Cap. 34

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Samantha

As palavras "enquanto estiver morando aqui, deve sim" ficaram se repetindo mil vezes na minha cabeça, foi o mesmo que dizer "enquanto estiver aqui, terá de seguir minhas regras, serei sua sombra", se fosse para viver assim, poderia viver com meus pais, e ele falou isso como se eu tivesse realmente me mudado para cá. Isso me partiu o coração, não me sinto mais bem-vinda no único lugar que me sinto confortável, me sinto eu mesma, ou pelo  menos me sentia.

- Nunca pensei que você fosse isso, sempre te vi como um AMIGO. - Dei ênfase ao amigo. - E sobre eu morar aqui, pode deixar que isso não será mais um problema.

- O que esta querendo dizer com isso? - Ele pergunta com uma grande duvida.  Passo por ele, indo direto para o quarto.

Pego minha mala que esta guardada perto guarda-roupa, abro as gavetas, tirando minhas roupas de dentro e as guardando na mala. Tobias aparece, seu olhar mostra que não esta  entendendo  o por que eu estou arrumando minhas coisas, não paro para explicar, simplesmente continuo.

- O que você esta fazendo?

- Arrumando minhas coisas para ir embora da SUA CASA. - Ele se aproxima de mim, afastando a mala com o pé direito.

- Não faça isso.

- Eu tive uma noite maravilhosa, desculpa não te avisado, mas tudo aconteceu muito rápido. E se para ficar aqui, você terá que ser minha sombra, eu dispenso, prefiro voltar para casa dos meus pais, pelo menos eles não jogaram na minha cara que a casa é dele. - Meus olhos começam a lagrimejarem.

-  Não estava jogando nada na sua cara.

- Pois foi isso que pareceu. Da proxima vez tente falar de um modo mais compreensivo e menos aberto. - Tentar ser calma não esta ajudando em nada.

- Sam, não faça isso.

- Por que eu deveria parar?

- Por que você entendeu tudo erro. Eu não quis dizer aquilo, você entendeu tudo errado, eu so estava muito preocupado.

- Foda-se o que você quis dizer, não importa mais. Você me trouxe para cá, para que eu pudesse esfriar a cabeça em relação a gravidez, pronto já fiz isso. Esta mesmo na hora deu voltar para casa. - Puxo a mala e continuo a colocar as roupas dentro dela.

- Samantha, não seja dramática. - E uma das ultimas coisas que estou sendo é dramática. Essa foi a gota d'água.

- Eu não estou sendo dramática, mas que porra. - Grito. - Se eu estou sendo dramática como você disse, você esta sendo o que? Um idiota? Babaca? - Pergunto em um tom mais calmo. Meus olhos estão marejando.

Tobias olha para o chão, fica pensativo, aproveito  o sossego dele e volto a arrumar minhas coisas. Entro no banheiro e vejo se não estou esquecendo nada, pego uma calcinha que esta pendurada perto do box. Aguardando-a no bolso do lado de fora da mala. Começo a tirar as poucas blusas que estão penduradas em cabides. Tobias entra no meio, ficando entre o guarda-roupas e eu. Tenta olhar no fundo dos meus olhos, mas abaixo a cabeça.
- Por favor, pare com isso, por mim. Para onde você iria? - Ele tenta levantar minhas cabeça, mas não permito.

- Oras, até parece que eu não tenho casa. Saia da frente. - Tento ser educada.

Ele sai da frente, penso em ficar, talvez eu esteja fazendo tempestade em um copo d'água, mas esse pensamento logo some. Fecho a mala, ando  em direção a saída.

- Pare. - Diz ele quando estou perto da porta. Diminuo a velocidade dos meus passos. - Desculpe, eu só estava super preocupado contigo.

- Não se desculpe, você esta correto, eu estou na sua casa, devia ter avisado. - Digo sem virar para trás.

Tiro a chave do apartamento do meu chaveiro, giro os calcanhares, indo até ele, pego sua mão e coloco a chave no meio.

- Obrigada. - Digo em um tom seco.

Saio pela porta a fora, torço para ele não tentar me impedir, pois realmente estou muito decepcionada, mas ele não faz isso, simplesmente me deixa ir. Desço pelo elevador, pensando em quem me levará para casa.

As lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto, nunca pensei que minha felicidade fosse durar tão pouco. Em pensar que eu estava super empolgada para contar tudo para ele, torna tudo pior. Procuro meu celular, não o encontro em lugar algum, refaço meus passos e percebo que o esqueci em cima da cama.  Peço com a maior gentileza para o porteiro pedir um taxi, que faz na maior boa vontade.

Sento no chão, encostando minhas costas na parede ao lado da saída do predio. Não sei qual desculpa darei para minha mãe, que vera meus olhos inchados e logo desconfiará de alguma coisa. Na verdade, não queria ir para casa, queria poder passar um tempo sozinha, só eu, meu bebê e meus pensamentos, que agora estão desordenados.

Apenas segundos se passaram, mas parecem mais uma eternidade. Coloco o braço em cima dos joelhos, apoiando minha cabeça sobre ele. Será que esse táxi pode por favor chegar logo? Oh Deus, onde eu fui amarrar meu boi?

- Senhora. - Uma mão toca em meu ombro. - O táxi chegou, esta lá fora esperando por você. - Levanto, ainda meio zona por ter ficado tanto tempo com os olhos fechados.
Vejo Tobias sair do elevador, ele esta com cara de enterro, ando depressa, não quero falar com ele.

Entro no táxi, vejo-o olhando para mim, desapontado, meu coração se parte, mas já é tarde de mais para voltar.

***

Toco a campainha, pois não sei cade minha chave, torço para meu rosto não me entregar.  Escuto os passados do lado de dentro, minha mãe abre a porta, fica espantada,  a principio acho que é pelo meu estado, mas depois percebo que ela não estava esperando por mim.
- Oi minha flor. - Por fim ela fala, puxando meu corpo para um abraço apertado. - Estava morrendo de saudades. Achei que tinha se esquecido da gente. - Ela me solta.
- Também morri de saudades. - Abro um sorriso falso e muito forçado.
- Vem, deixa que eu levo isso. - Mamãe pega minha mala. - Seu pai esta na sala, vai ficar muito contente em ver você. - Só por alguns dias, até ficar sabendo da verdade, penso.

 - Amor, venha ver quem esta aqui. - Quem vê assim, pensa que faz um ano que não os vejo.
Meu pai aparece na porta, fazendo as mesmas coisas que minha mãe, copiando até as falas. A única coisa que diferenciou, foi que ele me deu uma beijo molhado na bochecha.

Ele me puxa para a sala, sento no sofá a seu lado, ele coloca a televisão no mudo, e começa a contar um monte de coisas, as coisas eu não escuto, minha cabeça já esta cheia de mais para ter mais problemas, que nem meus são.
Não me sinto em casa, é como se eu nunca tivesse vindo aqui, como se eu fosse só uma hospede, nem parece que vivi minha vida toda aqui.

***

Após um almoço tedioso, onde meus pais não pararam de falar um minuto sequer, e eu tive que sorrir, concordar com coisas que eu nem sabia do que se tratava, finalmente consegui ir para o meu quarto, onde tomei um bom banho quente.
 Jogo meu corpo na cama, fico olhando por teto, estou cansada e muito triste, tento não rever tudo que aconteceu. Fechos os olhos, o sono começa a chegar, entrego-me a ele, entrando no mundo perfeito dos sonhos.

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