Capítulo Quatro: Tóxicos

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Equipe de cientistas e pesquisadores marcava presença em uma zona distante da área urbana de Manchester para trabalho noturno, próximo ao lugar onde outros estavam fazendo suas pesquisas anos atrás. Eles estavam fazendo extrações à procura dos mesmos nove principais e perigosos minerais existentes na Terra, sendo o Cinábrio um dos minerais de mais requisição. O número de profissionais era grande naquela noite, e havia bastante movimentação no lugar e dentro de um rochoso túnel feito por eles. Dentro desse túnel, em um setor específico, havia dois mineradores componentes da equipe de pesquisas, totalmente e devidamente equipados.

– Amigo – chamou o minerador o outro –, eu vou tomar um pouco de ar lá fora. Está muito quente aqui dentro, não acha?

– É, realmente. Mas vejo isso como uma justificativa para fumar – disse o outro.

– Pelo visto, não há como enganar você, mesmo.

– Está bem, cara. Vá tomar esse seu ar – autorizou-o. – Olha, volta logo ao trabalho, pois é de suma importância para o pessoal.

– Entendido.

Um deles saiu dali para tragar um cigarro. No caminho à boca do túnel, ele tropeçou em uma mangueira de um aparelho delicado que distribuía gás inflamável para o interior do ambiente.

– Droga! – reclamou – Quase derrubo os meus cigarros no chão. – Ele continuou a andar.

Vendo que ele não perdera seus maços de cigarro que poderiam ter caído da caixa quando tropeçou, acabou não dando atenção à mangueira que quase o derrubou, e muito menos do aparelho que estava ali. Nessa desatenção crucial, o impacto causou um leve deslocamento dela do equipamento, liberando o gás de maneira sorrateira pelo ar.

O forte cheiro do gás chegou até o seu companheiro, que foi o primeiro dos demais que estavam trabalhando na parte interna a perceber um cheiro diferente. Como profissional, ele não perdeu tempo para se certificar do problema, deixando seus afazeres de lado para procurar. A substância gasosa intensificou, prejudicando a sua respiração, mas correu quanto podia.

– Pessoal! – gritou – Saiam daqui, rápido! Há um gás inflamável no ar!

O estado se transformou em uma grande emergência para todos, que começaram a correr para se salvarem. Como estavam bastante distantes da boca do túnel, muitos começaram a pegar cilindros de oxigênio espalhados pelos cantos para evitar a inalação do gás; outros esbarravam e derrubavam carrinhos cheios dos minerais já extraídos para ser levados. Um verdadeiro caos formou-se internamente.

Bem na entrada desse túnel, o fumante estava prestes a acender o seu cigarro. Quando ele riscou o fósforo, ouviu um grito do seu companheiro e dos demais, que corriam por suas vidas:

– Não faça isso!

Mas não houve tempo suficiente, e uma grande explosão ocorreu, indo do começo ao fim do túnel. Os cientistas e outros trabalhadores se assustaram com o imenso barulho, e foram surpreendidos com uma imensa nuvem em suas direções, que trazia consigo uma pressão que os levaram ao chão, juntamente com as mesas, barracas e objetos. Nessa nuvem continha resíduos dos minerais fresquinhos (naturais) extraídos, e o vento começou a espalhá-los pelo ar rapidamente, dissipando a nuvem, rumo à cidade urbana. Foi uma noite marcada por uma grande tragédia.

Era manhã do dia seguinte. Como de costume, Clara estava arrumando a mesa para o café da manhã na cozinha, mas estava sozinha, sendo uma cena rara pelas manhãs.

– Mãe? Cadê o meu papai? – perguntou Nathaly, de forma carinhosa ao mencionar o pai.

– Oi, bom dia, filha. – Clara parou o que estava fazendo para dar atenção à filha. – O seu pai ainda está no quarto. Ele acordou um pouco cansado.

A Filha da Natureza - Volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora