- Escolhe um bom lugar! E que dê para ficarmos todos juntos. - Constança pediu a Teresa.
Afonso aproximou-se dela, despenteando-lhe o cabelo. Constança ergueu o olhar e revirou os olhos, cruzando os braços. Algo no cabelo dela encantava o rapaz. Ou assim parecia. Sempre que estava com ela não conseguia tirar as mãos do cabelo acastanhado e ondulado. Brincava com os fios fortes do cabelo de Constança até que ela se afastasse dele. Às vezes, ela permitia aquele toque, que nunca lhe passava despercebido, mesmo sendo tão leve. Outras vezes, como naquela, em que ele apenas queria enervá-la, movendo madeixas de cabelo de um lado para o outro, ela não evitava a expressão arreliada, que o divertia. Fazia-o também para esconder como ficava arrepiada e valia-se do facto de ele pensar que ela apenas corava naquele momento porque estava zangada.
- Mas eu não fico ao teu lado. - Afonso falou.
Constança arqueou as sobrancelhas e desviou o olhar ao notar que Rita corria para Ricardo. Voltou a encarar o homem ao seu lado e abanou a cabeça. Afonso riu.
- Detesto ficar ao teu lado no cinema, Constança.
- Já percebi. Não precisas de reforçar tanto essa tua ideia. - Ela disse, fingindo-se ofendida, vendo que Mário se divertia com a troca de provocações.
Afonso reparou que os noivos se aproximavam e continuou. - Vocês concordam comigo, certo?
A moça arregalou os olhos, colocando-se ao lado de Rita. - Espero que não estejas a angariar apoiantes para as tuas parvoíces. - A prima de Afonso falou, contendo o sorriso ao ver como Constança tentava retaliar.
- Nunca compras bebida, Mimi. E quando ficas com sede por conta da doçura das pipocas, roubas a quem se sentar ao teu lado. E, ultimamente, tenho sido sempre a vítima.
Ela cruzou os braços, fazendo um beicinho zombeteiro. - Não morres à sede se me deres um gole ou dois, parvo.
Afonso riu, apontando para Ricardo. - Chora em todos os filmes!
Mário soltou uma gargalhada, concordando com o amigo. Rita cerrou os lábios e Teresa virava o rosto algumas vezes, ouvindo a conversa.
- Aposto convosco que vai rir-se em todas as cenas de luta que o filme tiver. Nao consegues evitar, Constança.
A moça revirou os olhos. - Muito bem, Afonso. Mas deixa-me recordar-te que só ficas ao meu lado porque queres. E sim, rio em cenas de ação e paro de respirar quando o suspense é demasiado, mas quanto a chorar...
Mário interrompeu-a. - Mimi, choras em filmes animados. Não tentes contestar os argumentos dele.
Arreliada com o grupo de rapazes que se virara contra ela e enervada porque Rita tomava o lado deles, Constança empinou o queixo e mordeu o interior da bochecha. Respirou fundo e cravou as unhas nas costas da mão quando viu o sorriso zombador de Afonso.
- Calem-se!
Sentiu que alguém tocava no fundo das suas costas e virou-se, ainda ouvindo as gargalhadas do grupo. Sorriu ao ver Santiago, o neto de Lurdes, vizinha de Maria. O menino que não tinha mais de cinco anos sorriu-lhe e olhou ao redor, reconhecendo os amigos da moça.
- Também vieste ao cinema, Mimi?
Ela respondeu afirmativamente, inclinando um pouco o corpo para baixo, dando um sorriso simpático a Lurdes, que segurava o neto pela mão.
Adquirindo um ar mais saltitão, Santiago largou a mão da avó e tocou no braço de Constança.
- Que filme vais ver?
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Made in Portugal
General FictionÉ uma casa portuguesa, com certeza! É, com certeza, uma casa portuguesa! Quando famílias dos mais variados cantos de Portugal se juntam, tudo pode acontecer. Comer. Beber. Conversar. Gritar. Apreciar. Cantar. Dançar. Uma casa nunca esta demasiado c...
~~~Madeira~~~
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