A cura para o amor

Capítulo 21 - Bem vinda a Paris!

Narrador

As duas já estavam sentadas confortavelmente nas poltronas do jatinho particular dos Os Caetano's, haviam entrado há pouco tempo. Vitória olhava tudo com curiosidade, afinal havia andado de avião poucas vezes e só havia entrado na classe econômica, nunca nem sonhara com a primeira classe quem diria com um jatinho particular.

- Uou, aquilo é uma mini geladeira? Sério eu poderia morar aqui dentro! - Vitória falou divertidamente, ouviu um riso nervoso como resposta e finalmente olhou para Ana que estava sentada ao seu lado. A morena estava de olhos fechados e respirava com dificuldade, quando ouviram o piloto avisar que iriam começar a voar Ana apertou com força os braços da poltrona, Vitória podia ver as pontas dos dedos da outra ficarem mais brancas. - Ninha? Você esta bem? - Levou a mão ao rosto da outra e percebeu que ela estava gelada. - Ninha abre os olhos, olhe para mim! - Vitória segurou o rosto da mais nova entre suas mãos e Ana foi abrindo os olhos lentamente, sua pupila estava dilata e as cores dos seus olhos não estavam mais castanhos e intensos, estavam quase cinza e sem vida. Vitória podia enxergar medo ali. - Respira, converse comigo, o que esta sentindo?

- Medo! - A voz da outra era fraca, ela fechou os olhos novamente ao perceber o avião se movendo pela pista para levantar voo. - Vi, me abraça! Por favor, me abraça forte! - Vitória não perdeu tempo e levantou o braço da poltrona que separava as duas, tomou Ana em seus braços e a abraçou com força como se sua vida dependesse daquilo. Rodou o corpo da mais nova ao mesmo tempo em que os braços fortes de Anna rodearam sua cintura, começou a fazer leves carinhos nas costas da outra. Ana respirava pesadamente com o rosto escondido entre o ombro e o pescoço da maior, o medo tomava conta de si. Quando as duas sentiram o avião começando a voar a mais velha apertou mais os braços em volta de Vitória e ela fez o mesmo tentando passar o máximo de confiança para Ana.

- Respira Ninha, esta tudo bem! - Sussurrou no ouvido da mais nova continuando com os carinhos nos cabelos e nas costas. - Olhe para mim! - Afastou-se um pouco fazendo a morena a olhar atentamente para ela, o medo naqueles olhos castanhos fez Vitória sentir vontade de chorar. - Não precisa ter medo, sim? Eu estou aqui! - Segurou o rosto da outra entre as mãos começou a distribuir beijos por todo ele, beijos nas duas pálpebras que estavam fechadas, nas bochechas cheias e vermelhinhas, nas têmporas e na testa da mais nova. Quando se afastou viu um pequeno sorriso nos lábios da outra, os olhos continuavam fechados, sorriu também fazendo um carinho gostoso com o polegar no rosto da outra que agora parecia mais calma.

- Desde a morte de André eu tenho pesadelos e medo com avião... Desculpa-me por isso! - Ana abaixou a cabeça envergonhada, suas mãos ainda tremiam e pela janela ela podia ver as nuvens levemente pintadas de laranja por causa do nascer do sol. - Normalmente Bárbara que me acompanha nessas viajem e ela já sabe desse pânico que eu tenho sempre que o avião levanta voo, desculpa se te assustei!

- Não precisa pedir desculpas, é normal e eu te entendo! - Com o dedo indicador levantou a cabeça de Ana pelo queixo fazendo a morena olha-la. - Posso te contar um segredo? - A morena concordou a cabeça levemente curiosa e tentando esquecer o fato da estar dentro de um avião. - Eu tenho medo de montanha-russa, da ultima vez que me obrigarão a ir a uma eu desmaiei e só acordei de novo quando o carrinho parou! - Vitória tentou, mas não conseguiu segurar a risada e gargalhou escondendo o rosto entre as mãos.

- Me desculpa não queria rir! - Falou com a sombra de um sorriso nos lábios.

- Não tudo bem, depois disso eu fiquei uma semana rindo! - Vitória falou divertida e as duas riram juntas, a os poucos o sorriso foi morrendo e as duas ficaram se encarando por um tempo, reparavam e guardavam cada detalhe na mente. Ana olhava como as luzes refletidas nas nuvens brancas entravam pela pequena janela redonda do avião deixavam a pele de Vitória chamativa e destacava seus traços fortes, no perfil extremamente bonito e em como ela podia se enxergar nas íris cor de marte extremamente escuras e as mais belas que ela já teve o prazer de olhar.