Quatro.

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Era muita coisa para Harry digerir em sua mente. Ele se sentia perdido. Em uma conversa de mais ou menos meia hora ele havia descoberto tantas mentiras sobre sua vida que não conseguia acreditar. Tudo o que ele lutava e jurava ser certo, era uma farsa.

Obviamente o jovem sentia que às vezes algumas coisas não lhe eram respondidas. Que as coisas que lhe diziam às vezes soavam muito estranhas. Mas ele sempre ignorava isso. Acreditava que não lhe contavam certas coisas por ele ainda ser muito novo. Por ele não estar preparado para saber da verdade.

Mas não. Tudo o que haviam lhe contado eram mentiras atrás de mentiras! Era melhor que ele crescesse em um orfanato do que com os seus tios! Dumbledore sabia de tudo o que ele passava! Mas o homem preferiu lhe deixar sofrendo! Preferiu deixá-lo ser um garoto frágil que acreditaria em tudo o que o bruxo lhe diria!

Todos esses pensamentos lutavam dentro da mente de Harry. Ele podia ter aprendido a dominar sua magia desde muito jovem. Poderia já ser um bruxo muito mais poderoso do que era. Haviam lhe tirado anos de aprimoramento mágico, tudo para que ele fosse mais fraco ainda.

A raiva e o ódio começaram a se evidenciar dentro do garoto. Ele havia sido traído a vida inteira, tratado como uma peça de um jogo de xadrez. Uma peça que seria sacrificada na hora certa. Ele sentia que os últimos quatorze anos de sua vida foram única e exclusivamente dedicados a impedir que o jovem se tornasse mais forte do que ele deveria ser.

*

O elfo doméstico não demorou muito aparecer no quarto que Harry estava. Apenas para deixar a bandeja com o jantar sobre o criado mudo da cama. O jovem não sentia realmente fome naquele momento, então simplesmente agradeceu ao elfo por trazer.

Por mais que Harry não sentisse vontade de comer, ele sabia que seu corpo precisava ser alimentado. Ele pegou a bandeja e colocou-a sobre a cama, se sentando com as pernas cruzadas decidindo o que iria comer.

O quarto onde o jovem estava era realmente espaçoso. Ele estava sentado em uma grande cama de casal de madeira escura. Os travesseiros e cobertas eram de tons claros, que variava entre branco e champanhe. Haviam dois criados mudos idênticos nas laterais da cama, com o mesmo tom de madeira escura. Um poltrona grande e aconchegante em tom champanhe, em frente a uma grande janela. E uma mesa para estudo na parede entre a porta de entrada e a janela.

O armário era grande e embutido na parede, dando ao ambiente um espaço ainda maior. Na frente do mesmo havia um banco grande e estofado. E por fim escondido entre as paredes do armário havia a porta para um banheiro, o qual Harry ainda não havia explorado.

O jovem comia com certa calma, não estava fazendo total questão de saborear realmente a comida. Mesmo que ela lembrasse muito a comida servida no castelo, mas com um sabor muito melhor. Ele estava perdido em seus pensamentos de raiva e preocupação, e sobre o que fazer. Que não se deu conta quanto Nagini já estava em sua cama.

- Você cheira a ódio. - A cobra começou a falar. - Não é ódio contra o Tom, é?

Harry riu por conta das conclusões da serpente. Provavelmente Tom era a última pessoa que ele sentia ódio no momento. O garoto provavelmente sentia algo similar a gratidão.

- Não. Estou com ódio de todos que mentiram para mim. - Harry deixou a comida de lado para começar a acariciar a cobra. Por algum motivo desconhecido, aquilo o acalmava.

- Eu também sentiria no seu lugar. - Nagini lambeu o braço do jovem rapidamente, como um sinal de carinho antes de continuar. - Tom está muito preocupado, mas ele parece mais calmo com você aqui.

- Como assim?! - Não havia nenhuma possibilidade daquilo ser verdade, acreditava o jovem. Voldemort calmo com Harry embaixo de seu teto. Impossível.

A Ordem do CaosWhere stories live. Discover now