Capítulo 10

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Miriam Blossom. 15 anos. Ruiva. Olhos castanhos. Era uma hábil costureira, trabalhava junto com sua avó em um pequeno atelier. Sonhava em ir a cidade Real e participar na confecção dos vestidos usados pela realeza.

Justine Blackwater. 13 anos. Loira. Olhos azuis. Adorava animais, era frequente vê-la acolhendo algum animal desamparado. Sua casa já dispunha de incontáveis gatos e cachorros.

Lunne Glosswheather. 12 anos. Morena. Olhos verdes. Era conhecida por ser rápida com as mãos, em outras palavras, uma ladra. Sua família era muito pobre o que servia de justificativa por aqueles hábitos nada usuais para uma criança.

Três garotas com vidas totalmente diferentes. Não eram amigas. Não eram semelhantes nem em aparência tão pouco em gostos. O que tinham em comum? Terem nascido no mesmo povoado. Terem desaparecido na floresta. Estarem usando um capuz avermelhado antes de sumirem do mapa.

As fotos das três vítimas estavam dispostas sobre a escrivaninha talhada em madeira da senhora Midmist, secretária e mulher do atual prefeito de Alsfeld. As garotas estavam sorrindo, vivas e aparentavam ser felizes. Miriam fora a primeira a desaparecer, seguida por Justine e por último fora Lunne. São duas semanas de desaparecimento, esse era o tempo contado desde do sumiço de Miriam. A guarda Real começou atuar quando a última garota sumiu e não conseguiram nenhuma pista do paradeiro do trio.

Victor tentava não se deter muito nas fotos, nunca fora uma pessoa muito otimista, sempre pensava nas piores possibilidades diante de qualquer situação. O fato daquelas meninas não serem encontradas até agora, sumirem em uma floresta nas bordas do mundo conhecido, cheio de mistérios e suas estranhas tradições... Tudo isso parecia um alerta para algo muito maior que um simples sequestro.

"Elas estavam vestidas como aquela garota da estátua." Concluiu, subitamente. Não podia ser coincidência, todavia, antes mesmo que abrisse a boca para formular uma pergunta, alguém se adiantou.

— É um hábito comum garotas tão jovens adentrarem na floresta? Não querendo ser ofensivo... Lógico. Pois de onde venho, Hamelin, nossas florestas, além de poucas, são normalmente proibidas de serem exploradas pela população, ao menos que você seja um não-humano que necessite de contato com a natureza para sobreviver. — Falou Klaus, sendo bastante sutil ao adentrar no assunto.

Úrsula, que agora servia aos seus convidados chá em xícaras de porcelana com desenhos primaveris, falou sem interromper a sua ação.

— Somos um povo muito recluso, deve entender que temos as nossas tradições...

— Espero que essas "tradições" não envolvo sacrifícios humanos ou algo do tipo. — Deixou escapar Victor, pôde notar Klaus ficando tenso ao seu lado. O caçador se sentiu meio culpado, poderia causar uma repentina fúria na velha senhora e, apesar de não querer admitir, não queria que a mesma usasse a sua bengala de prata mortífera para puní-lo.

Ao contrário do que pensava, a secretária do prefeito deu uma risada.

— Lhe asseguro que nossas tradições são inofensivas. — Ela entregou a xícara a Victor — O que está acontecendo não está relacionado diretamente relacionada a nossos costumes.

— Como sabe? — Insistiu o caçador.

Úrsula deixou transparecer um sorriso.

— Você realmente não sabe... — Sussurrou, parecia ser mais para si mesmo do que ao rapaz que a observava ansioso — Me admira que seus padrinhos não tenham contando...

— Você conhece meus padr... Digo... Os senhores Grimm?

Se ela tinha ouvido a pergunta decidiu ignorá-la, entregando a xícara de chá agora para Klaus.

Capuz Escarlate -Legado do loboWhere stories live. Discover now