Cap. 17

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Tobias

Acordo com uma leve dor de cabeça, causada pela mistura de muitas bebidas que fiz na noite passada. Estou morrendo de fome, meus olhos ainda estão um pouco embaçados, vou cambaleando até a cozinha. Preparo um pão com ovos mexidos, e suco de laranja. Sento para comer com calma, então começo a me lembrar de tudo que aconteceu na noite passada.

Eu gritando com a Rebeca, que é uma vadia que esta usando minha florzinha para suprir seus desejos, Samantha bêbada dançando no bar, depois falando coisas sem sentido, Marcelle enchendo meu saco no corredor, eu e Samantha dançando, Marcelle batendo na porta, Samantha me encarando, nós nos beijando, Samantha gemendo e gritando meu nome e como chegamos ao ápice do prazer.

Não percebi que havia parado de mastigar, minha boca estava meio aberta. Samantha estava na entrada da cozinha me encarando, esta usando apenas calcinha e sutiã. Prendo a respiração, como se isso fosse me ajudar a entender as coisas. As perguntas, "como assim eu transei com a Samantha?", "foi apenas um sonho?", "como isso foi acontecer?", "como vai ser minha amizade com Sam daqui pra frente?", minha cabeça esta a mil. Volto a respirar. E só percebo o quanto estava sendo dramático, tinha razão de ser gay.

- Bom dia, Sam. Não preparei seu café da manha ainda, por que não sabia se você demoraria ou não para acordar. - Faço uma pausa. Ela concorda com a cabeça, entendo com um tudo bem. - O que você quer comer?

Ela abre a boca para responder e então a campainha toca. Mexo os lábios "cinco minutos", mas não sai voz alguma. Vou até a porta, abro-a sem olhar o olho magico. Dando de cara com Marcelle. Essa guria me persegue, só pode. Respiro fundo, controlando a raiva.

- Bom dia. Eu vim pedir uma xicara de açúcar. - Diz Marcelle, da um sorrisinho. - Tenho que fazer o chá. - Ouvir a voz dela só me deixava mais irritado. Antes que eu pudesse dizer algo, ela passou por debaixo do meu braço e entrou em minha casa, como se eu tivesse dado alguma liberdade para ela.

- Como você entra assim na casa das pessoas? - Ela vai direto para a cozinha, soltando um grito ao ver Samantha.

- Eu cheguei a acreditar em você. Quando ouvi os gemidos ontem a noite, pensei que ela talvez estivesse usando um vibrador ou algo assim. Mas pelo que estou vendo aqui, vocês...

- Cala a sua boca Marcelle. Cansei de ser legal com você. A vida é minha, a casa é minha. Não devo satisfações de nada para você. Cara, coloque uma coisa na sua cabeça, eu não quero nada com você. Não quero. Se eu quisesse algo, já teria te comido, seria algo descartável, mas não faria por mau, e sim por que você esta de quatro por mim. Esta pedindo para que as pessoas te usem. Tenho muita dó de você, que ainda ira sofrer muito.

Achei que ao dizer tudo que estava preso na minha garganta, eu me sentiria melhor, só que ao ver os olhos de Marcelle se encherem de lagrimas, meu coração ficou apertado, não por que eu gostava dela, não mesmo, mas por que eu a machuquei. Via a dor em seus olhos, suas lagrimas era como bombas em minha alma.

Queria poder ter sido mais meigo, mais humano, eu realmente me transformei em pedra. Isso tudo é culpa daquele imprestável do Felipe. Tentei abraçar a Marcelle, porém antes que eu conseguisse abraça-la, ela correu. Deixando apenas lagrimas no ar, o que machucou mais ainda.

Samantha faz uma cara de espanto, como se quisesse dizer "não precisava de tudo isso".

- Cara, eu perdi a cabeça. Ela já estava me irritando faz tempo. Não quis machuca-la assim. Estou me sentindo um monstro. - Achei que ela fosse falar alguma coisa para confirmar que sou mesmo um monstro, entretanto ela simplesmente me abraçou, uma lagrima escorreu. O toque de Samantha fez com que um arrepio percorresse meu corpo, e com esse arrepio veio o conforto.

- Tudo bem. - Sussurrou ela.

Ficamos abraçados por um tempo, quando ela me soltou, eu não queria a soltar, tive medo de voltar a sentir tudo o que estava sentindo antes do abraço, entretanto fiquei normal.

Preparei o café da manha dela, e a observei comer.

- Tobias, eu tive um sonho muito estranho...

- Como foi esse sonho, meu bem?

- Eu e você... Bem... Nós fazíamos sexo. - Congelei ao ouvir. A água cai sem parar. - Tobias, você esta bem?

- Sente-se. - Digo desligando a torneira, seco as mão em um pano de prato. - Precisamos conversar. - Ela faz uma cara de susto, ela fez essa cara antes de saber, imagina quando souber. Tento manter a calma, o que a bagunça de sentimentos, não permite. - Então, sobre o seu sonho... Nós... Fizemos sexo ontem a noite. - Samantha se enrubesce.

- Como assim? - Gagueja.

- Você estava alterada, eu estava alterada, simplesmente rolou. - Embaraço-me ao tentar explicar as coisas. - Eu juro que não me aproveitei de você.

- Eu sei que você nunca se aproveitaria de mim, nem de ninguém. Só não entendo como isso não parece real, parece apenas com um sonho.

- Deve ser por que você esta bêbado, o álcool deve ter causado isso, eu acho. Isso nunca aconteceu comigo. - Não imaginei que ela reagiria tão bem, mas fiquei grato.

- Então você é bi? - Indaga Samantha.

- Não, eu sou gay mesmo. Não me interesso por mulheres, não sei o que ocorreu ontem...

- Deve ser por que eu sou especial. - Ela brinca.

- Vamos fingir que isso nunca aconteceu, ok?

- ok.

Estava planejando levar Samantha para casa, os pais delas deveriam estar furiosos, mas ela fez outros planos, quis almoçar sopa caseira, algo muito estranho, normalmente as pessoas não gostam dessas coisas "saudáveis". Depois iriamos em uma locadora, e passaríamos a tarde toda assistindo filme. Sem esquecer da pipoca e dos doces, que ela disse que fazia questão.

O mais novo interesseWhere stories live. Discover now