Os olhos intensos me analisam por breves segundos e um sorriso vencido reivindica seus lábios.

ㅡ Que divertido! - ri alto. ㅡ Você está mesmo decidido a se doar para o bem da pirralha. Entendo os motivos, afinal, ela é sua querida irmãzinha. Está fazendo isso pelos seus amigos também?

ㅡ Sim. - respondo sem pestanejar.

ㅡ E acha que todos eles são merecedores de tamanho ato de bondade?

Sua pergunta soa provocativa, talvez repleta de um veneno quase palpável. Franzo o cenho, sendo atingido por uma confusão momentânea.

ㅡ Tenho certeza que todos são.

Sua risada ecoa novamente.

ㅡ Até mesmo... - acena para alguém atrás de mim. ㅡ aquele alí?

Ainda confuso, viro-me vagarosamente e arregalo os olhos ao ver meu amigo com uma feição indescritível.

ㅡ Min Yoongi!? - cicio, tomado pela incredulidade. ㅡ O qu-

ㅡ Recentemente eu decidi que ajudar Jackson seria bem melhor que continuar ao seu lado, Taehyung. - ele começa. ㅡ Você sabe, há muito dinheiro envolvido e eu me deixei levar pelo desejo de possuir ao menos um pouco dessa fortuna que será entregue à Gamecube. Eu sinto muito...

ㅡ Traidor. - cerro os punhos. ㅡ Você é um filho da puta...

ㅡ Que diferença faz você me odiar? - ri provocativo. ㅡ A única coisa que me interessa agora é o dinheiro. Sempre gostei muito da sua amizade, Tae. Sempre fomos bem próximos, mas as coisas mudam e as pessoas também.

ㅡ Eu te odeio.

As lágrimas fazem um percurso por meu rosto. É como se eu houvesse sido atingido por um tiro. Nunca imaginei que seria traído de tal forma ou que Min Yoongi fazia parte da gangue que quer a minha cabeça numa bandeja. Sem pestanejar, cuspo no chão, demonstrando toda a minha repulsa pelo garoto à quem eu tinha como irmão.

ㅡ Poupe suas demonstrações de ódio, Taehyung. - comenta. ㅡ Daqui a pouco, você se tornará apenas lembranças e recomendo que se prepare para quando a morte vir buscá-lo.

Um nó se forma em minha garganta e antes que eu caminhe em direção ao rapaz, de punhos cerrados e pronto para quebrar sua cara, o chefe da gangue diz:

ㅡ Estou entediado vendo vocês dois nessa conversa cheia de rancor e decepções. Vamos entrar no galpão e acabar logo com isso.

ㅡ Chefe, antes de entrarmos, devo lhe informar que o carro dos outros homens ainda não chegou. - um dos capangas diz à Jackson. ㅡ Parece que tiveram problemas no caminho. Estamos em um número pequeno aqui, então temo por sua segurança. Não acha que devíamos marcar um outro momento para as negociações?

ㅡ Não, não vamos marcar outro horário. Já estou farto de esperar, então vamos pôr um fim nessa droga toda. Assim que o pirralho nos entregar a empresa e a própria vida, vamos para bem longe da Coréia do Sul.

ㅡ Mas senhor-

ㅡ Apenas me obedeça, seu merda. - o chefe encara o outro com firmeza. ㅡ Vamos entrar. - ordena novamente.

Adentramos o lugar, dantes vazio. Percorro a visão pelo ambiente pouco iluminado e travo ao ver Victória sentada em uma poltrona, com a cabeça tombada para frente e as mãos descansadas sobre os braços do estofado.

ㅡ Victória...

Minha voz está trêmula e lágrimas fazem um percurso doloroso por meu rosto. Ver minha irmã nessa situação é um pesadelo do qual eu jamais imaginei ter algum dia.

 50 Tons De Cinza - KTH  [ Livro 1 da Série Lush]  Where stories live. Discover now