Quando se deu conta, estava encostado na parede mais próxima, o coração o atordoado, a visão turva de nervosismo. Ele se obrigou a andar mais, virando alguns corredores e trombando com pessoas, até esbarrar em Karen. Se Luke estava mal, ela estava péssima.

- Luke? - sussurrando, Karen logo abraçou o rapaz. Devo mesmo estar com cara de doido, Luke pensou ao afagar a mulher em seu peito. Mesmo que devesse ser o contrário. Ele queria perguntar o que estava acontecendo, onde estava Michael, se algo lhe aconteceu, o que estava sentindo, mas a expressão de atordoada de Karen o obrigou a se calar. Ela já tinha problemas demais, não precisava dos seus.

Sem dizer nada, beijou o topo da cabeça da mulher e saiu andando, novamente. Luke não sabia explicar, mas algo o comandava, algo além do coração e da mente, já que ambos estavam fora do ar. Até que algo lhe atingiu.

Onde está Raquelle?

E como se estivesse esperando sua deixa, lá estava a loira estonteante, parada em frente à uma máquina de refrigerante, o olhar fixo nas opções, como se fosse a decisão mais difícil do mundo.

- Luke! - sorridente, ela tentou esconder a cara de... Tranquilidade? Luke não soube identificar, mas ao ver seus braços estendidos, soube que ela não estava tão preocupada como o resto da família Clifford. Só de pensar que ela seria parte da família Clifford, Luke se sentiu pior ainda. Dessa vez teria que falar, empurrou o nó na garganta e balbuciou com todas as suas forças.

- Por que me ligou? Como está Michael? Onde ele está? Por que não o encontro em nenhum lugar desse hospital? Por que não está preocupada? Por que na...

- Luke! - Raquelle apoiou as duas mãos no ombro dele e suspirou, ela parecia querer rir. - Acalme-se. - Luke fechou os olhos com força, nunca havia se sentido tão angustiado assim na vida.

Ao ver que Raquelle não iria lhe responder, andou por mais corredores. A mente não sossegava, ele precisava encontrar Michael.

Se isso é ter a impressão de perder alguém que ama, ele não deseja esse sentimento para ninguém no mundo. É como se estivesse prestes a entrar em uma sala para cortarem sua língua, você sabe que ela está ali e que é essencial e em segundos pode estar jogada no chão, inerte. E de repente, perder a fala. Só que perde um pedaço muito mais vital do seu corpo, seu coração, sua essência. A língua, sempre presente, as vezes passa despercebida por nós, mas quando comemos ou bebemos algo, lembramos de sua existência. Assim é com as pessoas que amamos. Precisamos que nos lembrem que elas estão ali, até não estarem mais. E Luke não queria que lembrassem mais ele de que ele ama Michael. A partir deste momento, ele lembraria a si mesmo que ama Michael.

Quando voltou a si, estava de frente para uma sala. As paredes brancas e monótonas do hospital atordoando sua visão já prejudicada, o som quase mínimo aumentava o zumbido irritante que soava em seus ouvidos e o vazio do local só intensificava a sensação de sufocamento que Luke sentia.

E aquela mesma força que lhe mandara seguir pelos corredores mandou ele adentrar a sala à sua frente.

E assim ele fez.

O que viu foi algo... Ele ficou sem palavras. Parecia que seus pulmões iam explodir, a boca pressionada com toda força que tinha para segurar o que estava por vir na garganta, as pernas falharam e as mãos tremeram, os olhos já lacrimejando e o zumbido se intensificando.

A imagem à sua frente lhe causou a mais forte das sensações.

Ele começou a rir.

Ele gargalhou com tanta vontade que os médicos e enfermeiros presentes no quarto se assustaram com sua presença. Ele caiu para trás, encostando na porta, a mão na barriga enquanto se curvava de tanto rir.

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