Capítulo 7 - Não é Possível

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   Não deu tempo de elaborar alguma frase ou responde-lo da boca para fora, só consegui sentir um deles me segurando e algo úmido sendo forçado contra o meu rosto - possivelmente um pano – tentei me livrar das mãos deles enquanto me debatia, mas em seguida a minha visão começou a escurecer. Eu sei que de certa maneira aquele coelho tem razão de não me querer envolvido, além do mais, eu poderia estragar seus planos, já que eu estou agora no meio de tudo isso e sei a maioria das coisas que ele planeja - na verdade não sei nada, mas só com os motivos posso ter uma ideia do que ele pretende fazer. Mas.... não querer me envolver quando eu já estou envolvido por dedo dos outros? Não tem muito o que se fazer.

   Depois de um bom tempo, creio eu, desacordado. Comecei a escutar duas vozes próximas a mim.

- Eu achei que você fosse dar aquele golpe na nuca dele.... não que ia sufoca-lo com clorofórmio - era a voz do Bunny ao meu lado.

- O golpe que passa nos filmes é mentira! Esse tipo de golpe quebra o osso hióide, e fecha a faringe da pessoa, levando ela a asfixia! - era RJ falando um pouco mais afastado de mim.

   Acabei me mexendo um pouco e abri os olhos, não conseguindo enxergar praticamente nada, achei por alguns segundos que havia ficado cego, mas logo percebi que estava com uma espécie de saco preto na cabeça. Me impedindo de ver onde estava.

- Até que enfim acordou.... - RJ falou.

- Vocês não podiam ter pedido simplesmente para eu fechar os olhos e ir onde seja lá que estão me levando?

- E perder toda a ação? Não teria nenhuma graça! - Bunny comentou - sem dizer que eu não quero que você saiba onde vivo.

- Não acha estranho pedir isso sendo que está me devolvendo? Nunca vi um assassino soltar um refém que sabe de muita coisa e não mata-lo!

- Quantas vezes vou precisar dizer a você que não é um refém!? - falou um pouco mais sério - tanto faz também! Chegamos!

   Quando ele falou isso, escutei um barulho como se fosse algo freando com certa brutalidade, então eu estava dentro de um carro no final das contas. Com isso senti um puxão em meu braço, me tirando de dentro dele, onde eu acabei tropeçando na saída, já que não conseguia ver onde estava pisando, e cai deitado no chão. Assim que cai, escutei um barulho da porta do carro se fechando e algo que imaginei ser minha mochila caindo sobre meu colo. Me fazendo resmungar pelo impacto.

- Foi bom conhecer você Jimin, e espero que não nos encontremos mais! - e depois disso só escutei o barulho do carro gastando os pneus e se distanciando.

- Jimin....? Qual é a do capuz? Vocês jovens andam levando a brincadeira de policia e ladrão a outro patamar.... – pude escutar uma voz familiar comentar e logo senti a luz batendo em meu rosto e acabei por lançar um olhar mortal para o meu irmão que me olhava curioso - não me olhe assim! Pode nem perguntar as coisas nessa casa mais...

- Tanto faz! - comentei me levantando e ajeitando minhas roupas - mamãe perguntou de mim? Eu mandei mensagem, mas ela só visualizou.

- Sim.... ela pediu para lhe dar um abraço e um beijo quando voltasse.

- Por que isso? - perguntei abrindo a porta da casa e andei pela sala, me apoiando no corrimão da escada.

- O chefe dela deu uma oportunidade de emprego com um salário maior. Só que o emprego é na Filial.

- Que bom.... ela queria uma oportunidade para receber o que realmente merece - comentei - mas não é por perto?

- Não.... é na Tailândia - comentou se aproximando - ela disse que volta daqui a seis meses. Mas pretende nos ligar assim que conseguir um lugar fixo e com melhor conexão de internet. Ela me mandou um e-mail surtando porque não conseguia nem responder as mensagens que mandávamos, ai usou a da empresa pra mandar o recado.

- Da pra compreender....

- Pense por um lado bom, seis meses se vestindo como um mendigo quando estiver em casa! Sem remédios....

