Capítulo 16

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A estrada continuava seguindo uma direção tortuosa rumo ao desconhecido. Victor assumiu a dianteira, observando com atenção indícios de armadilhas e também rastros de lobos. Sua mente fervilhava de questão e também ansiava por descobrir o segredo daquela floresta. Sentia também uma ânsia de pegar suas armas e atacar o seu inimigo... Contudo, nada adiantava gastar munição em uma sombra somente.

— ... Das meninas?

A voz de Klaus o fez acordar de sua divagação, de súbito um rubor se alastrou por suas bochechas, contra a sua vontade, lógico. Odiava como o seu corpo estava reagindo a "evolução" da relação entre o caçador e o seu parceiro lobo. Será que agora iria corar toda vez que Gallego se aproximava? Que atitude infantil!

— O que disse? — perguntou com rispidez, não que fosse sua intensão, estava chateado consigo mesmo, por ser inepto nessa área de... Romance.

— Eu disse: não vimos qualquer indicio que das meninas por aqui, não é? — Klaus se repetiu, mas Victor podia ver que o lobo estava contendo o sorriso.

— Bem, posso não ter encontrado nenhuma pegada, mas isso não é um indicativo que elas não tenham passado por aqui. Além do mais, a pessoa que deixou as armadilhas... Ela deve vir constantemente verifica-las, porém não vi pistas que indicassem quem ou o que seria esse tal individuo o que me faz concluir que ele esconde, propositalmente, os seus rastros.

— Sério? Mas...

—Por que? Ora, ele parece estar caçando lobos... Eu também esconderia o meu rastro se tivesse que lutar contra não-humanos com grande capacidade olfativa e de observação.

— Nem todos são assim... — resmungou Gallego, talvez se sentindo um pouco inferiorizado em comparação com outros membros "selvagens" de sua raça. O caçador olhou de soslaio para o seu companheiro, sem dúvida Klaus era estranho, se analisa-lo como um lobo. Até o momento, usava um lenço para evitar aspirar os ares naturais, além de ainda usar luvas de látex... É como tivesse nojo ou receio daquela realidade.

— Seria pedir demais que você tente farejar a trilha das garotas? — ousou perguntar, esperou pela reação de Klaus.

— Eu não sou um cão farejador!

— Sei que não é, mas você pode ser um lobo farejador! — ressaltou Victor com um meio sorriso provocador.

— Não sou tão bom nisso... — resmungou o outro, parecia embaraçado em revelar esse fato — Eu não fui criado como os outros lobos...

— Hum? — o caçador tentou estimula-lo a continuar, afinal queria saber aquele "segredo" em relação ao misterioso Hacker Klaus Gallego, sua curiosidade estava o matando aos poucos... Não queria ser direito, mas, caramba! Queria saber mais sobre o passado daquele lobo inteligente e pervertido que tinha roubado seu primeiro beijo!

— Meus três pais são humanos.

— Como é? Três pais?! — parou de andar, quase tropeçando nos próprios pés com aquela revelação.

E humanos, não esqueça dessa parte crucial. Já ouviu falar da gague dos três porcos?

— Oh! S-sim... No passado, em Hamelin, bem... Ela não era conhecida por ser uma cidade muito pacifica, o índice de pobreza, prostituição e violência eram extremamente altos... Surgiu boatos de uma gangue: os três porcos. Eles se diferenciavam das outras gangues por se denominarem justiceiros e protegerem os pobres e oprimidos. Que eu sabia, o codinome porcos advém do fato deles serem donos de um ferro velho.

Capuz Escarlate -Legado do loboWhere stories live. Discover now