Capítulo 1 - A foto

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Ana Clara

— Acorda, acorda, acorda! — Isso foi à primeira coisa que ouvi naquela manha de sábado. Senti um beijinho estralado sendo depositado na minha bochecha e não pude evitar fazer uma careta ao sentir um corpinho pequeno se jogar nas minhas costas, droga, a cada dia que passa essa menina parece crescer mais.

— Princesa, deixa a mamãe dormir... — Resmunguei enfiando minha cara no travesseiro era sempre assim, ela acordava elétrica todos os sábados e invadia meu quarto para me acordar, e bem eu confesso que amo isso às vezes, mas não hoje, hoje eu só queria dormir o dia todo.

— Não, não e não. Vamos mamãe levanta... — A senti puxar meu braço para que eu me levantasse, logicamente ela não conseguiu. — Isso não é justo, a senhola prometeu que iria me levar no parque para passear com o Léo... — Abri apenas um olho para ver a carinha de brava que ela fazia, tão fofa, seus cabelos claros iguais ao do pai estavam bagunçados e com leves ondulações, seus grandes olhos castanhos idênticos aos meus estavam meio inchados de sono e ela tinha um biquinho nervoso nos lábios, assim como as bochechas grandes estavam vermelhinhas de raiva. Soltei um leve risinho e me virei de barriga para cima a olhando.

— Você não vai sossegar enquanto eu não me levantar não é mesmo? — Ela negou com a cabeça sorrindo sapeca. Sentei-me na cama e estiquei meus braços para o alto ouvindo meus ombros estralarem, cocei meus olhos para me acostumar com a leve luz que entrava através da cortina do quarto. — Bom dia meu pequeno anjinho! — Abri os braços para logo sentir seu corpinho pequeno se chocar contra o meu, a abracei apertado sentindo seus bracinhos gordinhos rodearem minha cintura e me apertarem, eu a amava tanto, tanto, tanto, esse abraço é o melhor do mundo.

— Bom dia mamâe, a senhola vai me levar no parquinho né? O Léo esta agitado, ele me disse que quer muito ir e comer algodão doce e sorvete. — Ela falou animada se sentando no meu colo. Léo era nosso pequeno animalzinho de estimação, era um cachorrinho vira-lata que eu havia adotado em uma ONG de animais aqui perto de casa, eu estava voltando do trabalho quando passei na frente do lugar e vi o pequeno cãozinho correndo de um lado para o outro, Angel já queria um cãozinho a muito tempo então foi o presente perfeito de 5 anos para minha pequena.

— Uhum, só o Léo que esta animado, né? — Perguntei fazendo cocegas em sua barriga, ela soltou uma gargalhada gostosa tentando se esquivar das minhas mãos.

— Pala eu vou acabar fazendo xixi! — Ela falou ainda gargalhando, parei imediatamente de fazer cocegas nela que me olhou rindo ofegante, da ultima fez que ela pediu para eu parar e eu não parei tivemos um pequeno acidente no tapete da sala.

— Vamos lá mocinha, você tem que tomar banho antes do café. — Me levantei pegando ela no colo, ela se segurou em mim como se fosse um bebe coala e começou a tagarelar um monte de coisas das quais eu não entendia nada. Angel nasceu de sete meses, nasceu tão pequena e cheia de problemas e complicações. Ela ficou alguns meses internada antes de finalmente puder vim para casa, ao contrario do que os médicos me falaram ela não virou uma criança frágil e cheia de problemas de saúde, ela é uma criança cheia de energia, apenas um pouco pequena para sua idade.

O pai de Angel, foi o grande amor de minha vida. Era um homem maravilhoso e um ótimo marido e filho, nos conhecemos na faculdade, eu estava no primeiro ano de administração e ele no segundo foi amor a primeira vista, bem filme clichê mesmo. Ele era um homem alegre e me amava muito assim como eu o amava, começamos a namorar quando eu tinha 19 anos e ele 20, nos casamos quando eu tinha 24 anos e eu logo engravidei, foi um dos momentos mais felizes de nossas vidas, pena que não durou muito. Eu estava no sexto mês de gestação quando recebi a noticia que ele havia morrido em um trágico acidente de avião que deixou muitos mortos e feridos, meu mundo acabou ali, eu não ligava mais para nada, eu me enxergava sem chão, entrei em uma grande depressão e esse foi um dos motivos de Angel ter nascido prematura.

A cura para o amorWhere stories live. Discover now