Cap. 19

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Dois meses depois...

Rebeca

Dois meses haviam se passado, minha vida esta voltando ao normal, tudo esta indo bem. Samantha não aparecia as aulas, tinha parado de me perseguir, acho que ela finalmente tinha deixado o interesse por mim de lado, isso me deixa bem feliz, não queria mais essa menina grudenta no meu pé.

Bianca esta namorando, fica pouco tempo em casa, passa o dia inteiro junto com o Lucas, eu tento ser uma mãe moderna e deixa-la livre, vivo dando conselhos e alertando de que passar tanto tempo junto não é algo muito legal, que irá gerar brigas e talvez até enjoem da cara um do outro.

Marlon anda muito ocupado no trabalho, principalmente agora que dobrou o horário das aulas de Frances, ele anda muito feliz e empolgado, o que faz com que eu também fiquei.

***

A manhã esta nublada, venta bastante, meus cabelos recém cortados não param atrás da orelha, toda hora entrando em meus olhos, tirando-me do sério, tive vontade de arranca-los com as mãos. Estou começando a me arrepender por tê-los cortados. Tento andar mais rápido, para chegar logo no colégio, esse era o ruim de se atrasar, ter de estacionar tão longe. Meus materiais estão pesando, o que não permiti que eu ande mais rápido. Adoraria uma ajuda, até mesmo da senhorita grude. É para isso que servem as pessoas que gostam da gente, para nos servirem. Solto uma risada. Finalmente entrando no colégio.

Indo direto para a sala dos professores, desabando no pequeno sofá perto da porta. Suspiro profundamente. Meus braços parecem ter sido atropelados por grandes sacos de batata. Quando finalmente tenho minha força de volta, levanto e vou até a nova grade horaria, fico garanta por ter os dois primeiros horários vagos.

Depois de comprar rosquinhas e café em uma padaria perto do colégio, fico dentro do carro com o aquecedor ligado, mastigando lentamente, enquanto a musica "You'll never walk alone" toca minha alma, deixando-a mais leve, como se eu tivesse tirado um peso das costas. Foi inevitável não contar. "Walk on, walk on. With hope in your hearts. You'll never walk, alone".

***

- Bom dia pessoal. - Disse toda contente ao entrar na sala do segundo ano. Como em um musical a maioria respondeu, alguns tinha a cabeça baixa e assim continuaram, normalmente eu os acordaria, mas estou bem demais para me importar que esses atoas, outros que conversavam simplesmente pararam de conversar e se viraram para frente. - Atenção para a chamada. Anna Clara.

- Presente... - E eu segui chamando os nomes.

- Samantha. - Ouvi "aqui", que me fez levantar os olhos e procurar pela Samantha, ela esta com o rosto meio cansado e pálido, seu braço esta levantado para que eu a enxergue. - Finalmente decidiu comparecer as minhas aulas. - Ela revirou os olhos, deitando a cabeça na mesa.

Assim que terminei de fazer a chamada, comecei a escrever no quadro tudo que ia explicar na aula, tentei não ligar para a conversa paralela, pois ainda não estar explicando nada. Meu corpo bem aquecido, começa a ser tomado pelo calor e suor, deixando-me desconfortavel. Fiz uma pausa indo ate minha mesa, tirei o jaleco, casaco, ficando só com uma blusa de alcinha vermelha, tornei a colocar o jaleco. Suspendi os olhos para ver como ia o rendimento da turma, percebi que Samantha tinha levantado a cabeça, me olhava com um grande sorriso nos lábios. Assim que o olhar dela encontrou o meu, ela logo desviou, corando as bochechas.

- São direitos sociais: Educação, saúde, trabalho, lazer, moradia, segurança, alimentação, previdência social, proteção à maternidade e à infância, desde que a criança nasce até os cinco anos de idade assistência a desamparados... - Fiz uma pausa para que eles pudessem absorver as informações. - Alguma duvida? - Samantha levanta o braço. Uma grande surpresa ela ter duvida, ela nunca pergunta nada. - Sim, Samantha.

- Posso ir ao banheiro? - A turma inteira começa a rir.

- Bela duvida essa sua. Mas estamos no meio de uma explicação. - Ela se levanta e se aproxima de mim.

