Suspirando, Luke fechou o aplicativo. Era para isso que ele estava ali, certo?

Outra secretária o chamou a atenção, sinalizando para outro corredor. Suspirando novamente, ele a seguiu, dessa vez por um caminho menor que dava em uma porta preta.

Batendo suavemente duas vezes, a secretária abriu a porta e enfiou a cabeça no vão por uns segundos, retornando e sorrindo gentil para Luke.

- Entre.

Luke assentiu e entrou na sala imensa, uma vidraça cobrindo maior parte da parede. Uma mesa larga em mármore e várias estantes de vidro, cobertas em joias e pedras preciosas. Sentou na cadeira branca a frente da mesa e esperou. Algum tempo depois, passos foram ouvidos. E logo, uma figura apareceu a frente de Luke. Uma figura que tirou seu fôlego, secou sua garganta e parou seu coração.

Os olhos verdes elétricos. Os lábios rosados. O cabelo descolorido um pouco mais comprido. A camisa desabotoada. O rosto com traços marcantes. A testa franzida e por fim, as covinhas que pareciam melhorar com o tempo. Era... Ele.

- Michael.

O empresário mordeu o lábio, os olhos indecifráveis ao encarar o homem a sua frente. O cabelo para trás e a barba mais densa. O rosto marcante. As ruguinhas ao redor dos olhos já denunciavam a casa dos trinta, não mais o sorriso. Mas o azul permanecia o mesmo. O mesmo tom forte e ao mesmo tempo suave, levemente selvagem com um toque de vivacidade.

- Luke.

Minutos de quietude desconfortável se passaram, não sabiam o que falar, apenas se analisavam, contemplando os dez anos que se passaram. Michael finalmente sentou. E deu levemente um pigarro.

- Quem diria. - Luke se mexeu cautelosamente na cadeira branca, os olhos azuis não desviaram dos verdes desde o momento que se encontraram. Michael continuou, o cenho franzido, como se pensasse antes de dizer cada palavra. - Após tanto tempo, nos encontramos novamente.

- Sempre separados por uma mesa de escritório. - Surpreendentemente, Luke o completou. Michael assentiu lentamente, ainda fixo aos olhos azuis. Luke ergueu o queixo, ainda mantendo contato visual, e sentou mais para frente. - E ainda precisa de mim. Dez anos depois.

Michael repuxou o lábio para esquerda, mostrando uma covinha apenas. Luke desviou, pela primeira vez, dos olhos verdes para se focar nos lábios rosados.

- O destino nos ama.

- Ou nos odeia. - Foi a vez de Luke sorrir, hipnotizando Michael por segundos. Luke voltou a encarar os olhos verdes.

- Enfim. - Balançando a cabeça lentamente, Michael mudou de assunto. - Suponho que saiba do acidente. - Luke assentiu. Michael, satisfeito, pegou alguns papéis e estendeu para o loiro. - Não sendo invasivo, mas pedi a minha secretária que contratasse o melhor advogado financeiro de Sydney. E pelo que sei, Sr. Hemmings, é apenas contador.

Luke sorriu enquanto pegava os papéis da mesa e os analisava.

- Dez anos se passaram, Sr. Clifford. E embora não seja da sua conta, eu fiz faculdade de direito.

Michael o encarou, mas Luke apenas olhava para baixo, diretamente para os papéis.

- Não justifica o porque é o melhor. - Sorrindo para o chão, Luke ergueu o queixo, encarando-o novamente.

- Durante a faculdade de direito, em um trabalho, reparei um erro em um processo parlamentar. E então avisei o Parlamento, que me pediu que o consertasse, desde então, sou conhecido e recomendado pelas autoridades. - Michael assentiu lentamente. - E o senhor, à que deve sua empresa de sucesso? - Luke estava provocando. Michael sabia disso, mas não ia deixar-se cair na dele. - Há tanto não nos vemos, mentiria ao dizer que não estou curioso em saber o que aconteceu depois daquele dia no banco.

Michael pesou o olhar em Luke, que o sustentou. O clima ficou tenso, mas Michael apenas entortou o lábio.

- Te deixarei na curiosidade, Sr. Hemmings. - Os olhos verdes ferozes. Luke deu de ombros. Pigarreando, Michael continuou a falar com sua voz firme. - Voltando ao verdadeiro motivo desta reunião, suponho que já seja de seu conhecimento que houve um grande roubo em uma das minhas unidades. O grupo levou cerca de duzentas joias, incluindo relíquias da corporação.

- De quanto estamos falando? - Luke anotava coisas em um papel, os cabelos encaracolados e grandes caíam sobre os olhos, deixando Michael atordoado.

- Estamos falando de meio bilhão de dólares, Sr. Hemmings. - Luke ergueu o olhar dos papéis e firmou os olhos azuis nas orbes verdes, que como há dez anos, demonstravam desespero. - Mais de setenta por cento da loja foi roubada, estou com as mãos atadas.

- Preciso do nome e valor das joias e pedras preciosas, para ontem. Farei o levantamento de tudo que foi roubado e encontrarei cláusulas na lei para que, se não acharmos os ladrões, receba uma indenização do seguro. Falando nisso, preciso do nome da empresa que assegurava o local e o telefone de contato do gerente, marcarei uma reunião.

- Gostaria de estar presente. Na reunião, digo. - Luke encarou Michael, um olhar indecifrável. O colorido lubrificou os lábios com a língua e sorriu. - Não quero correr o risco de deixar você tomar decisões sem o meu consentimento, há muito mais que setenta mil dólares na mesa.

Luke não sorriu, mas não desviou o olhar. Michael, passando os dedos pelos cabelos, prendeu a atenção do loiro. por segundos.

- Apesar de tudo, - Luke limpou a garganta, contornando o clima pesado. - fico contente que...

- Sr. Clifford. - Uma secretária com um vestido branco colado apareceu à porta, cortando a fala de Luke e tendo a atenção de ambos na sala. - Sua noiva ligou, almoço às treze horas.

Luke desviou o olhar da secretária, encostando as costas na cadeira e afundando o olhar nas contas que antes pareciam vogais fáceis e no momento se tornaram indecifráveis aos aos olhos azuis do mais alto. Sentia o olhar de Michael em si, mas no momento, a única coisa que pensava era na dimensão da palavra noiva.

Michael está noivo? Tudo bem, dez anos se passaram e ele já passou dos trinta, tinha que continuar a vida. Mas com uma mulher? Luke se sentia traído, violado e apunhalado.

Michael limpou a garganta claramente desconfortável e apenas sinalizou com os dedos para que a secretária saísse imediatamente. Luke não o encarava, mas parecia entretido em brincar com os dedos da mão.

- Luke. - A voz de Michael nunca soou tão cautelosa. O loiro não levantou o olhar, tudo que fez foi levantar-se e juntar suas coisas, os olhos verdes acompanhando cada movimento sem ousar protestar.

- Manterei contato. Não se esqueça do número da asseguradora. - Quase na porta, Luke virou para Michael, os olhos azuis buscando os verdes. - Michael. - O empresário mordeu os lábios, o contato visual era intenso. - Qual o nome dela?

Surpreso pela pergunta, Michael franziu o cenho.

- Raquelle.

Luke nada fez, apenas deu meia volta e fechou a porta atrás de si.

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