Capítulo 4 - O primeiro dia

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Ana Clara

- Mamãe eu não quero ir, eu quero ficar com você!

Aquilo me doeu como uma facada. Hoje era o primeiro dia de aula da Angel e ela não estava querendo ir, ela tomou banho e vestiu o uniforme toda alegre, tomou café falando o quanto estava feliz por ir pra escola pela primeira vez, porém na hora de ir pro carro ela travou e se agarrou em meu pescoço se recusando a entrar no carro.

- Vamos meu pequeno anjinho, vai ser legal, a escola é muito legal... Você vai fazer amiguinhos e vai aprender um monte de coisas legais e brincar bastante!

- Eu não quero mãe, por favor não me leva! - Sua voz era chorosa e ela começou a fungar chorando baixinho com o rosto escondido no meu pescoço. Eu estava com vontade de chorar junto e não levar ela, mas eu tinha que ser forte por ela e por mim. Respirei fundo e voltei pra dentro de casa, deixando minha bolsa e a mochila dela perto da porta, me sentei no sofá fazendo um carinho nas costas dela.

- Olha para a mamãe meu anjo! - Ela levantou o rosto me olhando, seu rosto estava vermelho e molhado de lagrimas, droga, eu não gostava de ver meu bebe chorando. Limpei seu rosto e sorri fracamente para passar confiança pra ela. - Você não precisa ter medo tá bom? Lembra quando a gente foi conhecer a escola e a sua nova professora, senhorita Isabel é muito legal não é? - Ela confirmou com a cabeça me olhando atentamente. - Então, não tem porque ter medo, e outra, a Duda vai estar lá com você, vocês duas estão na mesma sala lembra? Você não vai estar sozinha meu amor... - Acariciei seus cabelos, ela havia parado de chorar e isso era bom.

- Mas eu não quero ficar longe de você mamãe... - Ela abaixou a cabeça brincando com a manga da jaqueta do uniforme.

- E quem disse que você vai estar longe de mim? - Perguntei cutucando a barriguinha dela, ela soltou um risinho e levantou a cabeça de novo me olhando. - Onde esta o seu colar? - Aqui ó... - Ela tirou o colar dourado de dentro da camisa me mostrando. Aquele era um colar especial, André , seu pai, havia comprado para mim no nosso aniversario de um ano de namoro, era um lindo cordão de ouro com um pingente de coração, dentro do pingente havia uma foto de nós dois.

- Esta vendo essa foto? - Abri o pingente e mostrei para ela, ela já havia visto aquela foto tantas vezes. - Se você sentir medo, ou sentir que a mamãe esta longe de você abra o pingente e olhe para essa foto, lembre que eu nunca vou te abandonar, e que seu papai esta lá no céu cuidando de você, ele é seu anjinho da guarda... - Falei passando a mão embaixo dos olhos para limpar a lagrima que caiu antes que ela percebesse, lembrar-me de André sempre me doía.

- O Papai é meu anjinho e eu sou o seu né mamãe? - Ela perguntou segurando o pingente com força, concordei com a cabeça emocionada.

- Sim meu amor, você é meu anjinho! - A abracei com força a ouvindo rir. Estava tudo bem novamente.

☼☾☼

Assim que Angel chegou à escola ela se animou, encontrou-se com Eduarda que é filha de Flávia e Bárbara, minhas amigas e colegas de trabalho. Eduarda é uma linda garotinha branca de cabelos lisos, que era bem curto, um amor de criança. Também notei que ela vez amizade com outra garotinha que pelo o que eu ouvi se chamava Ana Beatriz, e era a mesma garotinha que ela brincou no parque dias atrás, ao ver aquela garotinha lembrei-me imediatamente da moça misteriosa de lindos olhos e da foto, da qual eu tinha guardado na gaveta ao lado da minha cama, eu realmente tinha amado aquela foto. Fiquei com Angel até eu ter que ir embora, afinal eu tinha que voltar a trabalhar, mas acompanhei-a em tudo: levei-a até a sala, conversei com a professora, uma mulher muito simpática e que me garantiu que se acontecesse algo ela me ligaria imediatamente, conheci suas novas amiguinhas e quando eu tive que ir embora a enchi de beijinhos, era difícil ver que minha bebe estava crescendo. Despedi-me de Bárbara e Flávia das quais eu iria encontrar logo no agencia e entrei no carro respirando fundo, eu só queria voltar pra dentro da escolinha pegar minha filha e sair correndo para casa como se nada tivesse acontecido, mas eu não podia, eu tinha que deixar minha pequena crescer. Olhei para o céu e senti uma lagrima caindo "Seria tão mais fácil se você estivesse aqui meu amor", pensei e logo limpei as poucas lagrimas que haviam caído, forte, eu tinha que ser forte, as vezes não era fácil ser mãe solteira.

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