Floresta Proibida

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Lily se encostou na parede de fora do colégio e sentiu a brisa fria de Outubro em seu rosto, fechou os olhos e respirou fundo, gostando do silêncio naquela parte da propriedade.

Mas é claro que aquele silêncio não durou muito, e novamente, graças a James Potter.

—Vem Sirius. — Reclamou James, puxando as vestes do amigo para ele andar mais rápido, Lilian observou e... Eles estavam indo para a Floresta Proibida. Ela revirou os olhos, o nome não era auto-explicativo para aqueles dois idiotas?

A Grifinória olhou para o céu, estava escuro, em pouco tempo eles teriam de se recolher para o dormitório. A curiosidade pulsou em seu peito e ao se desencostar da parede, ela viu mais um vulto sair do castelo, um vulto silencioso, ao contrário dos dois panacas. Ela sorriu ao perceber o cabelo loiro meio castanho e apressou o passo, alcançando o garoto.

—Você sabe o que eles vão fazer?— Ela perguntou, ao constatar o óbvio: Remus estava os seguindo.

Ele deu um pulo de susto ao lado dela, o que arrancou risinhos da garota.

— N-não. Estou tentando impedir eles de receberem uma detenção.— Ele sorriu fraco e os dois entraram na pequena passagem entre as árvores.

Ali, o vento era mais gelado, e o ar mais denso, pesado e úmido. Lily sentiu seus pulmões pesarem imediatamente e respirou fundo, andando pela trilha de galhos amassados que os garotos haviam deixado.

As árvores espessas foram se afastando, dando espaço para uma trilha aberta, que em poucos minutos se abriu para uma clareira.

Ali havia uma pequena cesta de madeira, como as que a família de Lily usavam para os dias que iam para o Hyde Park tomar um sol.

James Potter estava sentado do lado cesta, usando um suéter cinza, com calça jeans e um sorriso idiota e irritante no rosto.

— Ah, Lily, você finalmente chegou.

Lily sentiu seu rosto esquentando.

—O que é isto?

—Eu queria ter um encontro com você, mas como eu sabia que você iria dizer não... Eu te trouxe pro encontro.

Ela franziu o cenho.

Oh.

É claro.

Eles fizeram de propósito, sabendo que ela ia os seguir, para poder os dedurar pra Minerva depois.

—E você vem comigo. — Diz Sirius, que apareceu do nada, aparentemente.

—E-eu?—Remus pergunta, mas logo entende. Deixar James e Lily sozinhos. Ele olha para a ruiva com uma cara expressando suas desculpas, antes de sair com Sirius.

A mão fria e pálida de Sirius desce até a de Remus, entrelaçando seus dedos, Remus cora e desvia o olhar, fingindo que nada aconteceu, enquanto Sirius o leva para a entrada da floresta.

—Você sabe que a Lily vai te matar, certo?

Sirius soltou uma risada adorável.

—Sim, eu sei. — Disse se sentando na grama e trazendo o mais velho pro seu lado.

Remus deitou a cabeça no ombro do amigo e sorriu fofo, ele poderia ouvir aquela risada por horas e horas.

Mas...o que isso significa? Nada, Remus pensou, a risada dele é apenas fofa.

—Rem... Eu preciso conversar com você.—Disse acariciando os dedos do amigo.

—Diga. —Remus disse ansioso para ter a resposta, sentindo o coração acelerar, olhando para o amigo com curiosidade.

Sirius olhou para as folhas no chão, sendo movimentadas pelo vento, seus ombros caíram, cansado e um suspiro escapou de seus lábios.

E ele começou a explicar.

Ele estava cansado de tudo.

Ele era a escória da família.

Um grifinório.

Ele não quer ser um comensal.

Vai contra todas as regras da família.

Walburga nunca foi uma das melhores mães, mas as coisas só tinham piorado ultimamente, antes, ela apenas o batia, mas, antes do início do ano letivo, ela usou a maldição Crucio nele, mais de uma vez.

—Eu estou cansado disso, Remus. Tão cansado.—Disse concluindo, deixando as lágrimas escorrerem por suas bochechas.

Remus já estava chorando também. Ele não fazia a mínima ideia que o melhor amigo tinha problemas tão graves, não desse jeito. Ele se sentiu um pouco inútil por não ter notado. Ele deveria ter o ajudado, ele deveria estar ali pra ele. Soluçou e abraçou Sirius apertado.

—Você não pode continuar nisso, Sirius.

O garoto acenou com a cabeça, mas não respondeu. O que ele poderia fazer?

Acariciou as costas do melhor amigo e fungou.

—Me desculpe por não ter percebido, mas você sabe que pode falar comigo, Six. — Disse fazendo cafuné no amigo.

Sirius assentiu e os dois se aconchegaram mais um no outro, deixando as lágrimas caírem.

-

Lily mordeu o sanduíche e suspirou, olhando para as folhas secas alaranjadas, procurando alguma formiga andando por ali.

—Qual é, Lily, não é como se fosse uma tortura sair comigo. —James murmurou, se aproximando da ruiva que aparentava estar querendo fugir dali.

—Não que seja uma tortura, mas eu já disse não, entende? Eu não quero, por que você simplesmente não consegue entender isso? Eu estou negando faz anos!

James se calou e mexeu na toalha de piquenique, se sentindo um pouco mal. Ele era apaixonado por Lily, ele não queria a deixar triste.

— Desculpa, lírio, eu não sabia...

— Não sabia? Por favor, Potter, eu estou pedindo pra você parar a anos! —Seus olhos se encheram de lágrimas.

—Mas...Eu quero te conquistar...

—Mas eu não quero! Eu já disse não milhares de vezes, um não é não, não consegue entender isso? Caramba! Você vive falando mal do Severus, mas você não é nada melhor do que ele.

James ficou em silêncio e Lily partiu, deixando a comida para trás.

Ele ouviu folhas quebrando e se levantou de imediato, imaginando ser Lily, mas logo Remus e Sirius apareceram.

—Ah, são vocês. —Ele disse suspirando e voltou a se sentar, apoiando a cabeça no punho fechado.

—As coisas não correram muito bem, pelo jeito.

James foi responder o Remus, mas parou no meio do caminho, quando ouviu o barulho de galhos sendo quebrados.

ConstelaçõesWhere stories live. Discover now