tempo gasto, como com o seu papel nelas. Por isso que nelas, buscava se distrair de todas as formas, mas nem sempre conseguia. É quando conhece Pedro. Não! Espera... Ela não conhece Pedro, el...