Capítulo Treze: A má justiça

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Benjamin notou uma desconfiança em sua resposta.

– Tudo bem, Srta. Kate. – Ele chegou perto dos ouvidos dela. – Seu segredo está muito bem guardado comigo; você foi um anjo naquele navio.

– Obrigada – riu sem graça.

– Na verdade, se não fosse aquele crápula do Sr. Smith, nada disso teria acontecido.

O homem começou a desabafar mais coisas, revelando o que pensava do réu projetista. Respeitando aquela fúria interna, Nathaly se fazia de um ouvido amigo, e não falava nada.

– Você não acha que pessoas desse perfil, assassino, deveriam pagar com a vida e não ser apenas julgado para viver alguns anos na cadeia?

– Eu acho que esse tempo já passou, Sr. Holmes.

– Você nunca quis fazer justiça contra alguma adversidade?

– Sr. Holmes. A justiça está aí para isso. Esse não é o caminho certo.

– Se eu tivesse algum poder, não perderia se quer uma oportunidade de punir infratores, que colocam a vida de inocentes em risco.

– O senhor está um pouco exaltado depois do que vivenciou. Acalme-se.

Nathaly pegou um copo com água e levou até ele.

– Obrigado.

– Agora, eu preciso ir. E se prepare para manter-se firme na hora do julgamento.

– Tentarei.

Ela se retirou. Benjamin bebia lentamente aquela água, e olhava para o interior do copo. A lentidão devia-se aos seus pensamentos. Em meio a eles, ele recordou de uma das suas frases ditas na conversa:

"Se eu tivesse algum poder, não perderia se quer uma oportunidade de punir infratores..."

Então, ele ergueu sua cabeça e colocou a mão no queixo.

– Se eu tivesse algum poder...

Depois de beber toda a água, ele amassou o copo com toda a força, levantou-se, jogou o copo amassado no lixo e foi tragar um charuto lá fora.

Nathaly estava subindo os andares quando, em um dos corredores, ela encontrou o seu amigo John, também convocado para compor o julgamento.

– Oi, John – disse ela, surpresa.

– Olá, Nathaly. – Ele se aproximou. – O mundo não é pequeno para nós. É minúsculo.

O comportamento dele estava estranho, mesmo expondo seu característico sorriso. Parecia que ele estava preocupado com alguma coisa. Isso começou a ficar evidente em sua face. Nathaly percebeu o seu atual comportamento, e chegou perto dele, colocando a mão no ombro do amigo.

– Está nervoso sobre amanhã? Se estiver, eu já lhe adianto que ninguém vai nos perguntar nada.

– Não é isso. Estou tranquilo quanto a isso – disse ele, dando algumas risadas secas e olhando para outras coisas em volta, menos para Nathaly.

– Como você um dia disse para mim, seus olhos não mentem – ressaltou. – O que aconteceu?

John olhou para ela, que já o observava com aqueles olhos verdes e inclinando um pouco a cabeça para o lado para tentar uma melhor atenção dele. Aquela pequena pressão originada pela a preocupação dela o fez contar a verdade, envolvendo a aflição de sua namorada com o seu pai, que ainda estava no mesmo quadro de saúde no hospital, em coma. A situação estava o afligindo também, por ver Alice sofrendo.

A Filha da Natureza - Volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora