Capítulo Doze: Vidência

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Nathaly estava a passeio de final de semana com seus pais na zona central de Manchester – nada como um momento em família para deixar um pouco de lado a rotina. – No meio desse passeio, eles passavam por uma praça da região, passando por uma senhora, que aparentava ter alcançado os seus sessenta anos, assentada à mesinha bem arrumada. Seus aparatos identificavam-na como uma cigana.

– Que família linda que estar a passar em minha frente – comentou aquela senhora, acompanhando-os em seu olhar.

Eles pararam e olharam para ela.

– Eu faço questão de fazer uma consulta com vocês, de graça – ofereceu. – Por favor, meus queridos, aproximem-se.

A família chegou perto dela, atendendo ao pedido. A senhora observava mais a Nathaly do que seus pais, propriamente.

– Eu vejo algo nos olhos dela – disse ela, apontando para Nathaly. – Sente-se, e dê-me sua mão, minha jovem.

A cigana estendeu as mãos com as palmas para cima, esperando o seu tocar. Steven já começou a ficar desconfiado com a conversa quando percebeu a tamanha atenção dada à filha. Isso o fez colocar as mãos no ombro da filha. Nathaly olhou lentamente para o seu pai, que a olhava no pretexto de recusar o pedido. Mas ela acabou sendo atraída pelo "algo" visto em seus olhos, acreditando ser mais do que os seus próprios poderes; ela resolveu se arriscar.

Lentamente, Nathaly sentou-se na cadeira e deu as suas mãos a ela.

– Seus olhos são lindos, minha filha – elogiou, olhando-a mais diretamente. –Agora, feche-os, por favor.

Ambas fecharam os olhos. Nesse ato, a senhora começou a ver o dia que seus pais receberam a notícia da gravidez e a alegria entre eles, esperando ansiosamente pela sua chegada. Nesses momentos, Nathaly sorria parcialmente, pois ela também via o que a cigana estava vendo. Mas o seu sorriso transformou-se em apreensão. Depois daquele momento, Nathaly revivia o traumático dia de seu nascimento, vendo toda a apreensão dos momentos antes de vir ao mundo e o momento em que o carro da família havia sido atingido pelo raio na tempestade. Depois, a visão percorria entorno da vida dela e via o seu futuro próximo. Enquanto tinham a visão, a cigana dizia as seguintes palavras:

– Seus dons são únicos e incríveis. Mas eles são muito maiores para salvar somente pessoas. Você surgiu para inibir a tamanha ignorância e desequilíbrio que têm crescido na Terra, que está levando-a aos últimos dias de sua existência. Porém, o seu medo e indecisões têm impedido-a de tomar posse de seu verdadeiro destino, que já lhe espera pronto, amordaçando uma voz íntima que apenas você pode ouvi-la, mais ninguém pode...

De repente, ela ficou calada. Sua visão compartilhada com Nathaly chegava a um cenário bastante brilhoso, ofuscando suas vistas no submundo. Em meio ao brilho, via-se um pouco do formato de uma coroa bem distante. Por outro lado, duas silhuetas de mulheres surgiram. Uma daquelas mulheres ofuscadas pelo brilho começou a se aproximar, até que a sintonia entre a Nathaly e a cigana foi interrompida, voltando com suas consciências àquela praça.

– Aí... – queixou-se a mulher, levando a mão à cabeça.

– Senhora? Que visão foi aquela? – perguntou Nathaly, apreensiva.

A senhora pegou fôlego para respondê-la, de tão forte que foi aquela visão.

– Eu não posso revelar muita coisa, pois há um bloqueio muito forte que me impede de avançar – disse ela. – Entretanto, a coroa simboliza o seu destino promissor; as mulheres representam duas mães.

A Filha da Natureza - Volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora