Fedore, devolvendo a ajuda e cuidado, colocou sua mão na minha, esperando que eu diminuísse o aperto, mas não o fiz.

Eu não confiava nele. Ainda mais depois de saber que ele era irmão do perfide que roubou o trono de meu pai.

Senti suas mãos rodearem minhas bochechas e seus olhos analisarem cada traço de meu rosto.

- Você é tão diferente dele... - falou. Sua voz grossa não condizia com sua aparência quase frágil e, portanto, tive um pequeno sobressalto ao ouvi-la. - Mas tão bela quanto. Sua beleza não deixa dúvidas de que tem o sangue da família real em suas veias.

Não gostei do que ele havia dito. Na verdade, achei extremamente ofensivo, não para mim, claro, mas não disse nada. Permaneci calada e paralisada, em estado de alerta. Embora soubesse que, caso tudo isso fosse uma armadilha, eu estava em menor número e perderia.

Percebendo a rigidez em meu corpo e a posição de ataque, ele disse:

- Por que está tão tensa, menina? Estamos a salvo aqui, não precisa se preocupar.

Hawk deu uma risada e apertou o ombro do mais velho.

- Não adianta, Francis. Ela está o tempo todo desse jeito - brincou. Aproximou a boca do ouvido do homem e, em um sussurro que não tinha nada de sussurro, ele completou: - Ela até dorme com os olhos abertos, é assustador. A gente só consegue ver tudo branco.

Soquei o ombro dele com força, ele se encolheu e passou a esfregar o local com a mão contrária do machucado.

- Deixe-a em paz, Ivey - ralhou Nighy. - Vamos, menina, vamos. Preparei um quarto para que você possa dormir tranquila, deve estar cansada.

Ele começou a me empurrar para dentro da cabana, um sentimento terrível me tomou e eu senti que mal podia respirar; comecei a ofegar e levei a mão esquerda até meu pescoço. Louise se desesperou e quis se aproximar, mas Francis não deixou. Ele apenas colocou suas mãos em meus ombros e começou a sussurrar, mas eu não conseguia entender.

Eu fazia esforço para conseguir compreender suas palavras e, aos poucos, fui capaz. Já conseguia respirar melhor, apesar de ainda estar ofegante. O aperto no peito ainda era incômodo, mas não tanto quanto antes.

Nighy voltou a me levar para dentro, em direção à porta mais afastada da entrada. Eu estava tão aérea que mal prestei atenção nos detalhes do lugar. Tudo o que eu conseguia me lembrar era de deitar na cama e apagar.

 Tudo o que eu conseguia me lembrar era de deitar na cama e apagar

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Acordei no susto, dei um pulo na cama e me sentei de supetão. Não fazia ideia do que havia me acordado, mas meu coração estava acelerado a ponto de quase saltar por minha garganta.

O quarto estava iluminado pela luz do sol, o que me mostrou que havia dormido por muito tempo. Eu suava demais e o pesado vestido não ajudava, muito menos o enorme e grosso edredom que, antes, me cobria.

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