Perdão

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[ Aviso de linguagem forte ]

7 de Novembro de 1976

As luzes da enfermaria estavam fortes contra os olhos cansados de Remus. Ele havia se machucado muito. Quando ele estava sem seus amigos durante a transformação, o lobo se frustrava, sem companhia, como os muitos anos antes. E essa frustração era descontada em si mesmo, seus músculos doíam, os machucados já haviam sido curados com magia, mas a exaustão ainda estava forte.

Ele tombou a cabeça no travesseiro e molhou sua garganta seca tomando um gole de água. O banquinho ao lado da cama normalmente estaria ocupado, e os marotos estariam tentando o animar. Hoje, estava vazio.

Ele respirou fundo algumas vezes e se sentou na cama, a enfermaria estava em total silêncio. Como se estivesse em luto. Não parecia ter ninguém no cômodo.

Como se tivesse lido seus pensamentos, Madame Pomfrey abriu as cortinas verdes e seu sorriso acalmou algo no peito de Remus. Seu cabelo estava preso em sua nuca, e em suas mãos ela trazia uma bandeja com o café da manhã de Remus. Ela soltou uma risada baixa quando o estômago de Remus roncou alto, e ele sentiu suas bochechas esquentarem.

— Bom dia, querido, eu nem preciso perguntar se você está com fome. —Ela brincou e colocou a bandeja no colo de Remus com cuidado. — Como você se sente?

— Destruído. —Ele começou a atacar o prato de comida na sua frente. — Por favor me diga que hoje eu não tenho aula, eu não estou em condições.

— Hoje é domingo, Remus, não se preocupe. —Ela se sentou na cadeira ao lado da cama. — Você se machucou mais do que o normal hoje, como em seu primeiro ano, acredito que seu lobo tenha sentido que algo estava errado...

Remus notou os lábios da mulher se pressionando um contra o outro. Ele pesou as palavras que ela havia dito e pousou seu sanduíche no prato.
As memórias o atingiram em cheio. Bem, ele raramente lembrava muito do que acontecia durante as transformações, ele só lembrava dos sentimentos de fome, solidão, de cantar a sua tristeza para a lua toda noite. Mas dessa vez ele lembrava um pouco mais, das cinco batidas de coração, de um flash de verde, da solidão como ele não sentia a anos. O resto dos marotos não havia aparecido.

— O que aconteceu?

Madame Pomfrey suspirou pesadamente e segurou as mãos de Remus.

— Querido...

O interior de Remus se revirou. Ele odiava esse olhar de pena.

— O que aconteceu?!

Então ela explicou. Ela apertou os dedos gélidos de Remus e explicou. Na noite anterior, Sirius havia levado Severus Snape para dentro da Casa dos Gritos. Ele havia levado Severus diretamente para dentro da cabeça e coração quebrado de Remus. A Madame Pomfrey disse que não sabia exatamente como aconteceu, mas James havia conseguido salvar Severus de Remus. Ela disse que era um milagre James ter saído vivo. Remus sabia que não era um milagre. Agora Severus sabia de sua licantropia e de, pelo menos, sobre James ser um animago. Eles estavam fodidos. Não. Sirius, James e Peter estavam fodidos. Não havia mais "Remus" no "eles". Remus só estava na merda.

Segundo a mulher segurando suas mãos, no momento eles estavam na sala da Professora McGonagall. Provavelmente recebendo uma bronca. Remus não tinha noção de quanto ela realmente sabia do que havia acontecido, mas era o suficiente.

O sangue de Remus ferveu e ele sentiu vontade de socar algo. Mas ele não podia expressar sua raiva agora, ele não podia quebrar nada aqui e ele estava todo machucado. Então ele abaixou sua cabeça e chorou. E chorou.

Ele não queria ficar na enfermaria. Ele não queria ir pro dormitório, ele não queria falar com ninguém, ele não queria ter que falar com qualquer um dos marotos. Ele se vestiu devagar, tendo que fazer mais esforço do que o normal. Seu corpo inteiro doía. Ele conseguiu sair da enfermaria depois dele repetir umas 10 vezes que estava bem, e ainda assim Madame Pomfrey ainda desconfiava.

ConstelaçõesWhere stories live. Discover now