Pneumonia

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Uma semana.

Jimin não aparecia há exatamente uma semana.

Todas as minhas ligações caíam na caixa postal ou eram simplesmente ignoradas. As mensagens que eu mandava, todas lidas, mas nenhuma respondida. E a preocupação crescia dentro de mim fulgaz e desesperada. Eu sentia como se fosse enlouquecer.

Jimin não era assim.

Ele vinha correndo sempre que eu ligava preocupado ou carente de contato, e soava tenso sempre, porque achava que eu talvez estivesse ligando por precisar de ajuda, mesmo quando eu só queria dizer que o amava.

Mas agora eu quem estava apreensivo, perdido e desesperado.

Fazia um tempo desde que ele voltara para a faculdade e já não nos víamos com tanta frequência, mas agora era diferente. Eu não tinha absolutamente nenhuma notícia dele.

— Ele ainda não ligou? — Minha mãe perguntou, quebrando a minha linha de raciocínio. Pisquei algumas vezes, a fim de voltar a mim mesmo, e vi que ela colocava leite na minha tigela de cereal.

Ri nasalmente, em uma reação imediata, e enfiei a colher no prato, misturando tudo.

— Não — Respondi, sem ânimo e muito menos fome. Ela arqueou uma sobrancelha e me olhou como quem diz "eu avisei, você sabia tanto quanto eu que isso ia acontecer uma hora ou outra", mas estava tentando ser compreensiva, então não disse nada. E eu agradeci internamente por isso. — Acho que eu devia ir à casa dele.

— Sozinho?

— Qual o problema? — Perguntei quando ela se sentou de frente para mim na pequena mesa da cozinha. Ela me lançou de novo aquele olhar que eu tanto odiava, como se fosse óbvio. — Eu não sou mais criança. E eu não tenho mais aqueles ataques de pânico.

— Mas você nunca andou sozinho assim por aí, e nem eu nem seu pai podemos te levar.

— Mãe, ele é o meu namorado. Não um salgadinho que quero comprar no mercado. Eu preciso ir. E você sabe que eu vou mesmo que não deixe.

Ela arregalou levemente os olhos e por um momento pareceu surpresa e decepcionada pela minha impulsividade ou "desobediência", mas então relaxou os ombros e suspiro, e foi nesse momento que eu soube que ela cederia.

— Eu só me preocupo muito com você.

— Sei que sim. Mas vai ficar tudo bem — Garanti, sorrindo o máximo que eu podia. Minha relação com a minha mãe havia melhorado um pouco desde os últimos meses, o que, segundo Jin e o próprio Jimin, era um grande avanço.

Eles sempre diziam o quanto estavam orgulhosos pelo meu desempenho, embora eu devesse tudo a eles.

— Acha que ele está bem? — Murmurei, a pegando de surpresa.

Ela olhou para o teto, com uma expressão pensativa e talvez até um pouco hesitante, o que me assustou por um breve momento, mas então voltou as orbes escuras e brilhantes para mim mais uma vez e sorriu.

— Tenho certeza que sim — Garantiu, e me senti mais seguro com o tom doce e tranquilo de sua voz. — Só...tome cuidado. Não quero que ele te machuque.

Nem eu, quis dizer, mas forcei um sorriso e apertei com a mão a que ela havia esticado em minha direção.

E lá estava eu, na frente da casa de Jimin, respirando fundo, me preparando e enchendo os meus pulmões de ar, como se fossem balões.
Segurei firme nos braços da cadeira de rodas e avancei até a entrada, onde tudo parecia normal e em seu mais perfeito estado.

Lírios BrancosWhere stories live. Discover now