Capítulo Nove: Metamorfose

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Na turma da sala de Nathaly, havia um garoto chamado Aidan Summer, um estudante bem inteligente e que sempre se esforçava para se enturmar mais com as pessoas. A sua maior luta, que o levava a esse esforço, era contra sua má aparência física, consistindo nas deformidades na pele ao lado direito do rosto, indo até o seu pescoço, e em algumas partes do seu corpo, como suas duas mãos. Eram deformidades que se assemelhavam às cicatrizes provocadas por queimaduras. Isso desvalorizava a sua real aparência física, constituinte dos olhos azuis e cabelos castanhos claros lisos, e ele era alvo de brincadeiras fúteis dos seus próprios amigos - quanto mais de outros alunos da escola e jovens que conviviam em sua volta.

Quando todos da sala estavam se preparando para sair, após o sinal anunciar o término do dia letivo, esses amigos estavam aglomerados no fundo da sala. Eles estavam planejando uma festa noturna a céu aberto em uma área verde e próximo de um lago, localizado há alguns quilômetros da escola. Essa festa reuniria o grupo com algumas garotas convidadas. Aidan percebeu aquela movimentação atrás e decidiu chegar mais perto para participar da conversa.

- Olá, pessoal - saudou Aidan. - Haverá uma festa hoje à noite?

- Olá, Summer, meu amigo - recepcionou-o o encarregado da ideia da festa. - Sim, haverá. E convidamos algumas garotas da escola para participar.

- Haverá garotas na festa? Que demais! - alegrou-se. - Se eu não viesse até vocês, nem saberia dessa festa. Agora, eu poderei encontrar alguém...

- E não era para você saber mesmo - disse ele.

- Como assim? - Ele perdia o entusiasmo com aquele comentário.

- Se você for, cara... não sobrará nenhuma para nós...

- Por quê? Estão com baixa moral assim?

- Não. Com sua feiura, é capaz de todas da festa saírem correndo como se elas tivessem visto uma barata. - Os outros do grupo riam e zombavam do garoto. - Mas calma: chegará sua vez, quando houver uma festinha própria para sua classe. - Tornaram a rir dele.

Aidan ficou com sua altoestima lá embaixo. Era chegado o seu limite em aguentar tanta humilhação que, muitas vezes, eram relevadas por ele, tratando como singelas brincadeiras dos seus companheiros. Por chegar a esse limite, parecia não encontrar um refúgio contra aquilo que começava o aprisionar em sua própria pessoa. Saindo de cabeça baixa, ele esbarrou-se em Nathaly e Juliana, que estavam arrumando seus materiais e as colocando na mochila.

- Opa - disse Juliana. Um dos seus lápis caiu de sua mão por causa do esbarro.

- Desculpa, Srta. Butzek. - Aidan se agachou para pegar o lápis, e o deu para Juliana com vergonha da sua mão defeituosa. - O seu lápis.

- Obrigada, Aidan - agradeceu, sorrindo simpaticamente.

O garoto a olhava em seus olhos e apreciava o seu sorriso.

- E não precisa me chamar pelo sobrenome.

- É costume. Desculpa - disse ele, acanhado.

Nathaly percebeu que ele estava muito desanimado com algo. Não veio outra coisa em sua cabeça a não ser uma possível e nova brincadeira envolvendo a sua aparência física. Sim. Tanto Nathaly como Juliana já sabia de seu histórico como vítima de brincadeiras a seu respeito. Mas esse dia era o ápice da situação.

- Está tudo bem, Aidan? - perguntou Nathaly.

- Mais ou menos... Mais para menos - respondeu. - Os meus amigos não param de me zoarem por causa da minha aparência, não me convidaram para uma festa de hoje à noite, garotas que não querem papo comigo... E por aí vai.

A Filha da Natureza - Volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora