Capítulo 8 - A Última Relíquia

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A S T R I D
H O F F E R S O N


Ao longe, a trombeta é tocada, anunciando que é hora de voltarmos aos nossos chalés para dormir. Todo mundo começa a se retirar ao comando de Quíron, que pede para que só os sete da Profecia do Equinócio e os heróis do Solstício de Inverno permaneçam, bem como Annabeth Chase.

Flynn dá um beijo na bochecha de Rapunzel, antes de sair. Hiro tem uma breve discussão com Vanellope, mandando ela ir embora, mas a semideusa alega que se não fosse por ela, ele não teria voltado vivo da guerra no inverno passado, então a menina fica. Jaime Bennett parece tão deslocado no nosso grupo quanto Emma; ela abraça a si mesma e ele desvia o rosto para o lado.

Quanto a Anna, ela está bastante concentrada em fingir que não está olhando fixamente para Hans, nem derretendo quando o romano lança sorrisos ao flagrá-la. Ela parece bem perturbada com os próprios sentimentos. Sinto vontade de dar um beliscão naquela garota por ser tão ingênua. Elsa e Jack discutem com Kristoff, ao tempo em que Merida e Soluço trocam algumas palavras com Quíron e Annabeth.

— Muito bem, ouçam — o centauro chama atenção, passando a voz à Merida:

— Há algumas semanas, Soluço e eu nos esbarramos com uma deusa.

— Uma deusa? — Hans ecoa com uma gargalhada sarcástica e musical, que agradaria os meus ouvidos, se eu não soubesse quem ele realmente é. — Nossos pais divinos não se apresentam nem em sonho para a maioria de nós, imagine aparecer em pessoa. Não pode ser verdade.

— Só que é verdade. E foi... Estranho. — O Cavaleiro de Dragões coça a nuca, os círculos escuros ao redor dos olhos verdes denunciam a falta de sono. — Ela não era nenhuma divindade do panteão grego ou romano, ela...

— Ela era nórdica — Merida revela, estreitando os olhos azuis e averiguando se vamos explodir ou não com a informação. — Uma deusa nórdica do amor e da guerra.

— Freya. — Anna advinha, sombria, o semblante subitamente sério; e de repente as trancinhas e a jaqueta rosa já não parecem mais combinar com ela.

Merida já havia me contado aquela história sobre o encontro com a deusa Freya, mesmo assim, não deixo de ficar surpresa, os pelos do meu braço se eriçam.

Quando eu era pequena, a minha mãe me contava histórias de garotas guerreiras, Valkirias, que lutavam em batalhas, ao lado de uma poderosa deusa – Freya. Pensei que era apenas um mito. Tipo, um mito inventado mesmo, não um mito verdadeiro. Percy Jackson saberia do que estou falando.

— O fato é — a filha de Belona prossegue, colocando a mão no quadril — que Freya nos deu um aviso. Mandou que procurássemos pelo einherji da família Chase, quando os panteões estivessem novamente à beira do colapso.

— Chase — Annabeth sublinha, esclarecendo, de olhos cinzentos arregalados. — Magnus Chase. Ele é meu primo.

Anna massageia as têmporas e fecha os olhos apertados.

Einherji... O termo quer dizer "herói honrado". Algo me diz que já conheci o Magnus... Acho que ele parece aquele roqueiro do Nirvana.

— Kurt Cobain? — Hiro deduz.

— É. Mas... — Anna sacode a cabeça como que para voltar ao foco, agitando o entrançado do cabelo quando faz isso. — Mas como assim "quando os panteões estivessem novamente à beira do colapso"? — Ela faz aspas com os dedos.

— Nem sempre o Acampamento Meio-Sangue e o Acampamento Júpiter estiveram juntos — Quíron explica. — No passado, semideuses gregos e romanos travaram terríveis batalhas, de modo que os deuses decidiram intervir e separá-los.

Equinócio de AnnaWhere stories live. Discover now