Regulus Black

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Peter encolheu os ombros, engolindo em seco. Os outros já haviam ido embora, e Regulus sabia que ele o intimidava. Ele tinha uma carta na manga que deixava Peter na palma de sua mão, Sirius era uma peça em um xadrez muito maior do que ele imaginava, e Regulus estava movimentos na frente.

—  Regulus, que surpresa! —  Peter disse em um tom um pouco amedrontado e cauteloso.

— Peter, que bom que você pode aparecer. —  Regulus forjou uma voz amigável, relaxando seus músculos. Às vezes Regulus quase não conseguia manter a fachada, sentindo a raiva borbulhar sob sua pele. E ele tinha raiva, tanta raiva. Porém ele tinha de lembrar seus movimentos no tabuleiro.

Bartô soltou Pettigrew e tirou um cigarro do bolso, Regulus queria revirar os olhos.

— Ah sim, ficou fácil com os outros separados… Eles estão focados na briga agora, então eu pude vir meus amigos!

A cada palavra de Peter, a temperatura do sangue de Regulus aumentava, e ele sentia que logo iria ferver.
Regulus Black odiava muitas coisas. Ele odiava quando Sirius agia sem pensar e atrapalhava seus planos e sua paz, odiava ir mal em alguma matéria, odiava a lembrança dos gritos de Sirius, odiava a vida que ele nunca teve, porém, o que mais o tirava do sério eram mentiras. Regulus Black era feito de mentiras, e ele não suportava ver seu reflexo em outra pessoa. E, de certa forma, ele e Peter eram iguais. Porque era isso que Peter Pettigrew era, um mentiroso. Um traidor.

— Ah, claro. —  Regulus sorriu, um sorriso que refletia Walburga e Órion Black. —  Como foi a reunião?

Regulus estava atuando, e Peter sabia disso. Porque se havia algo que um mentiroso sabia, era reconhecer outro.

— F-foi boa… Diferente dessa vez.

— Mesmo? —  Regulus deu um passo na direção de Peter. —  Eu sei que você não está acostumado, mas por ser nosso amigo, uma reuniãozinha a mais não ia doer.

Peter assentiu rapidamente com a cabeça, e Regulus só conseguia pensar no covarde que estava a sua frente.
— Eu gostei! E-eu prometo não contar nada! O Sirius não vai saber de nada disso!

Pelo menos isso era uma verdade.
Crouch riu e tragou seu cigarro, soltando a fumaça na direção de Peter.

— Que bom que gostou, Pete. Eu sei que você não vai contar, é pra isso que amigos servem.

Naquele baile de máscaras que Regulus e Peter sabiam muito bem dançar, Crouch não sabia os passos. Ele era seu melhor amigo, desde que eles eram crianças. Se alguém perguntasse, Bartô o conhecia como ninguém. E esse era o problema, ninguém conhecia Regulus. Eram tantas mentiras em cima de mentiras, que nem mesmo Regulus conhecia a si mesmo.
Bartô Crouch Jr. era um pouco como Sirius, Regulus pensava. Ele fazia de tudo para irritar seu pai, um famoso auror. Se juntar aos comensais foi a oportunidade perfeita para ele. Ele era um seguidor dedicado, indo em todas reuniões e, assim como Regulus, havia as negras linhas tatuadas em seu braço. Ele não via as linhas perigosas no chão. Ele dava passos perigosos em direção a sua queda, porque ele era apenas um peão, apenas mais uma vítima da ignorância que era essa guerra.
Apesar de tudo, o Black gostava de Crouch, ele era um bom amigo e o único que Regulus poderia chamar dessa forma.

— U-uhum! Eu adoraria vir em mais reuniões.

Bartô caía no conto de Peter. Muita gente caía. Quem suspeitaria uma coisa de um garoto amedrontado e manipulável?

— Eu acho que está na hora de tomar uma decisão, Peter. —  Regulus disse, sorrindo. Bartô sorriu junto.

— Eu concordo, nós adoraríamos ter uma adição no nosso grupo!

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