Capítulo 16- Traveling birds

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      Sim, ir embora da mansão Willians nos pareceu a melhor opção, embora tivéssemos tudo lá, comida, água e energia mesmo assim não teríamos segurança, não teríamos um porto seguro e continuariamos vivendo em uma constante luta desde que tudo começou. Decidimos seguir viagem para New York, pegamos toda comida que o carro nos permitiu guardar e absolutamente todas, todas as armas do velho e grande closet branco.

         Ficamos acordadas a noite inteira até que decidimos o que faríamos de verdade. Não foi fácil tomar esta decisão, no começo até nos pareceu estúpido deixar tudo isso para trás, mas eu prefiro viver em um pequeno quarto do e segura do que passar o resto da minha vida tentando sobreviver, conhecendo pessoas novas e as perdendo da noite para o dia.

        Por volta das 15:30 da tarde decidimos ir embora, pegamos tudo que pudesse ser útil para nós, assim como pegamos também todas as fotos que tiramos no dia anterior. Revisamos o carro, Tifanny encheu duas malas somente com comida e Ruby encheu galões de água para nos mantermos hidratadas na estrada, ou seja, cada um ficou com uma tarefa diferente e no final estávamos prontas para enfrentar tudo novamente, assim como da primeira vez, mas tenho a impressão de que agora será diferente, agora temos recursos e uma razão para continuar seguindo em frente. Mas antes de sair da mansão nós nos separamos e visitamos os lugares que mais amávamos naquela casa e por último, a cova de Robie.

       Mais um motivo pelo qual saímos da mansão. Aquele lugar nos lembraria Robie o tempo todo, nos faria ficar tristes e sem motivações para continuar, acho que seguir em frente foi a melhor opção, Robie provavelmente iria querer isso para nós.

        Robie... bem, ele foi a melhor pessoa que nós encontramos nesse maldito apocalipse, as vezes fico me perguntando se foi meu pai que fez nossos caminhos se cruzarem porque Robie foi como um anjo em nossas vidas, ele nos deu amor e nos acolheu em sua casa. Ele foi uma das pessoas com o coração mais puro que já vi em minha vida, seus olhos brilhavam quando acordavamos para tomar café da manhã. Ele fazia extremamente tudo para nós nos sentirmos felizes e confortáveis. Ele adorava brincar de jogos de tabuleiros com Tifanny, amava conversar com Ruby sobre astronomia, e também adorava trocar histórias de nossas vidas passadas comigo, eu amava ouvir suas histórias de como ele viajou quase o mundo inteiro, de seu amor com Julieta e entre muitas outras aventuras. Eu pelo contrário, contava como minha vida era entediante no velho Texas. Fiquei surpresa quando descobri o real motivo pelo qual ele tinha tanto afeto pelo quarto da borboleta, era muito especial para ele e acredito que se realmente houver um além da vida, ele deve estar se divertindo com Julieta e sua filha que nunca pode ter e, provavelmente já deve ter conhecido meu pai.

        Ficamos arrasadas quando tudo aconteceu, choramos muito mas agora... temo o sorriso estampado em nossos rostos seguindo em frente para o nosso futuro, para o amanhã, onde ficaremos juntas e nunca mais precisaremos fugir de nossa nova vida. A melhor coisa desse apocalipse é que estamos juntas. Pelo menos isso.

      Sabe, por mais que já estejamos "acostumadas" com essa idéia de perder as pessoas que amamos, uma cansa. Não é nem um pouco fácil aceitar a morte de alguém, Robie foi a primeira pessoa que conhecemos neste apocalipse, a primeira pessoa que nos deu todo o suporte, acolhimento e amor. Se meus pais tivessem morrido quando eu era pequena certamente amaria ser adotada por ele. Ele queria um filho (a) e naquele momento nós estávamos precisando de um pai.

                                  *

     Já passamos horas dirigindo por uma longa estrada sem fim, todas estamos cansadas e com os olhos inchados de tanto chorar. Revezamos por um tempo para a outra poder descansar, até Tifanny aprendeu a dirigir.

     O sol está começando a se pôr e agora está na vez de Ruby dirigir. Tifanny está deitada no banco de trás ocupando todo o espaço com os pés na janela. Em silêncio seguimos por uma estrada onde é possível ver grandes prédios bem na nossa frente, alguns carros abandonados quase nos impedem de seguir em frente. Ainda é possível sentir os últimos raios de sol brilhando em nossos rostos, logo em seguida tudo começa a escurecer fazendo um belo contraste do dia com a noite, ou seja o final da tarde, quando o céu não se decide em qual cor quer estar, então ele fica todo colorido formando um rosa perfeito.

Correr ou Morrer : Apocalipse Where stories live. Discover now