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O movimento de minha mão fazia com que ora o rubi brilhasse, ora permanecesse apagado, devido a fraca luz que entrava pela pequena janela do depósito

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O movimento de minha mão fazia com que ora o rubi brilhasse, ora permanecesse apagado, devido a fraca luz que entrava pela pequena janela do depósito. Era normal que eu me pegasse encarando o anel, principalmente quando estava em dúvida quanto ao que fazer; era como se, inconscientemente, eu esperasse que a dona do objeto aparecesse e me ajudasse.

Apesar do meu presente ter sido o cordão com a discreta e pequena pedra, minha joia preferida ainda era o anel que pertenceu à minha mãe. Era um constante lembrete de seu sacrifício e seu enorme amor.

Encostei a cabeça na parede atrás de mim, parando de olhar a pedra, e fechei os olhos. Todos nós estávamos extremamente quietos, cada um enterrado em seu próprio luto. Francis significava, para cada um de nós, uma infinidade de coisas; mas, em geral, ele significava resistência e justiça. O homem havia ido contra seu irmão, mesmo sabendo que também poderia desfrutar da vida luxuosa que era pertencer à família real.

- Quem quer pegar o primeiro turno comigo? - perguntou Hawk, a voz, normalmente grossa, soando fraca e dolorida.

Berryan levantou o braço, rumando em direção ao amigo, e recebeu um tapinha de consolo do mesmo. Antes de passarem pela porta, que era próxima de onde eu estava, ele depositou um beijo rápido em minha testa.

Ouvi um soluço alto e olhei para onde Louise estava, preocupada, mas a ruiva já havia parado de chorar, finalmente, e agora estava em um sono profundo. Com o cenho franzido, procurei de onde vinha o barulho e me deparei com Fedore encolhida no colchonete fino e empoeirado próximo à parede.

Me levantei, com dificuldade, ainda estava muito cansada do treinamento de mais cedo e da corrida até o depósito, e me sentei ao seu lado. A mulher deu um pulo, com o susto que levou, e enxugou as lágrimas, tentando disfarçar o pranto.

- Ei, você não precisa esconder que está chorando, Fedore. - Passei minha mão em seus cabelos, no topo da cabeça, onde eles eram mais longos, e assisti o contraste que o vermelho do rubi fazia em seus fios castanhos. - Eu estou aqui por você, viu?

Seus olhos cor de mel foram inundados novamente, e ela abraçou minhas pernas, chorando em meu colo. Eu apenas permaneci fazendo cafuné e deixando que ela colocasse sua dor para fora.

Quando seu corpo, enfim, parou de tremer por causa dos soluços, ela desenlaçou seus braços, grudando as costas na parede para que pudesse ficar o mais distante de mim. Suspirei, cansada de seu jeito esquivo.

- O que está acontecendo? - perguntei, deitando ao seu lado. - Por que está sempre fugindo de mim?

Ela soltou a respiração que havia prendido e, evitando olhar para mim, falou:

- Não estou fugindo, eu... - Sua voz estava ainda mais profunda misturada com a rouquidão causada pelo choro.

- Para com essa merda - cortei. - Fala a verdade, Fedore.

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