- Eu sei que estamos no meio de uma explicação, não sou burra. Porém preciso muito ir ao banheiro. - Samantha coloca os lábios próximo a minha orelha e sussurra. - Não estou bem, espero não precisar ir na diretoria dizer algumas coisas... - Ela não consegue terminar a frase, eu sei que ela esta blefando. Isso não é típico de Samantha, ela mudou bastante nesses dois meses.

- Vá logo e para de encher meu saco guria.

Samantha começou a andar em direção a porta, eu fiquei observando, ainda digerindo o que ela acabara de dizer. Ela parecia normal, até começar a cambalear e quase cair no chão, se ela não tivesse segurado em uma cadeira ao seu lado, teria caído. Corri em sua direção, fazendo ela se sentar.

- Sam, você esta bem? - Ela concordou com a cabeça, mas seu corpo estava mole, Samantha com certeza não esta bem. - Você bebeu? - Indaguei

- Não!

- Vem, vamos ao banheiro. - O que eu fiz para merecer uma coisas dessas? Como se não bastasse ela ser apaixonada por mim, ser um grude de pessoa, eu ainda tinha que cuidar dela. Revirei os olhos discretamente.
Segurei Samantha pela cintura. Arrastando-a corredor a fora.

Quando chegamos no banheiro, me encostei na pia e fiquei observando Samantha, enquanto ela lavava o rosto e soltava alguns xingamentos.

- O que houve? - Fingi estar preocupada, pedindo aos céus para que ela não comece a contar uma gigantesca história.

- Eu não sei. Já tem alguns dias que venho me sentindo meio mau. - Ela secou o rosto, sem tirar os olhos de mim, o que me assustou um pouco.

Todo desejo que eu tinha por ela, voltou com grande força. Antes que eu pudesse ter consciência de qualquer coisa, já a estava beijando. Eu a beijava ferozmente, e ela se derretia em meus braços. Eu poderia fazer o que bem quisesse com essa trouxa, ela é idiota demais para perceber quando esta servindo só de segunda opção, nunca vai perceber que eu simplesmente a uso, não quero nada serio com ela.

Passando a mão por todas curvas de seu corpo, aproveitando cada cantinho, enquanto ela beijava meu pescoço, com as mão dentro da minha blusa, encostei-a na parede. Ela me emburra com força, correndo para um boxe, batendo com força a porta. Não consegui entender. Como ela pode me dispensar? Mas então escutei um barulho vindo lá de dentre, percebi que ela estava vomitando.

- Sam, você esta bem? - Não houve resposta. Bati na porta. - Sam.

- Sai... - Samantha gritou.

- Não vou sair daqui até sabe que você realmente esta bem. - Até que eu estava fingindo muito bem. Dei um sorriso malvado.

- Estou ótima.

- Vou ligar para seus pais. - Digo, agindo como uma professora.

- Nãão. - Ela grita abrindo a porta, dando descarga.

- Para quem eu ligo então? Você não tem condições de assistir aula. - Samantha passa agua na boca.

- Deixa que eu ligo para o Tobias.

- Aquele cara da festa?

- Esse mesmo. - Samantha revira os olhos e tira o celular do bolso.

"Tobi, estou passando mau, não quero ir para casa." Silencio. " Você não esta trabalhando não, ne?" Silencio. "ta bom".

- Ele esta vindo me buscar. Satisfeita?

- Agora sim. - Digo com um ar de alivio, mas o único alivio que eu estou sentindo é de me livrar dessa garota.

***

Saio do colégio muito exausta, morrendo de fome. Ligo o som, que esta tocando "It's Gonna Be All Right".

Pego meu celular antes de ligar o carro, há algumas ligações de clientes e uma mensagem da Barbara avisando que vai almoçar com o Lucas. Decido telefonar para o Marlon, que atende depois do oitavo toque, quando estou prestes a deligar.

- Boa tarde amor. - Digo toda empolgada. - Vamos almoçar fora hoje?

"Oi chéri. Sobre o almoço, vou ter que almoçar aqui por perto, tenho uma reunião em dez minutos. Lamento."

- Ahhh... Tudo bem eu entendo. - Não, eu não entendia. Ele andava tendo pouco tempo para mim, e eu estou começando a me sentir muito sozinha. Solto um longo suspiro depois de desligar a ligação.

O mais novo interesseWhere stories live. Discover now