Cap. 27

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Anos antes...

Rebeca esta andando pelo corredor gigante da empresa onde deixará seu currículo, onde ela pretende arrumar um estagio. Ela esta a procura da sala do gerente, mas não sabe onde fica, ela perguntou para um cara que estava junto com ela no elevador, que disse que ficava no terceiro andar, mas ela não está a encontrando.

Ela fica olhando para os números das portas, a procura do números 1345. Onde esta essa porra de sala? Não aguento mais andar por esses corredores horrendos.

Rebeca para ao lado da maquina de bebidas quentes, olha para as opções meio enjoada, o salto alto esta acabando com seus pés, sua visão esta meio embasada. O que esta escrito aqui? Odeio quando fico assim, nesse estado de "preciso de algo doce no meu organismo".

Ela coloca cinco reais na maquina, pede um café com leite, nível de açúcar quatro, quase o mais alto. Olha as unhas com cutículas mal feitas, lamentando-se por não tê-las feito no fim de semana. O esmalte rosa-azul que ela passou na semana passada já esta saindo, deixando suas mãos com aspecto de mal cuidadas.

A maquina faz um barulho, avisando que a bebida quente que ela pedira, esta pronta. Ela demora um pouco para pegar sua bebida, bufando por esta com as unhas tão desarrumadas. Rebeca fica se perguntando o que o gerente irá pensar dela. O nervosismo a esta deixando angustiada.

Ela sai de cabeça baixa, mexendo o café com leito com uma minúscula colherzinha, se é que esse negocio de plástico pode ser chamada de colher. Seu cabelo sai sobre seu rosto, impedindo-a de ver algo que não seja o chão.

Rebeca continua mexendo a bebida, tentando diminuir seu medo, e tentando achar a tal sala. Ela esbarra em algo, parece um poste, o café com leite derrama em sua blusa, queimando levemente sua barriga.

- Puta que pariu, mas que desgraça. - Ela xinga. Olha para cima com os cabelos ainda sobre o rosto, a procura do poste que não vira antes. Mas não há poste algum, somente um homem de terno, uma barba gigantesca cobre seu rosto, mal da para ver seus lábios. - Você é cego? Não viu que eu estava andando de cabeça baixa, não. - Revira os olhos.

- Desculpe-me. - Rebeca olha para suas mãos, cheias de café, assim como seu terno e o Iphone em sua mão direita. - Eu estava...

- Mandando uma mensagem. - Exclama Rebeca, interrompendo-o. As bochechas dele coram de vergonha.

- Isso. Desculpe-me. - Ele pega um pano branco no bolso do terno, esfregando-o na blusa de Rebeca, que se encolhe.

- Não precisa me secar. - Ela solta o ar pela boca, com força, fazendo alguns ruídos. - Da próxima vez não mexa na porra do seu celular, deixe para falar com seu amor divino em outra hora.

O cara barbudo tenta conter o riso, mas acaba caindo na gargalhada. Rebeca se irrita, deseje dar um murro na cara dele, fazer com que ele a arrume uma nova veste. Seu rosto começa a ficar vermelho, o sangue corre a mil, ela soltar um grito de quebrar vidros.

O cara para de gargalhar, com uma expressão seria e assustada a encara.

- Qual a graça?

- Hã? - Ele se finge não ter entendido.

- Você é burro? Perguntei qual era a graça? Ou acha bonito ficar rindo de uma menina suja de café com leite?

- Você falando amor divino foi engraçado. - Ele sorri. - O que posso fazer para me redimir?

- Que tal ir para inferno?

- Vish. Tem alguém mal-humorada aqui.

- Qualquer um ficaria de mal humor perto de você, ainda mais suja de leite. Tenho que encontrar um sala que parece não existir, agora não posso ir até lá por que estou toda melada, daqui a pouco vou estar com cheiro de leite azedo. E a culpa é toda sua.

- A culpa é minha por você não encontrar a sala? Me poupe, arrume outra pessoa para culpar. - Ele da um passo para o sala esquerdo, e volta a seguir seu caminho como se nada tivesse acontecido.

Rebeca se vira para encara-lo.

- Você não pode me deixar aqui. - Grita.

- Por que não? - O cara pergunta sem se virar e sem parar de andar.

- Por que você me sujou. - Ele para.

- Não estou nem ai. - Diz ainda de costas.

- E estou perdida. - Ela faz um bico, o qual ele é incapaz de ver. - Achei que quisesse fazer algo para se redimir.

- Disse bem, queria. - O cara gira os calcanhares, indo ate ela. - Mudei de ideia, não quero me redimir com pessoas sem educações.

- Vá a merda.

- Viu. Tchau. - Ele se virou novamente.

Esse cara é um idiota filho da puta, espero que morra.

***

Rebeca arruma sua roupa, certificando-se que não há problema algum com ela, fora o leite derramado, ajeita os cabelos, e só então bate na porta marrom clara esfumaçada, com o numero 1345 colado logo acima.

Ela espera ouvir alguma voz dizendo "entre", mas então a porta se abre, o cara barbudo esta logo atrás, Rebeca se assusta, nunca imaginou encontrá-lo aqui, torcia parar nunca mais ve-lo,mas seu pedido não foi ouvido, ela faz cara de nojo.

- O que fazes aqui? - Pergunta toda autoritária.

- Entre. - Diz o cara barbado. Ele a mostra onde deve se sentar.

~~

- Ele lhe acompanhará em tudo, qualquer problema que tenha, fale com ele, e pode pedir ajuda para ele também. - Fala o gerente apandando para o cara barbudo.

Eles saem da sala, deixando o gerente para trás, que é pai do cara barbudo.

- Agora vai ter que me suportar por muito tempo. - Brinca o barbado.

- Infelizmente.

- Sou Paulo.

- Rebeca, mas isso você já deve saber.

O mais novo interesseWhere stories live. Discover now