Capítulo 18 - Antagonista

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A S T R I D   H O F F E R S O N

Meu coração disparado dá chutes violentos a cada batida, o suor escorre pelo pescoço, minha respiração é ofegante. Enquanto corro, o som dos meus passos reverbera pelas paredes rochosas e maciças. A chama alaranjada das tochas fica cada vez mais fraca conforme avanço; e as sombras cada vez maiores.

Finalmente, desemboco numa câmara úmida e mal iluminada, que se bifurca em dois túneis à frente — frestas de escuridão cavadas na rocha. Freio a corrida, e meus pés fazem uma dança atrapalhada, sem saber para onde ir.

— Anna! — Meu grito ressoa pela caverna. — Vanellope!

Tenho apenas o eco como resposta.

Engulo seco, ansiosa, e forço a vista no escuro, para o chão, seguindo meus instintos de rastreio. Vejo as pegadas na terra, que levam em direções opostas.

Elas se separaram — balbucio.

Tenho que escolher entre qual das duas vou continuar procurando, não tenho tempo para indecisão. O gás venenoso está prestes a me alcançar.

Rapidamente, retiro uma tocha de um suporte enferrujado e, antes que me dê conta, estou correndo pelo túnel da esquerda, perseguindo as pegadas solitárias de Vanellope, porque sei que os outros foram atrás de Anna.

Ouço o guinchar agudo, terrível e insuportável do monstro assassino que continua lançando gás. Esse barulho só não é pior que o choro angustiante e fantasmagórico das lamentações, que assombram a caverna.

De repente, sinto o sopro frio do vento forte, que apaga a chama de vez.

Sou engolida pela escuridão absoluta.

Cega, largo a tocha apagada no chão e desembainho o machado, em posição defensiva. Antes ininteligíveis, os lamentos agora são nítidos.

— Me perdoe...

— É culpa minha...

Sinto muito — suspiram atrás de mim —, não queria que terminasse assim...

Tenho um sobressalto, os pelos da minha nuca se eriçam, um calafrio desce pela minha espinha. Seguro firme no cabo do machado, que desliza em minhas mãos suadas e trêmulas.

É assim que vou morrer?, me pergunto, ciente do coração disparado. Não em batalha, mas no escuro, sozinha e assustada?

Tento entender como as coisas chegaram nesse ponto, qual foi a falha na estratégia, o erro fatal. Uma única lembrança salta à mente. Não um erro de cálculo; um erro meu.

Acho que você tá sendo injusta, Anna acusava.

Afinal, se virar o tabuleiro, talvez eu também tenha sido a vilã.

Afinal, se virar o tabuleiro, talvez eu também tenha sido a vilã

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Equinócio de AnnaWhere stories live. Discover now