18/05/2017
-Águeda é uma cidade pequena com alguns recantos históricos, que guarda ainda a herança que os romanos deixaram. – Constança explicou, terminando de descer uma grande escadaria, com os degraus altos pintados de diferentes cores. – É conhecida como cidade dos chapéus.
Fez uma pausa, deixando que os turistas concluíssem as fotografias. O casal mais idoso aproximou-se dela e sorriu-lhe. – Porquê chapéus?
Constança sorriu ao casal de brasileiros, que visitava Portugal pela primeira vez. – Para ser sincera, podia ser qualquer outra coisa. – Ela disse, achando reconfortante poder explicar-lhes com o idioma do seu coração. – Águeda é dona das fabricas das melhores bicicletas e motorizadas, como as Famel. A ideia dos chapéus surgiu, ouvi dizer, por uma viagem feita ao Brasil por um dos chefes.
O casal arregalou os olhos, espantados. – No Brasil? Onde?
Constança riu. – Não tenho a certeza, exatamente. Sei que ele encontrou uma rua como esta na sua viagem e achou que seria bom que a sua cidade abraçasse esta ideia. Então, foi a primeira cidade de todo o Portugal a ter uma rua coberta por chapéus, depois uma avenida e, no fim, toda a cidade.
O casal deu-se por satisfeito com a explicação e Constança entrou no primeiro estabelecimento que havia, perguntando pelas doçarias da região. O dono do café, um homem aparentemente bastante atarefado com os turistas que a grande festa que haveria naquele mês tinha atraído, respondeu-lhe com alguma pressa, disponibilizando-se para vender uma caixa para a moça provar. Constança agradeceu. Virou-se para deliciar os clientes com a sua compra e arregalou os olhos ao ver o jovem parado atrás de si.
-Manuel? O que fazes aqui?
Ele passou o indicador nas rugas que ela formara ao franzir o nariz e, depois, beijou o pequeno botão, como gostava de apelidar. Sorriu ao ver a confusão no rosto de Constança e beijou-lhe os lábios. – Vim surpreender-te. Aproveitei ter de entregar algumas peças para umas empresas da zona e perguntei ao Zé qual era o teu roteiro.
Constança abriu um sorriso, colocando os braços ao redor do pescoço dele. – Surpreendeste-me.
Ele encarou o rosto da mulher pequena e beijou-lhe a testa. – O teu grupo é cada vez maior...
Constança assentiu. – Pensei que tinhas vindo na semana passada.
-E vim. A empresa estava encerrada para férias e, portanto, tive de regressar.
Constança molhou os lábios, afastando-se do aperto. – Então, estiveste no Sul a semana que passou.
Manuel aproximou-se um pouco, vendo-a sair do estabelecimento com a expressão que ele temia. – Aproveitei para sair com os rapazes. Eu sei que compraste os bilhetes para o espetáculo no casino para irmos juntos, mas... fui sair com os rapazes.
Constança riu, não deixando que ele lhe agarrasse o braço. – Eu sei. Contou-me o Mário. Apenas estava à espera que tomasses a iniciativa de fazer o que era tua obrigação, não dele.
Manuel sorriu, vendo no rosto dela que não o deveria ter feito. – Vá lá, amor. Não vamos discutir por causa disto.
-Por causa de quê, Manuel? – Ela inquiriu, mordendo a bochecha. – Eu sei que gostas de passar tempo com eles, sair para se irem divertir, e eu gosto que queiras passar tempo com eles. Não quero que te afastes deles por minha causa. Também são meus amigos, caramba!
-Então, qual é o problema? – Ele perguntou, para desespero dela.
-O problema é nunca estares aqui! Fui ao espetáculo com a avó Maria porque não estavas na cidade, mas hey! afinal estavas! Apenas preferiste sair com os amigos e passar a semana a mandar-me mensagens sobre as saudades que sentias, quando estavas a uns míseros quilómetros!
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Made in Portugal
General FictionÉ uma casa portuguesa, com certeza! É, com certeza, uma casa portuguesa! Quando famílias dos mais variados cantos de Portugal se juntam, tudo pode acontecer. Comer. Beber. Conversar. Gritar. Apreciar. Cantar. Dançar. Uma casa nunca esta demasiado c...
