De volta à National City

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- Por que você não para de me olhar assim?

A garota dos olhos azuis apenas deu um sorriso e continuou com seu olhar fixo no rosto da mulher deitada ao seu lado.

- São 4:00 e você está me olhando desse jeito há uns 20 minutos, Kara - disse a morena com um sorriso.

- Desculpe, eu não consigo dormir.

- Você está bem?

- Eu estou incrível!!! Quer dizer... Eu me sinto bem, é... Eu to bem! E você?

A expressão de Lena mudou de repente ao baixar seu olhar ao corpo nu da loira deitada de bruços na cama.

- Meu Deus! Kara!! Eu machuquei você?

Rapidamente a morena se sentou, voltando sua atenção para as marcas que "enfeitavam" a pele de Kara, algumas mordidas e chupões, além do arranhão que ela mesma fizera em sua própria coxa.

- O quê? Ahh... Isso... Não me machucou, nem senti - A menina parecia sem jeito ao ver todas as marcas, mas não conseguia disfarçar o sorriso, que demonstrava toda a sua felicidade pelos momentos anteriores e todas as marcas só a lembrava de tudo - Isso vai sumir assim que eu recuperar os poderes.

- Me desculpe, não quis fazer isso.

- Eu quis! - Desviou o olhar para baixo, pensando sobre o que acabava de dizer, ela voltou a ficar corada, mas ser sincera ainda parecia o mais certo e bonito a se fazer sempre, por mais que todas as pessoas tivessem a mania de esconder o que sentiam, para Kara isso não fazia sentido.

Lena não conseguiu encontrar palavras para responder com tudo o que estava sentindo, então ela apenas sorriu e puxou a loira para os seus braços, para deitar em seu peito, onde ela rapidamente dormiu até que surgissem os primeiros raios de sol.

Kara acordou, ainda eufórica demais para conseguir dormir por várias horas, notando que seus poderes começavam a voltar, as marcas a sumir e seus sentidos se expandiam lentamente. Ela levantou, deixando Lena na cama e foi até a porta da varanda. Podia ouvir há quilômetros os sons da floresta, os animais, o rio, o vento soprando suavemente contra as folhas e sabia que não havia ninguém por perto. A garota deixou uma respiração tranquila com batimentos lentos e contínuos, um sabonete líquido com aroma de cereja e longos cabelos pretos espalhados pelo travesseiro e saiu voando acima das nuvens ainda completamente nua. Supergirl abriu os braços, sentindo o sol bater diretamente contra sua pele e fechou os olhos. Podia sentir o processo de cura ainda mais acelerado e aos poucos, ainda mais forte o aroma das plantas abaixo, o cheiro da terra, das árvores de fruta e o ar extremamente puro do lugar em sua natureza selvagem e livre. O mundo inteiro era seu! Não por que tinha o poder de sentí-lo a níveis extraordinários, em sua mais profunda essência, mas sim porque jamais em toda a sua vida, havia se sentido tão humana por dentro. Seu coração batia forte e rápido e ele batia por Lena Luthor. Ela sentia verdadeiramente o único sentimento que conectava todos os seres do Universo, os fundindo como se assim, pudessem ser uma única raça, um poder comum a todos, capaz de curar e destruir: o amor.

A jovem filha da casa de El, estava destinada a enfrentar algo muito maior do que apenas cuidar da segurança do pequeno Kal-El em um planeta desconhecido. Kara Zor-El, desde cedo, teve que lidar com o fracasso em sua única missão. Tendo sua nave desviada do curso para a Terra, ficou pedida no espaço por anos, enquanto seu primo, o bebê que ela devia proteger, se tornou um homem e o maior herói que o mundo já viu vivendo como um humano, ainda que carregasse o brasão da casa de El em seu peito, enquanto ela, com todas as lembranças de sua família e lar então destruídos, teve de se adaptar a um mundo que não era seu com a ideia de que jamais seria como o herói amado por todos, o Superman.

Nos Olhos de Lena Luthor - SupercorpWhere stories live. Discover now