   Falou rindo e bagunçou meus cabelos, logo subindo as escadas, provavelmente iria se trancar no quarto e conversar com seus amigos pela webcam.... nem parece que conversam no colégio. Respirei fundo e segurei meu rosto, apertando um pouco minhas bochechas entre as mãos, ainda não estava entendendo o motivo de não ter contado ao meu irmão o que havia acontecido, que na verdade não estava na casa de um amigo e muito menos "brincando", mas sim na casa de um Serial Killer... Namjoon com toda certeza acreditaria em mim, mas por que não tive coragem?

   Decidi tirar aquilo de meus pensamentos com uma ducha gelada, saindo do banheiro com a toalha enrolada na cintura e com uma outra enxugando meus cabelos castanhos – ter fios hidratados, longos, bonitos e fortes dá trabalho. Fui em direção ao armário e sorri para a escrivaninha que ficava ao lado, em cima dela tinha uma pelúcia de uma alpaca que Jin havia me presenteado de aniversário quando ainda éramos crianças.

- ...... espera um minuto! – franzi a testa e deixei a roupa de lado e fui até a escrivaninha, segurando a toalha em minha cintura com uma das mãos para não cair - NÃO É POSSÍVEL.....

- Meu deus..... o que foi Jimin? Por que gritou!? - Namjoon perguntou da porta me dando um susto - se assustou com o RJ?

- RJ? - perguntei erguendo uma das sobrancelhas fingindo não ter escutado. Ele estava zoando com a minha cara, não era possível.

- Jin disse que esse era o nome do ursinho oras... esqueceu? Acho que está escrito até nesse lencinho dele! - comentou e eu me sentei na cama não acreditando - Jimin..... você ta' bem? Parece pálido....

- É que eu não comi nada ainda.... só isso! - comentei respirando fundo e deixando a pelúcia em cima da cama.

- Ok... assim que colocar a roupa, desça e coma alguma coisa! Nos próximos meses iremos viver de comida de micro-ondas e fast food - comentou falando um pouco sem graça, Namjoon e eu tínhamos isso em comum, éramos péssimos cozinheiros – amanhã é dia dos meninos virem, dessa vez nã-

- Tudo bem... o que vamos jogar? - perguntei dando um sorriso e ele ficou de boca aberta - o que foi?

- Aqueles jogos comuns de tabuleiro - comentou - é que você não arrumou uma desculpa dessa vez....

- Bom... decidi que não vale a pena ficar dando desculpas, são meus colegas também, posso me divertir às vezes.

- Você está diferente.... isso é bom!

   Falou dando um sorriso e saiu do quarto, me deixando ali um pouco sem saber o que fazer. Apenas voltei para o guarda-roupa, coloquei um pijama qualquer e desci as escadas para ir preparar alguma coisa para comer.

   Então era isso mesmo? Jin tinha envolvimento com RJ e até mesmo poderia ser o próprio. Isso significaria que ele aceitou todas as coisas e limpou o que o Killer Bunny fez até agora..... fazia todo sentido o RJ saber aquelas coisas que aconteceram no colégio, ele viu tudo, estava próximo de mim quando aquelas coisas aconteceram.

   Agora com isso, qualquer um poderia ser o Killer Bunny.... o pior é que nem havia se passado pela minha cabeça alguma hipótese de um dos meninos fazer parte disso. Mas agora..... acho que devo desconfiar de todos.


>^^<

clorofórmio: é um líquido que produz efeito anestésico. A inalação do clorofórmio causa desde excitação, euforia, impulsividade, agressividade, confusão, desorientação, visão embaralhada, perda de autocontrole, alucinação, sonolência, inconsciência até convulsões, decorrentes de estágios mais graves onde há intoxicação.

osso hioide: é um osso que fica na parte anterior do pescoço, abaixo da mandíbula e à frente da porção cervical da coluna vertebral. O hioide não se articula com nenhum outro osso nem da cabeça nem do pescoço. Ao invés disso ele está ligado a diversos músculos do pescoço e cabeça, dentre eles os músculos da faringe e laringe.

The Killer;; Jjk + Pjm [Completa]Where stories live. Discover now