Capítulo 29

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— Porra! — Exclamou Victor — Quanto mais segredos vocês têm para nos contar? E como é possível você ser um Lobo... Você não tem rabo...Orelha...Os olhos dourados...Como? Klaus, será que seu nariz está com defeito?

Klaus negou com a cabeça, com bastante veemência.

— Olha, eu sei muito bem como é o cheiro de um Lobo, sendo eu mesmo um.

— Mas, antes mesmo você tinha dito que ele não tinha nenhum odor. Então, o que mudou agora?

— Que tal discutirmos isso sentados? — Sugeriu Úrsula que detinha um lenço sobre o nariz machucado consequência da ação da misteriosa força de Malcom — Ficarmos aqui, no meio do corredor, não é o modo apropriado para termos esse tipo de conversa.

Victor rolou os olhos com aquela fala.

— E tem protocolo até para isso? Ou vocês só querem nos enrolar mais e mais?

— Victor, não é como estivéssemos ocultando fatos intencionalmente. — Interpôs Malcom com a expressão de tamanha tristeza que fez Vicky quase se arrependeu do modo bruto e desconfiado que estava tratando o ex-caçador. Afinal, o Malcom que conhecia era sempre risonho, meio malando e muito brincalhão. O grandalhão que agora detinha em sua frente o parecia um total estranho, seus olhos tinham apagado a centelha de vitalidade que Victor normalmente associava a Malcom, além do aspecto sombrio que parece ter impregnado em sua figura — Sobre a minha natureza...Já faz tanto tempo que adotei essa vida dupla que as vezes é difícil distinguir quando sou o Malcom que você conhece e o outro.

— Outro? Pelos deuses! O que você está dizendo? — Victor realmente não estava com paciência para aquele tipo de papo doido.

— Vamos para a sala. Agora. — Mandou Úrsula, sangue escorria de seu nariz — Antes, irei ao meu laboratório pegar alguma coisa para esse sangramento. Além disso, o senhor Gallego não devia ficar tanto tempo em pé! Aliás, ele devia estar deitado, de repouso.

— Certo, certo. — Resmungou Victor oferecendo o braço para ajudar Klaus, mas esse se recusou.

— Eu já estou ficando melhor. — Disse se apoiando na bengala e tentando mascarar o incomodo que sentia na perna.

— Besteira! — Para a surpresa do jovem Lobo, quem falou aquilo não foi só Victor, mas também a sua avó. Os dois Jägereds se entreolharam, como duas feras se avaliando, esperando quem tomaria a iniciativa, quem iria a dar o bote. Klaus e Malcom observavam, apreensivos a cena.

— Você não tinha uma poção para pegar? — Questionou Vicky, erguendo uma sobrancelha.

— Está me dando ordens, garoto?

— Não, velhota. Só acho que não é educado respigar sangue e catarro pela casa. Mas, pensando bem, você tem direito a fazer o que quiser. A casa é sua, afinal de contas.

— Modos! Seus padrinhos não ensinaram isso?

— Eles tentaram. — Vicky deu os ombros — E você não tem direito de reclamar quanto a criação que eles me deram. Você optou por permanecer escondida, não é mesmo? Logo, seus direitos de opinar sobre o meu modo de ser e de viver foram revogados.

Úrsula, naquele ponto, já tinha o rosto totalmente vermelho, pelo visto era a própria personificação de um vulcão prestes a entrar em erupção.

— Bem! — Falou Klaus, meio desesperado — Eu acho que sentar na sala, perto da lareira, seria uma boa ideia. Victor, você poderia me ajudar a chegar até lá?

Capuz Escarlate -Legado do loboWo Geschichten leben. Entdecke jetzt