Cap. 12

11.9K 610 23
                                    

Tobias

Meus dias viraram algo destinado somente a trabalho e a Samantha. Nossa amizade esta mais forte a cada dia, ela me conta tudo, e eu procuro contar tudo a ela. Esse elo esta me fazendo muito bem. Sim, eu sei que tem pouco tempo, mas não consigo imaginar minha vida sem essa coisinha, gosto de sorrir ao lado dela.

Saio da trabalho e vou o mais rápido que posso para casa. Andando pelo corredor com presa, encontro a Marcelle, minha vizinha gostosa, sua pele morena, seu cabelo sempre caindo sobre os olhos. Ela sempre foi louca por mim, posso perceber pelo jeito que seus olhos brilham ao me ver. Já conte a ela que sou gay, mas ela sempre leva na brincadeira.
- Oi Tobias. Você está sumido.
- Oi. - Forço um sorriso, e continuo andando.
- Tobi, vou dar uma festa amanhã a noite. Você é convidado especial. - O jeito como ela me chama, irrita minha alma.
- Vish. Amanhã? Amanhã tenho outro compromisso.
- Queria muito que você fosse. - é incrível como quando estamos com pressa, aparece mil coisas para nos atrapalhar. - Não tem problema, mudo para domingo. Domingo você pode né?
- Posso sim.
- Sete horas.
- Até lá então. - Viro o mais rápido possível, assim não dando mais espaço para ela continuar com a falação.

Entro de baixo do chuveiro, a água está fervendo, quase arrancando o couro, lavo meu cabelo com shampoo de chocolate, ele não deixa meu cabelo muito macio, mas adoro o cheiro de chocolate.
Demoro um tempo até escolher que roupa vestir, fico em dúvida entre a camisa polo azul-claro, e uma blusa lilás gola V. Acabo escolhendo a camisa polo amarela, coloco uma calça jeans mais escura e um sapatenis. Sacudo meu cabelo, deixando ele secar sem penteando, caindo de forma perfeita sobre meu rosto.
Passo um lápis de olho preto, bem clarinho, de uma forma que mal de para perceber que estou usando, somente para destacar o verde dos meus olhos.
Quando chego a casa de Samantha, dona Márcia abre a porta toda entusiasmada.
- Boa noite Tobias.
- Boa noite Márcia. - Beijo seu rosto. - Samantha já está pronta? - Antes mesmo de Dona Márcia responder, pude ver a sombra de Samantha descendo as escada, ela usa uma saia preta, bem justa, com uma blusa de seda cheia de maçãs, essas blusas estão na moda.
- Sam, você está magnifica. - Abraço-a. - Se eu fosse homem, iria querer você como minha namorada, esposa e amante. - Digo em seu ouvido.
- Obrigada. E se eu não amasse minha professora. - Diz ela bem baixinho. - Faria você virar homem. - Coloco seu braço envolta do meu, eles se encaixam perfeitamente.
- Tchau Márcia. Antes de meia noite ela estará de volta. - Caminhamos até o carro. Abro a porta para ela, fingindo ser o seu príncipe encantado. Ela ri.
- Tem que ser até meia noite, por que depois disso, a carruagem se transforma em abóbora novamente.
- Como sabes da minha fada madrinha? - Faço um gesto com a mão, imitando o movimento que as fadas fazem com a varinha de condão.
- Cade seu vestido? - Pergunta Samantha quase morrendo de rir. Passo pela frente de carro, dançando como uma bailarina.
- Não preciso de vestido para brilhar, minha querida.
- E eu preciso? - Samantha faz uma cara de brava.
- Não disse isso.
Samantha liga o rádio, quando termina de passar os anúncios, a parte que acho mais ridícula, começa a tocar Sunshine & City Lights, minha música predileta, quando ouvi Samantha cantando, percebi que também era a dela. Comecei a cantar junto com ela, tornando em um dueto perfeito. Cada palavra que saída das nossas bocas, era como um amar de emoções. No final da musica, estávamos sem fôlego, rindo sem parar, os olhos de Samantha lagrimejaram. Senti-me muito bem, queria poder parar o tempo.
Demoro uns dez minutos para encontrar uma vaga, o que normalmente me stressa, mas com a companhia de Samantha tudo é diferente, ficamos conversando, nem tive tempo para pensar em estacionamento e tempo perdido.
Subimos até a praça de alimentação, deixo Samantha escolher onde iremos comer, ela quis pedir uma pizza de calabresa média, com coca-cola grande. Depois que terminamos, dividimos um milk-Shake grande, sabor chocolate.
- Estou muito cheia. - Fala Samantha, ao passar a mão sobre a barriga.
- Somos dois.
- Então vamos comprar meu vestido, antes que o Shopping feche?
- Vamos. - Digo passando o braço dela sobre o meu.
Entramos na primeira loja que vimos, percorremos-a inteira, Samantha pegou todos os vestidos que viu pela frente. E aqui estou eu, sentado ao lado do provador, enquanto ela prova todos eles. A cada minuto ela aparece uma com um novo visual, cada um mais ridículo que o outro.
"Não", "nunca", "nem em sonhos", "piorou" "ta melhor, mais podemos encontrar melhores", "tira isso da minha frente", "muito de velho", "não realçou seu corpo", "muito justo", "muito folgado". Isso se repetiu em quase todas as lojas.
Já estou cansado, acho que nunca encontraremos um vestido adequado.
- Esse vai ser o ultimo que você experimenta, se não ficar bom, não vamos.
- Isso não é justo. - Ela sai do provador com um vestido azul, que vai até o joelho, e atrás tem uma calda. Conseguindo realçar suas pernas, busto, seu corpo inteiro. Parece ter sido feito sobre medida para ela. Meu queixo cai um pouco. Parece que estou vendo uma princesa.
- Esse é magnífico. - Samantha olha para a etiqueta e faz uma cara triste.
- O preço diz o mesmo. Não posso leva-lo, não tenho dinheiro o suficiente.
- Eu pago o restante. - Ela não podia deixar esse vestido aqui, era perfeito para ela.
- Muito gentil da sua parte. Entretanto, você anda pagando muitas coisas para mim, e não acho certo. Não posso aceitar, por mais que sejamos amigos.
- Não faça doce.
- Não vou deixar você pagar. Ponto, acabou. - Não discuti, deixei que ela escolhesse um pelo qual pudesse pagar. Que foi um vermelho tomara que caia, bem curtinho, ele é muito simples, mas não ficou nada mal.
***
Quando estou andando pelo corredor, indo direto para casa, Marcelle aparece, dando-me um grande susto.
- Oi Tobias.
- Você me assustou. - Marcelle chega mais perto, tocando meu peito com as mãos.
- Você estava com uma garota?
- Você está bêbada?
- Não. Não bebi nada. - Ela faz uma pausa. - Você é tão gostoso. Por que não me queres? - Dava para ela ser mais patética?
- Quantas vezes vou ter que dizer a você que sou gay?
- Até me convencer. - Ela beija meu lábios com força. Mordo seu lábio inferior, paro quando sinto gosto de ferrugem, então percebo que acabei fazendo um corte.
- Sou gay. Agora me de licença. - Seus olhos lagrimejam, saio como se nada nunca tivesse acontecido.
Jogo-me na cama, sem nem tirar os sapatos, estou cansado de mais para fazer alguma coisa.

O mais novo interesseWhere stories live. Discover now