Capítulo 12

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O interior do pub era escuro, uma lareira acesa em um dos cantos do grande salão era a principal fonte de luz e de aquecimento. Se podia ver também fagulhas de luz advindo dos cigarros e cachimbos que os clientes daquele estabelecimento comercial consumiam com tamanha voracidade, tal como também a bebida. Álcool e tabaco, esse era o cheiro do ambiente, que contrastava com o que Victor esperava de um pub, não que tivesse muita experiência nessa área, pois, afinal, só conhecia o pub do Caolho, e ali era um local bem iluminado, com cantoria, jogos de dardos e alegria.

— O que você está fazendo aqui? — O provável dono do estabelecimento os recebeu por trás da longa mesa aonde servia seus aficionados clientes, estes mesmos estavam sentados em bancos mirando de forma curiosa os recém-chegados. O dono era um homem baixo e apresentava um estranho bigode cuja pontas eram recurvadas formando uma espiral. Pelo menos, igual a Caolho (apesar de o ciclope tentar negar veemente o fato) aquele barman também era careca.

Victor já iria responder ao nanico, mas Glosswheather se adiantou.

— Não se preocupe, François, esses cavaleiros irão pagar a minha bebida, não vão?

Canalha, era isso que o caçador pensou, pelo visto o pai da terceira garota desaparecida estava se aproveitando do pedido amistoso de Klaus para conseguir alimentar o seu vício.

"Pois se ele pensa que vamos pagar...".

— Obviamente. — Respondeu o lobo com um sorriso cordial — Iremos pagar.

Victor o encarou estupefato.

— Ouviu? — Disse Glossweather com um meio sorriso malandro nos lábios.

— Pois bem, se é assim, podem sentar forasteiros. — Desta vez François falou animado e amistoso indicando um canto da longa mesa aonde tinha bancos vazios.

O caçador sentou mal-humorado, mas logo esse sentimento se dissipou, sendo substituído por uma excitação quase que infantil. Estava em um pub em que não haveria limitações em suas escolhas! Poderia beber de verdade! Nada de sucos ou leites... E sim álcool!

"Eu já sou adulto! Posso beber!" Pensou se encorajando.

— Vocês são até legais, mesmo sendo veados! — Comentou Glossweather sem nenhum ressentimento na fala. Victor estava prestes a atacar, não precisava de armas para esmagar o crânio daquele alcoólatra de encontro a madeira.

— Estamos fazendo uma troca, informação por sua bebida, espero que saibas apreciar essa oportunidade e não nos faça perder tempo. — Klaus foi bem direito e para enfatizar ainda mais suas palavras exibiu um sorriso a qual deixava em evidência seus caninos avantajados.

O homem alcoolizado pigarrou e desviou o olhar.

— O que vão querer? — François se aproximou, não perguntou nada para Glossweather, já colocara uma garrafa na frente do mesmo.

— O que você tem de mais forte? — Perguntou Victor, ansioso.

— Bem... — O dono do pub alisou o seu elegante bigode pensativo.

— Acho melhor uma xícara de chá... — Opinou Klaus.

— Ei! Eu escolho a minha própria bebida. E chá? Sério mesmo? Se eu ver mais uma xícara de chá na minha frente, tenho certeza que irei vomitar! — Exclamou o caçador frustrado.

— Esqueceu que estamos de serviço? Ficar bêbado não seria uma atitude nada profissional.

Não seria uma atitude nada profissional. — Falou fazendo uma péssima imitação da voz do lobo nem ligando para o olhar irritado que transparecia em Klaus —Eu posso aguentar muito bem o álcool!

Capuz Escarlate -Legado do loboWhere stories live. Discover now